A nova campanha de promoção dos smartwatches da Apple visa aumentar as vendas dos equipamentos, mas também diz aos pais que estes wearables, quando ligados à rede móvel, são a solução para saber onde estão os filhos, para contactar com eles e manter a paz de espírito. “É independência para eles e tranquilidade para si”, é uma das frases da campanha.
Poderá ser a reação da marca à tendência de proibição de uso de smartphones em sala de aula, para reduzir as distrações, melhorar o comportamento nas salas de aula e até evitar dependência e outros problemas de saúde mental das crianças, que se está a alastrar a vários países?
A empresa recomenda configurar “qualquer Apple Watch com rede móvel para os seus filhos, mesmo que não tenham o seu próprio iPhone”. Deste modo é “fácil de telefonar e enviar mensagens. Saiba onde eles estão. Excelentes formas de os manter ativos” diz a campanha.
Veja na galeria imagens dos smartwatches e das funcionalidades promovidas website da Apple:
Além disso, é possível carregar diversas funcionalidades no Apple Watch especialmente desenvolvidas para crianças. É o caso da ferramenta “Schooltime” que, quando ativada, restringe as notificações e as aplicações. Para se perceber que essa limitação está em uso, o equipamento da Apple apresenta um círculo amarelo no mostrador do relógio, o que permite aos pais e professores saber que o modo “não incomodar” está ligado. Os pais também podem definir esse horário nos seus iPhones para funcionar automaticamente nos relógios das crianças.
A Apple dá ainda relevância a app “Find My”, que pode mostrar aos pais a localização precisa dos filhos bem como notificações quando chegam a casa ou à escola.
Veja o vídeo
Há cerca de um ano, o governo dos Países Baixos anunciou uma lei que proíbe a utilização de smartphones nas escolas, mais concretamente nas salas de aulas, visando diminuir a interferência dos equipamentos na aprendizagem dos alunos.
Em janeiro deste ano foi a vez da região de Galiza, no norte de Espanha, proibir a utilização de smartphones pelos alunos em sala de aula, exceto quando necessários para fins pedagógicos. Entretanto, várias instituições de ensino no Reino Unido também proibiram os telemóveis e, em fevereiro, foi o próprio governo a avançar com novas orientações nesse sentido, para reduzir as distrações e melhorar o comportamento nas salas de aula.
Também nos EUA, são cada vez mais as escolas que tentam implementar regras que restrinjam ou proibiam a utilização de telemóveis nos seus recintos. A CNBC avança que o governador da Virgínia, Glenn Younkin, deu esta semana instruções ao estado para estabelecer regras para escolas sem smartphones, enquanto as escolas públicas de Nova Iorque e Los Angeles estão também a estudar formas de limitar a utilização de smartphones.
Em Portugal a autorização ou proibição dos telemóveis em sala de aula continua em discussão. Em 2023, a UNESCO apresentou os resultados de um relatório no qual realça que medidas para retirar os smartphones das salas de aulas podem ajudar a melhorar a aprendizagem dos estudantes.
Na sequência deste relatório, o Governo do PS não descartou a hipótese de haver uma mudança legislativa quanto ao espaço do recreio, mesmo após ter pedido um parecer ao Conselho das escolas que diz que proibir os telemóveis não é solução.
Em maio, o Movimento Menos Ecrãs, Mais Vida enviou um pedido de audiência ao ministro da Educação, Fernando Alexandre, na qual planeia apresentar propostas para a regulação do uso de smartphones nas escolas portuguesas. Na opinião de Tito de Morais, fundador do projeto MiudosSegurosNa.Net, o melhor é ouvir os jovens primeiro, antes de qualquer decisão, até para os responsabilizar e levar a cumprir a decisão.
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