"A Apple sempre negou e continua a negar qualquer alegada irregularidade e responsabilidade", pode ler-se no acordo, fixado nos 95 milhões de dólares (cerca de 92,5 milhões de euros), que ainda tem de ser aprovado pelos tribunais.

A gigante tecnológica californiana, que construiu a sua imagem de marca com base no desempenho dos seus dispositivos e no respeito pela privacidade dos utilizadores, aceitou o acordo após cinco anos de batalha judicial.

De acordo com a ação coletiva interposta em 2019, a Siri pode ser ativada acidentalmente e gravar conversas privadas. Os queixosos acusaram a Apple de violar a privacidade do utilizador ao transmitir estas gravações a terceiros.

O acordo exige que a empresa confirme se de facto os apagou e explique aos utilizadores as suas escolhas em termos de armazenamento dos dados recolhidos pela Siri, caso optem por ajudar a Apple a melhorar o assistente de voz.

O valor da indemnização, que será distribuída por um número potencialmente elevado de consumidores elegíveis residentes nos Estados Unidos, não deverá pesar nas contas da Apple, que tem uma das maiores capitalizações do mundo.

A assistente Siri foi anunciada em 2011 com o iPhone 4S e tem ganho mais funcionalidades, numa evolução que se tornou mais clara com a integração da tecnologia de inteligência artificial generativa, a Apple Intelligence que a empresa anunciou no ano passado.

Este tipo de acordo não é novo. Em 2023, a Amazon concordou em pagar mais de 30 milhões de dólares (29,2 milhões de euros) à Agência de Proteção do Consumidor dos EUA (FTC, na sigla em inglês) para encerrar processos judiciais contra as suas campainhas Ring e o seu assistente de voz Alexa.

A FTC acusou a empresa de ter dado acesso a vídeos de clientes a centenas de funcionários e prestadores de serviços e de ter armazenado dados pessoais (sobre as vozes dos utilizadores, a sua localização geográfica) que, no entanto, prometeu eliminar.

Após anos de pouco desenvolvimento, as assistentes inteligentes  Siri e a Alexa estão a ganhar importância graças à inteligência artificial generativa (IA).

A nova tecnologia, popularizada pelo ChatGPT nos últimos dois anos, permite transformar gradualmente estas ferramentas ainda limitadas em assistentes de IA capazes de manter conversas com humanos e realizar tarefas mais complexas.