
O número de países que já proibiu a utilização dos smartphones nas escolas continua a aumentar e o Movimento Menos Ecrãs, Mais Vida, promovido por pais e educadores, defende que Portugal não deve ficar para último e deve apostar em medidas mais restritivas nesta área. Depois de terem avançado com petições públicas, dinamização do movimento, sensibilização e reuniões com o Ministério da Educação, querem agora uma reunião com a Direção Geral de Saúde (DGS) para que esta entidade possa intervir nesta matéria.
Um relatório divulgado pela OCDE indica que maioria das crianças tem um telemóvel aos 10 anos. Dados de 2022 que estimam em 96%, em média, os jovens de 15 anos dos países da OCDE (38% em todo o mundo) que tinham um computador ou um tablet e em 98% os que tinham um smartphone com ligação à internet.
Mónica Pereira, uma das dinamizadoras e fundadora da iniciativa, explica ao SAPO TEK que a abordagem à DGS pode ser importante para defesa dos objetivos de promover um espaço sem ecrãs nas escolas. “Estamos perante um problema de saúde publica que afecta crianças e jovens. A DGS é uma autoridade de saúde à qual compete a emissão de Normas, Orientações e Recomendações sobre problemas de saúde pública”, sublinha.
“É urgente haver campanhas de sensibilização para pais e educadores sobre os riscos e malefícios associados aos uso excessivo de ecrãs. É fundamental que a DGS promova essas campanhas”, sublinha Mónica Pereira que defende que a classe política em Portugal está pouco sensível a este problema.
O objetivo é que o problema da excessiva utilização dos equipamentos eletrónicos seja abordado com várias ações, a começar pela sensibilização dos pais que deve, adiar a entrega do primeiro smartphone aos filhos até aos 14-15 anos, sendo recomendado um telemóvel sem internet e restrição de uso de redes sociais até aos 16 anos. O movimento defende ainda que o Ministério da Educação “tem de fazer a sua parte e criar regras de proibição de uso nas escolas”, o que dará um sinal à sociedade e famílias para adiar a oferta de um smartphones aos jovens e reduzirá a pressão social juntos dos que não usam estes equipamentos.
Do lado da DGS a intenção é que esta entidade se posicione perante os estudos que revelam os malefícios dos ecrãs nas crianças e jovens e promova campanhas de sensibilização.
“A generalidade das famílias precisa disto, não estão a par, infelizmente, dos estudos e precisam de literacia neste tema, na forma de campanhas de sensibilização”, adianta Mónica Pereira.
Expectativas para o próximo ano letivo
Este ano o Ministério da Educação avançou com recomendações para a proibição de smartphones até ao 6º ano, mas deixando a decisão aos agrupamentos escolares. “Considerámos esta medida, naturalmente, um avanço, mas ainda muito pequeno. Precisamos de regras e não recomendações […] É preciso uma proibição efectiva e mais ambiciosa, devendo já abranger pelo menos o 3º ciclo (até ao 9º ano)”, alerta Mónica Pereira.
A fundadora do movimento diz que as recomendações surtiram muito pouco efeito e a maioria das direcções escolares nada fizeram a este nível. Com a mudança de Governo poderá haver desenvolvimentos nesta área? “No próximo ano lectivo contamos que a proibição aconteça até ao 6º ano, independentemente de quem venha a governar”, destaca, lembrando que muitos países já estão a avançar com restrições em espaço escolar.
“O Movimento Menos Ecrãs, Mais Vida tudo fará para que esta medida avance, mas que vá mais longe, até ao 9º ano numa primeira fase e posteriormente alargada ao secundário”, o que já acontece nos países mais progressivos, sublinha Mónica Pereira.
“Em todas essas faixas etárias, o smartphone só perturba em espaço escolar. Seja na desconcentração nas actividades lectivas, seja no acesso a conteúdos altamente viciantes (jogos e redes sociais), na perturbação da brincadeira e socialização, na captação e divulgação de imagens sem consentimento, cyberbullying. Nada disto desaparece aos 16 e 17 anos... para bem deles, na escola devem ter um espaço de “descanso” e privacidade”, reconhece.
A recente série Adolescência, no Netflix, veio criar maior sensibilização para os perigos que estão atrás dos ecrãs. “Consideramos que a série foi muito positiva para trazer estas temáticas para discussão e fez com que muitos pais menos atentos se assustassem, o que é positivo. A maioria das pessoas, mesmo as mais informadas desvalorizam os riscos que existem online […]”, afirma Mónica Pereira.
A mãe e ativista destaca ainda que a principal preocupação que alimenta o movimento que criou é que “os nossos filhos vivam numa sociedade mais humanizada e que não vivam numa imersão digital que os desconecte da realidade e dos seres humanos com quem convivem”.
“Queremos que aproveitem os recursos tecnológicos que existem, mas queremo-los em segurança. A internet (não só as redes sociais, mas jogos, variados sites...) neste momento não é um território seguro para crianças e jovens e terá de haver uma grande evolução para que isso aconteça. Os grandes perigos para eles agora estão atrás de ecrãs e não na rua”, refere ainda.
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