"Não recebemos nenhuma declaração oficial do nosso parceiro sobre as notícias de hoje", disse Robyn Gatens, diretora da ISS na sede da NASA. "Vamos discutir mais os planos deles", referiu a representante numa conferência em Washington.
Os Estados Unidos querem prolongar a estação até 2030, mas o novo chefe da agência espacial russa Roscosmos anunciou hoje que a Rússia deixaria de participar no programa "depois de 2024".
"Vamos, sem dúvida, cumprir todas as obrigações para com os nossos parceiros" na ISS, “mas a decisão de deixar esta estação depois de 2024 foi tomada", disse o chefe da agência espacial russa, Yuri Borissov, após uma reunião, por videoconferência, com o Presidente russo, Vladimir Putin.
Na mesma conferência em Washington, e quando questionada se os Estados Unidos queriam ver os russos retirarem-se da ISS, Robyn Gatens respondeu: "Não, de todo. Têm sido bons parceiros, assim como todos os nossos parceiros, e queremos continuar juntos, como uma parceria, para operar a estação espacial ao longo da década".
A ISS é resultado de uma colaboração internacional e a NASA tem dito repetidamente que não pode funcionar sem as contribuições dos vários parceiros.
"Os russos, tal como nós, estão a pensar no que está por vir para eles", referiu Gatens, detalhando que tal como os Estados Unidos estão “a planear uma transição depois de 2030 para estações comerciais em órbita baixa". "Eles têm um projeto semelhante. Então também estão a pensar nesta transição", concluiu.
As tensões entre os Estados Unidos e a Rússia têm estado no seu auge desde o início da ofensiva de Moscovo contra a Ucrânia em fevereiro, mas até agora os dois países continuaram a colaborar no espaço. Astronautas americanos e cosmonautas russos estão permanentemente na ISS.
Moscovo tinha advertido, em meados de março, que as sanções ocidentais contra a Rússia devido à guerra contra a Ucrânia podiam afetar o funcionamento das naves russas que abastecem a ISS, e por isso o segmento russo da estação, responsável pela correção da órbita da estrutura.
"O segmento russo garante que a órbita da estação seja corrigida, em média, 11 vezes por ano, incluindo para evitar os detritos espaciais", explicou na altura o anterior chefe da Roscosmos, informando que a agência russa tinha enviado apelos aos parceiros norte-americanos (NASA), canadianos (ASC) e europeus (ESA) para "exigir o levantamento das sanções ilegais contra as empresas" russas.
Em 01 de março, a agência espacial norte-americana NASA indicou estar a trabalhar em soluções para manter a ISS em órbita sem a ajuda da Rússia.
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