Novembro é um mês importante para a Estação Espacial Internacional, ou ISS na sigla em inglês. No dia 20 de novembro de 1998, era lançado o primeiro módulo da instalação orbital, naquilo que marcava o início da construção feita no espaço e só finalizada anos depois.
Os primeiros “moradores” chegaram a 2 de novembro de 2000: William "Bill" Shepherd, dos Estados Unidos, e Sergei K. Krikalev e Yuri Gidzenko, da Rússia, com estadia marcada para os quatro meses seguintes. Desde então que os humanos estão no espaço, ou seja, há 23 anos.
Na chamada Expedição 1, a principal tarefa da tripulação foi instalar os sistemas de suporte de vida e de comunicação da estação, ajudando a ISS a manter a sua órbita 400 quilómetros acima da Terra, a uma velocidade de 28.000 quilómetros por hora. Foi apenas um primeiro passo para tudo o que já foi e continua a ser feito no laboratório orbital.
A partir da ISS são realizadas várias pesquisas, destinadas a ajudar a resolver diferentes problemas na Terra, desde alterações climáticas a investigações médicas.
Muitas têm implicações e benefícios mais práticos para a humanidade no geral. Por exemplo, sabe-se que os períodos prolongados em ambiente de microgravidade, podem levar à perda de força óssea e muscular.
A forma como isso acontece e como pode ser revertido está a ajudar a determinar tratamentos para pessoas que vivem com doenças crónicas como a osteoporose ou cujos músculos são afetados por condições que limitam a sua mobilidade.
Rotinas diárias na ISS e algumas curiosidades
Além do tempo que reservam às experiências que conduzem, os astronautas têm uma lista regular de tarefas de manutenção que têm de realizar todos os dias, como verificar se os sistemas de suporte à vida estão a funcionar corretamente, procedimentos de limpeza e atualizações de software.
Já outras atividades quotidianas, normais para as pessoas na Terra, podem ser mais complicadas para quem está na ISS, como a higiene pessoal. A microgravidade torna o uso da casa de banho um desafio. Existem restrições para as pernas para manter o astronauta sentado de forma segura e uma combinação de ventiladores e bombas de vácuo para descartar os resíduos com rapidez e segurança.
Já as gotas de água flutuantes são perigosas, porque podem entrar em equipamentos sensíveis e causar problemas. O mesmo se aplica a outras partículas pequenas, e isso tem implicações para a alimentação no espaço.
Temperar refeições com sal e pimenta está fora de questão, pelo menos em grão (ou pó), já que no espaço nada é direcionado de forma linear e descendente, havendo alto risco de pequenos grãos de pimenta e sal se alojarem em sítios onde não deveriam. Na ISS estes condimentos estão por isso disponíveis na forma líquida.
E por falar em comida, a tripulação da ISS faz três refeições por dia e alguns dos alimentos que comem não são diferentes daqueles que desfrutam em casa. Frutas e brownies, por exemplo, estão disponíveis nas suas formas naturais.
Há, no entanto, outros “acepipes” armazenadas em seco e depois misturados com água antes de serem cozinhados. Lembramos que a estação espacial tem forno, mas não tem frigorífico. Além das experiências que permitiram criar alfaces no espaço, alguns momentos de refeições mais especiais têm sido partilhados, como a confecção de pizzas e tortilhas.
Veja o vídeo de uma "pizza party" na Estação Espacial Internacional
Compreender como o corpo humano reage e lida com a microgravidade é outro dos focos de muitas outras experiências realizadas a bordo da ISS pelos astronautas, nomeadamente as relacionadas com a condição física.
Mais até do que na Terra, é essencial que quem vive no espaço tenha uma rotina de exercício diário, pelos desafios de saúde únicos colocados devido à falta de gravidade, isolamento e exposição à radiação. Acompanhar o desempenho do corpo, especialmente durante o exercício, é uma das formas de perceber como encontrar a melhor resposta.
Andreas Mogensen tem sido bastante ativo nessa área, conduzindo várias experiências, além de também ter tentado perceber a melhor forma de dormir no espaço, durante a sua missão.
Prestes a comemorar um quarto de século, a ISS é o terceiro objeto mais brilhante no céu noturno e é visível quando não há nuvens. Move-se muito mais rápido do que qualquer outro artefacto espacial: enquanto um avião normal voa a cerca de 965 km/h, a ISS desloca-se a 28.000 km/h. Ao contrário das aeronaves, não tem luzes a piscarem e viaja em linha perfeitamente reta.
Fica mais fácil de ver um pouco antes ou depois do nascer ou pôr do sol, porque ainda reflete os raios solares a partir da sua órbita elevada.
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