Uma nova investigação, realizada pela Adalytics, revela que as práticas publicitárias do YouTube poderão ter levado à monitorização online de crianças.
Em 2019, o YouTube foi condenado a pagar uma multa avultada nos Estados Unidos por desrespeitar a Lei Federal de Proteção à Privacidade Online para Crianças (COPPA, na sigla em inglês).
Num acordo com a Federal Trade Commission (FTC), a empresa concordou em pagar 170 milhões de dólares, implementando uma série de mudanças para limitar a recolha de dados em vídeos para crianças e para deixar de apresentar anúncios personalizados neste tipo de conteúdo.
No entanto, como explica a Adalytics, a investigação permitiu identificar mais de 300 anúncios de marcas com produtos para adultos em vídeos para crianças, apresentados a utilizadores que não tinham iniciado sessão na plataforma e que continham ligações para os websites dos anunciantes. Foram também detectados anúncios com conteúdo violento em canais de YouTube concebidos para crianças.
Segundo os dados avançados, a plataforma terá colocado cookies de longa duração, concebidas para publicidade direcionada e para rastrear os browsers utilizados pelos consumidores que viam vídeos claramente identificados como conteúdo para crianças.
Além disso, a aplicação do YouTube para iOS criava um código de identificação único de cada vez que alguém que estava a ver um vídeo para crianças clicava num anúncio.
Nestes casos, a publicidade era aberta num navegador in-app onde a Google coloca vários códigos de identificação para fins de publicidade direcionada no iPhone do utilizador e onde a aplicação do YouTube permite que “data brokers” e outras entidades que recolhem dados para personalização de anúncios partilhem informação.
A Adalytics indica que os resultados da investigação sugerem que é possível que o YouTube esteja a violar o acordo realizado em 2019 com a Federal Trade Commission, além de vários códigos internacionais de proteção da privacidade digital das crianças e até as próprias políticas da Google.
Tendo em conta dados disponibilizados por anunciantes que compraram anúncios personalizados no YouTube, a empresa alega que o Google aparenta estar a apresentar publicidade direcionada em canais para crianças.
“Esta última possibilidade sugere que a Google pode estar envolvida no processo de monitorização de utilizadores através de anúncios em canais para crianças ou, alternativamente, que pode ter enganado anunciantes ao apresentar publicidade direcionada a utilizadores sobre os quais não tem dados demográficos e comportamentais”, defende.
Em declarações ao The New York Times, Michael Aciman, porta-voz da Google, afirma que os resultados apresentados pelo relatório são “profundamente incorretos e enganadores”.
Segundo o porta-voz, a empresa acredita que é útil apresentar certos anúncios para adultos em vídeos para utilizadores mais novos, uma vez que muitos pais costumam assistir a conteúdos na plataforma com os seus filhos. A Google afirma que a apresentação de anúncios violentos vai contra as suas políticas e que tomou medidas para que tal não aconteça.
A gigante tecnológica realça que não apresenta anúncios personalizados em vídeos para crianças no YouTube e que as suas práticas estão em conformidade com a COPPA. Nos casos em que este tipo de publicidade surge em vídeos para os mais novos, tal se baseia em conteúdo de páginas web, não em perfis de utilizadores.
Pergunta do Dia
Em destaque
-
Multimédia
The Game Awards: Astro Bot conquistou quatro prémios incluindo Jogo do Ano -
Site do dia
Estamos sozinhos no Universo? Pergunta foi a base do projeto SETI há 40 anos -
App do dia
Task Kitchen: a app que transforma listas de tarefas em agendas eficientes -
How to TEK
Mantenha as apps e jogos Android atualizados para evitar vulnerabilidades
Comentários