Depois de alguns adiamentos, tudo apontava para o lançamento do protótipo Starship SN8 da SpaceX ontem, dia 8 de dezembro, no seu primeiro teste de elevada altitude. O objetivo era alcançar uma altitude de 15 quilómetros, mas infelizmente, no último segundo da contagem decrescente, o sistema detetou um problema nos motores Raptor da nave e abortou automaticamente o seu disparo.
A SpaceX refere que há mais duas oportunidades de lançamento, a partir das suas instalações em Boca Chica, no Texas: uma para hoje, dia 9 e outra amanhã, 10 de dezembro. No entanto, a empresa refere que o calendário é dinâmico e pode mudar, deixando em dúvida quando será a próxima tentativa do teste.
O objetivo do voo é compreender a performance dos três motores Raptor em conjunto com a aerodinâmica do corpo da nave, que já conta com flaps. A equipa pretende também testar como é que o veículo gere a transição para o propelente. Por fim, o SN8 vai tentar executar uma manobra de aterragem, o que seria a primeira vez para um veículo do seu tamanho.
E tratando-se de um primeiro teste, Elon Musk já havia afirmado que há muita coisa que pode correr mal, dando-lhe mesmo uma hipótese de 1 em 3 do SN8 regressar intacto à Terra. A SpaceX referiu no comunicado que, com um teste destas proporções, o sucesso não seria medido pela conclusão dos objetivos específicos, mas sim tudo aquilo que pode aprender com o mesmo, de forma a informar e melhorar a probabilidade de sucesso no futuro.
A empresa espacial salientou que no último ano realizou dois testes completos em baixa altitude com os modelos SN5 e depois o SN6, além de ter acumulado um total de 16.000 segundos nos 330 testes realizados ao disparo dos motores. Foram feitos testes de fogo estático, entre outras experiências bem-sucedidas. Apesar da SpaceX estar prestes a lançar o SN8, já foram construídos 10 protótipos, e o SN9 está quase pronto para ser também testado.
Recentemente, Elon Musk reafirmou a sua convicção de transportar humanos para Marte. Numa entrevista concedida ao programa alemão Axel Springer, o magnata acredita que daqui a dois anos vai conseguir enviar um veículo não tripulado ao planeta vermelho. O dono da SpaceX está confiante que em 2026 seja realizada a missão tripulada a bordo da Starship, ou com sorte, ainda em 2024.
Entre as ideias partilhadas, Elon Musk afirmou que a sua principal preocupação era garantir que a tecnologia estivesse refinada. Nos seus planos está a criação de uma base na Lua, e mais tarde, uma cidade autossustentável em Marte.
Apesar de não ter conseguido ainda realizar o teste à Starship, nem tudo são “más notícias” para a SpaceX. O Falcon 9 completou o seu centésimo lançamento bem-sucedido no último domingo, sendo o primeiro com o novo sistema de contentor da cápsula de carga Dragon.
Esta cápsula tem mais 20% de capacidade de carga, além da possibilidade de poder acoplar-se de forma autónoma à Estação Espacial Internacional (ISS na sigla inglesa). Nesta missão transportou 6.400 lbs (cerca de 2.900 quilos) de recursos e equipamento para a ISS. E conta ainda com o dobro de armários climatizados para controlar a temperatura dos materiais transportados para serem usados em experimentos. A Dragon vai chegar à ISS na próxima segunda-feira e vai fazer a acoplagem à doca de forma autónoma.
A nova cápsula de transporte de carga é uma modificação da versão tripulada, a qual foram retirados os seus motores Super Draco, um sistema de segurança para projetá-la para longe do Falcon 9, numa situação de emergência, para proteger os astronautas. Esta nova versão poderá ser reutilizada até cinco vezes, um aumento das três vezes que a anterior conseguia fazer.
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