Em muitas áreas, a ficção está a dar lugar à realidade e aquilo que antes só víamos em filmes deixou de ser uma visão do futuro, para se afirmar como uma opção do presente. São várias as empresas que têm vindo a desenvolver soluções para agilizar o trabalho no sector da restauração, passando para as máquinas tarefas repetitivas e deixando para os humanos tarefas mais relacionadas com o controlo de qualidade, ou atendimento ao público. Há soluções nas mais diversas áreas, a maioria em protótipo, que tanto podem servir para fazer pizzas ou preparar cocktails, como fritar batatas ou fazer hamburgers.
A cadeia de fast food norte-americana White Castle é uma das empresas a tirar partido deste tipo de soluções, mas já em ambiente real. Fez uma parceria com a Miso Robotics para levar o robot chef de cozinha da empresa, para a estação dos fritos de alguns dos seus restaurantes, em 2020.
O projeto começou como uma resposta às limitações impostas pelas pandemia e à falta de pessoas para trabalhar nas funções - dados das associações americanas do sector indicam que 75% das empresas de fast food sofrem de falta de pessoal. Os resultados ditaram, não só a continuidade, como a expansão do projeto.
A empresa segue com a estratégia e anunciou que vai estender a experiência a 100 novas lojas ao longo do ano (cerca de um terço do total a nível nacional), agora com uma versão mais moderna e otimizada do robot especialista em fritar batatas, hambúrgueres e muito mais.
O Flippy recorre a inteligência artificial para identificar o tipo de comida com que vai interagir, recolhe o produto, coloca-o a fritar, retira e escorre. No final do processo, deposita-o no local de onde será retirado para ser servido. Os dados divulgados pela Miso indicam que a versão II do robot consegue operar de forma totalmente autónoma, sem qualquer intervenção humana e “despachar” 60 porções de comida por hora, ou 300 doses por dia.
Para explorar o potencial deste mercado, a Miso Robotics criou um modelo as-a-service, com preços a partir de 3.000 dólares mensais. Com o robot vem a estação dos fritos e serviços à medida das necessidades de cada loja, para manter o sistema a funcionar na dimensão e configuração que se pretende. A empresa fornece a mesma tecnologia para um piloto em curso noutra cadeia norte-americana, a Buffalo Wild Wings.
O Flippy 2 pode grelhar hambúrgueres, fritar pedaços de frango, filetes de peixe, camarão panado, salsichas panadas, batatas (em palitos, waffle, e outras variantes), queijo ou aros de cebola, exemplifica a Miso.
A Pizza Hut, em parceria com a Toyota, já mostrou como uma solução deste tipo pode também aplicar-se à preparação e embalagem de pizzas. Ainda em 2018, a empresa apresentou uma cozinha móvel, montada na caixa de uma carrinha Toyota, onde robots montavam pizzas, colocavam-nas no forno, fatiavam e dispunham o produto cozinhado na caixa adequada. Tudo de forma independente, sem qualquer auxílio humano. O conceito não era final e ainda não se transformou em solução comercial, como acontece com outros que prometem vir a ganhar o seu espaço no caminho que temos de percorrer para encontrar alternativas mais sustentáveis face ao que comemos hoje. Ainda assim, exemplos não faltam já de soluções comerciais prontas a pôr as mãos na massa ou a interagir com clientes de carne e osso, seja para entregar e recolher pedidos, servir refeições ou bebidas.
É o caso da Cecilia, um robot “barwoman” interativo que pode ser abastecido com 70 litros de diferentes tipos de bebida e consegue servir 120 cocktails por hora, entre centenas de misturas possíveis. Além de fazer bebidas, Cecilia está preparada para manter uma conversa e interagir com os clientes, graças à IA, explica a “progenitora”.
A invenção é de uma empresa israelita que também disponibiliza um modelo as a service para fornecer a tecnologia, a 2 mil dólares por mês, um preço que, como sublinha, é inferior ao de manter um empregado humano na mesma tarefa. A tecnologia funciona e os argumentos têm o seu valor. Será o suficiente para massificar este tipo de soluções?
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