As tecnologias digitais trazem consigo várias oportunidades, mas a Medicina tem feito uma adoção muito vagarosa destas ferramentas, de acordo com Tânia Vinagre, directora de plataformas científicas e tecnológicas da Fundação Champalimaud.

No âmbito do Portugal Digital Summit, a responsável disse que “temos que pensar em digitalizar seres humanos”, aludindo as incontáveis dispositivos que hoje nos permitem monitorizar em tempo real, por exemplo, a nossa actividade cardíaca, o nosso metabolismo, o nosso nível de glicémia e até o nosso sono.

Mas Tânia Vinagre acautelou para o facto de o aumento da digitalização da Saúde gerar volumes avassaladores de dados, que devem ser devidamente geridos e analisados, para que possa gerar conhecimento sobre o qual se possa agir.

Neste âmbito, Henrique Martins afirmou que os cidadãos são cada vez mais digitalizados e que vivem cada vez mais tempo.

O aumento da esperança média de vida vai colocar uma maior pressão sobre o Sistema Nacional de Saúde, e a digitalização pode ajudar a gerir este fenómeno. Contudo, isso vai gerar cada vez mais dados.

O presidente dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde explicou que o Governo tem vindo a investir na modernização tecnologia do SNS, com o lançamento de portais e ferramentas digitais, tanto para Web como para dispositivos móveis.

Exemplo disso é o portal do SNS, que foi lançado em fevereiro de 2016 e que centraliza a informação de que os utentes possam necessitar, bem como um conjunto de ferramentas que desmaterializam processos.

Outra materialização deste trabalho que tem vindo a ser desenvolvido é a aplicação móvel MySNS, que pretende portabilizar o site e os serviços que disponibiliza, como notícias sobre o SNS, informações sobre saúde e uma lista e localização de várias unidades de cuidados de saúde como hospitais e farmácias.

Apesar de Portugal ter sido um dos países europeus que mais rapidamente implementou o sistema de assinatura digital de médicos, existe ainda um caminho a percorrer para que o país possa ter um SNS verdadeiramente integrado na era do Digital. Henrique Martins indicou que o parque tecnológico do sistema está muito envelhecido, mas existe a ambição para alcançar uma maior modernização.