Este ano, as vendas de smartphones devem cair 3,5% para um total de 1,3 mil milhões de unidades, segundo as previsões da IDC. A consultora já estimou que em 2022 as vendas de equipamentos móveis crescessem 1,6%, a compensar a quebra nas vendas dos últimos três trimestres, mas a conjuntura internacional alterou as projeções. Já no primeiro trimestre deste ano a IDC deu conta de um declínio global de 8,9% na distribuição de smartphones, com a Samsung a manter a liderança enquanto a Apple foi a única fabricante a crescer. O mercado português está em contraciclo e cresceu 21% neste período, com a Samsung, Xiaomi e Apple a representarem 85% das vendas.
A consultora defende, no entanto, que os constrangimentos atuais, que se verificam tanto do lado da procura como da oferta não vieram para ficar e diz que, até 2026, será possível fixar a taxa de crescimento do mercado a cinco anos nos 1,6%. Já em 2023, a IDC acredita que o mercado irá crescer 5%.
O 5G dará um contributo de peso porque vai continuar a ganhar terreno. O ano deve terminar com o número de equipamentos suportados na tecnologia a crescer 25,5%, representando 53% das encomendas expedidas para as lojas. Em 2026, a IDC acredita mesmo que o 5G já representará 78% das vendas de equipamentos.
Mas entretanto, a Europa ocidental e central serão as regiões do globo a sofrer mais com o encolhimento das vendas. A IDC acredita que o número de telemóveis a chegar às lojas das duas regiões este ano vai cair 22%. Segue-se a China, onde serão comercializados menos 38 milhões de telemóveis, numa queda de 11,5% face ao ano passado de 11,5%.
"A indústria dos smartphones enfrenta desafios em muitas frentes - enfraquecimento da procura, inflação, tensões geopolíticas contínuas, e contínuas restrições na cadeia de fornecimento. No entanto, o impacto dos confinamentos da China - que não têm um fim claro à vista - é muito maior", acredita Nabila Popal, diretor de research da IDC.
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Como explica o responsável, estes confinamentos têm o efeito duplo de afetar a procura e a oferta no maior mercado de consumo do mundo, que é também um dos maiores fabricantes de tecnologia para o sector.
No que se refere à escassez de componentes, a IDC acredita que a partir do segundo semestre a situação tende a melhorar. Sublinha que a disponibilidade de SoCs 4G tem sido escassa, mas a migração para o 5G e para chips com suporte para essa tecnologia tem ajudado a ultrapassar o problema. Nas restantes áreas onde escasseiam semicondutores, uma descida da procura, combinada com um aumento da produção e diversificação dos processos de produção, para responder a algumas das necessidades, começam a adequar oferta e procura.
Por fabricantes, as previsões do Worldwide Quarterly Mobile Phone Tracker da IDC referem que a Apple pode ser a menos afetada pelas ameaças em perspetiva. Por um lado, e no que se refere aos constrangimentos na China, a empresa tem feito um esforço para ter “um maior controlo sobre a sua cadeia de abastecimento”, que está já a dar frutos. Por outro, os clientes dos smartphones da empresa, todos de gama alta, são menos permeáveis às oscilações da economia.
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