O escândalo relacionado com o software de espionagem Pegasus criado pela empresa de segurança israelita NSO Group continua a dar que falar. O sistema, criado para ajudar a seguir o rastro de terroristas e criminosos, tem sido utilizado para espiar jornalistas e ativistas, assim como chefes de Estado e de Governo. Recentemente, a NSO Group afirmou que o Pegasus terá sido utilizado, em pelo menos cinco países da União Europeia.
A Reuters avança agora que a Comissão Europeia encontrou provas de que os smartphones utilizados por alguns dos seus funcionários estavam comprometidos, alegadamente pelo software de espionagem. Numa carta enviada à agência noticiosa, Didier Reynders, Comissário da Justiça da Comissão Europeia, disse que foi a Apple a alertá-lo em 2021 que o seu próprio iPhone teria sido vítima de hacking através da ferramenta Pegasus.
Foi esse aviso da Apple que fez disparar a inspeção dos seus equipamentos profissionais e pessoais, assim como outros smartphones utilizados por funcionários da Comissão Europeia. Na carta, o executivo disse que a investigação não encontrou provas conclusivas de que os equipamentos estavam a ser espionados, mas descobriram indicadores de que haviam sido comprometidos. Ou seja, provas de que foram de facto invadidos por piratas informáticos.
Ainda assim, Didier Reynders prefere ser cauteloso e dizer que é impossível atribuir esses indicadores a um suspeito específico com total certeza, mas confirmou que a investigação ainda continua ativa.
A criadora do Pegasus tem vindo a mostrar total disponibilidade em cooperar com as autoridades europeias na investigação do caso. Um porta-voz da NSO Group disse à Reuters que a “sua assistência é ainda mais crucial, por não haver provas concretas de que a invasão tenha ocorrido”. A empresa clarifica que a utilização ilegal da ferramenta pelos seus clientes para espiar ativistas ou jornalistas é considerada como uso abusivo e indevido da mesma.
A Comissão Europeia anunciou na semana passada que a sua investigação descobriu que 14 Estados-membros da União Europeia terão comprado a tecnologia da NSO no passado. Na carta de Didier Reynders é referido que países como a Hungria, Polónia e Espanha estavam em processo de serem questionados pela sua utilização do Pegasus. Foi referido que era imperativo encontrar uma responsabilidade pelas invasões dos equipamentos dos funcionários da Comissão Europeia, sugerindo que seria escandaloso se a origem fosse de algum Estado-membro.
Pede-se ainda que as autoridades israelitas tomem medidas para prevenir o abuso de utilização dos seus produtos na União Europeia, referiu Didier Reynders na carta enviada à Reuters.
Na União Europeia, o maior escândalo relacionado com o Pegasus aconteceu na Espanha. Os smartphones do primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez e da ministra da Defesa, Margarita Robles foram alvo de escutas "ilícitas e externas" através do programa Pegasus, indicou um relatório oficial do Centro de Criptologia Nacional (CNC). O caso levou o Governo espanhol a afastar a chefe dos serviços secretos, Paz Esteban, além de proceder a uma reformulação nos seus serviços de informação.
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