É o início do fim para a Cluster, que desde o seu lançamento há 24 anos tem sido fundamental no estudo da magnetosfera terrestre, o escudo magnético que protege a Terra do vento solar e de partículas. No próximo dia 8 de setembro está previsto que o primeiro dos quatro satélites da histórica missão da ESA faça uma reentrada controlada, sobre o Pacífico Sul. No comando das operações está o português Bruno Sousa.
Lançada em 2000, a Cluster foi projetada inicialmente para durar apenas dois anos, mas devido ao sucesso e à importância dos dados recolhidos, os satélites foram mantidos em operação por mais de duas décadas. O projeto consistia em quatro satélites - Rumba, Salsa, Samba e Tango - que juntos formaram uma constelação para estudar o ambiente magnético da Terra e como ele interage com o vento solar.
A magnetosfera, um campo magnético gigante que envolve a Terra, desempenha um papel crucial na proteção da vida no planeta. Funcionando como um imenso escudo, defende a superfície terrestre da chuva constante de partículas carregadas enviadas pelo Sol, conhecidas como vento solar. Sem essa proteção, a Terra estaria exposta a níveis muito altos de radiação, o que poderia tornar o planeta inabitável.
Além de proteger contra a radiação solar direta, a magnetosfera também influencia eventos como as auroras boreais e austrais, causadas pelas interações do vento solar com a atmosfera terrestre. A missão Cluster forneceu informações valiosas sobre como essas interações afetam o clima espacial, ajudando a entender e prever fenómenos como tempestades solares, que podem impactar comunicações e satélites.
O satélite Salsa será o primeiro a realizar a reentrada na atmosfera terrestre, cuidadosamente direcionada para uma área desabitada do Oceano Pacífico Sul. Este procedimento marca um feito inédito: a primeira "reentrada direcionada" de um satélite desta magnitude, refletindo os esforços da ESA para promover uma abordagem sustentável na exploração espacial, nota a agência espacial europeia.
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Responsável pelas operações da missão Cluster, o português Bruno Sousa tem desempenhado um papel crucial na coordenação deste fim de missão. Com a sua equipa, ajustou com precisão a órbita do satélite Salsa para garantir a reentrada ocorra numa área remota e segura.
"Em janeiro, ajustamos a órbita de Salsa para assegurar que, a 8 de setembro, ele reentrará da altitude correta e de forma controlada", explicou Bruno Sousa. Esta ação é fundamental para evitar que fragmentos da espaçonave atinjam áreas povoadas e para reduzir o risco de contribuir para a crescente quantidade de detritos espaciais.
Após a reentrada do Salsa, os outros satélites - Rumba, Samba e Tango - serão colocados em modo "zelador"monitorizados por João Sousa e a sua equipa, para minimizar o risco de colisões com outros objetos espaciais e com a própria Terra,
Embora cessem as suas observações científicas, espera-se que as descobertas feitas a partir dos dados já recolhidos continuem a contribuir para o campo da pesquisa espacial nos próximos anos.
Um pouco mais para a frente também vão ter direito à “última dança” seguindo o mesmo tipo de processo de reentrada, nomeadamente o Rumba agendado para novembro de 2025 e os outros dois, Samba e Tango, planeados para novembro de 2024 e agosto de 2026, respetivamente.
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