A tendência do mercado em Portugal está em linha com o que se verifica a nível internacional na área dos computadores pessoais e no quarto trimestre as quebras ultrapassaram os 75% numa comparação homóloga com o mesmo período em 2021.

"O mercado manteve uma queda muito acentuada em Q4, sendo já o ano de 2022, o pior ano de sempre nas vendas de PCs em Portugal", explica Francisco Jerónimo, vice presidente, Data & Analytics - Devices Europe na IDC, ao SAPO TEK.

No terceiro trimestre o mercado de PCs já tinha recuado 42% depois de crescimentos sucessivos muito expressivos em 2020 e 2021, mas em todos os períodos de 2022 as vendas foram sempre a cair.

Nenhuma marca de fabricantes de computadores escapou a este afundamento do mercado, com a Lenovo a manter a liderança do Top 5 com 22% de quota de mercado, seguida pela HP com 18%, a Asus com quase 10%, Dell (7,2%) e Apple (4,9%). A tendência afetou também o mercado profissional e de consumo, com quebras de 82 e 51%, respetivamente.

Um gráfico da IDC mostra a tendência de evolução a nível global

IDC evolução de PCs 4º trimestre 2022

Entre o tipo de produtos, os notebooks sofreram uma queda de 80% no quarto trimestre de 2022, enquanto os desktops caíram apenas 8% e as workstations 7% em Q4.

Francisco Jerónimo lembra que esta queda já era esperada. "Com um forte crescimento em 2020 e 2021 fruto da necessidade de aquisição de novas máquinas tanto no segmento de consumo como empresarial para fazer face às políticas de trabalho remoto, esta queda não é completamente inesperada, uma vez que as empresas substituem as máquinas em média entre 4 a 5 anos, pelo que o mercado continuará em tendência negativa", adianta o vice presidente de devices para a Europa.

Mesmo assim, no mercado de empresas Francisco Jerónimo diz que o travão nas aquisições pode ser mais relacionado com o ciclo de compras que em 2022 não teve o ritmo habitual porque houve um reforço nos anos anteriores, relacionados com o trabalho remoto e híbrido e a necessidade de renovar computadores para suportar protocolos de segurança mais robustos.

"Não notamos que haja uma quebra brutal e que venha ai uma recessão, com empresas a fechar portas [...] as empresas estão a ser cautelosas", explica Francisco Jerónimo.

Com o Plano de Recuperação e Resiliência, e o investimento da "bazuca" poderá haver algum alento para esta área profissional, mas não é claro quando é que isso pode acontecer e em que volumes.

Em relação ao resto do ano não há também sinais positivos. "Apesar de ainda não termos publicado a última versão do forecast, posso adiantar que não esperamos uma recuperação das vendas antes do final deste ano", alerta Francisco Jerónimo.