O TikTok continua a apostar numa "estratégia centrada em assegurar que a comunidade permanece segura online". Foi com esta garantia que Emer Cassidy, responsável pela área de Product Policy do TikTok para a região EMEA começou a sua intervenção durante um encontro com jornalistas, em Lisboa.

A conferência serviu para anunciar a nova possibilidade de controlo parental “Family Pairing” - ou "acompanhamento familiar", na tradução para português -, para pais e encarregados de educação poderem acompanhar melhor a utilização que os seus filhos menores fazem da rede social.

A função pretende ajudar a reduzir o acesso por parte dos adolescentes aos vídeos que os educadores considerem desadequados. Funciona com base na definição de palavras-chave para temas “proibidos”, mas os mais novos vão poder ver as escolhas dos seus pais e têm a última palavra na decisão de mantê-los ou não. O objetivo é “encontrar um equilíbrio” entre aquilo que as famílias consideram a melhor experiência e “garantir que são respeitados os direitos dos jovens de participarem no mundo online”.

As palavras-chave definidas vão acrescentar uma camada personalizada ao sistema de "content levels" já existente, que limita ferramentas e funcionalidades consoante a idade, dividindo os conteúdos disponíveis para contas de utilizadores com menos de 16 anos e contas de utilizadores abaixo dos 18 anos.

Uma das regras, introduzida em março, foi a redução do tempo de ecrã diário a 60 minutos para os adolescentes. De acordo com o TikTok, quase três quartos dos utilizadores com estas idades têm mantido o limite. Há outra normas, como a impossibilidade de entrar em direto ou de receber prendas virtuais.

Governo português sem intenções de banir TikTok?

Em Portugal “não há qualquer conhecimento de intenção do Governo em proibir o TikTok nos dispositivos oficiais, nem nunca houve nenhum contacto connosco sobre o assunto”, garantiu Adela Leka, responsável de comunicação do TikTok para Portugal, Itália  e Grécia, igualmente presente na conferência de imprensa. “Mas estamos sempre dispostos a conversar e a colaborar, existindo alguma dúvida”, acrescentou. "Com o governo português e com qualquer outro governo na Europa".

A plataforma tem enfrentado restrições em vários países, como Estados Unidos, Austrália, Reino Unido, Canadá, Nova Zelândia, França e Países Baixos e nas instituições da União Europeia.

No estado norte-americano de Montana o TikTok está mesmo com "ordem para ser banido", uma proibição que terá efeitos a partir de 2024. Já nos Países Baixos, o governo pediu à ByteDance a permissão para os investigadores terem acesso aos algoritmos da plataforma, de forma a proteger os utilizadores online.

De acordo com o seu mais recente relatório de transparência, relativo ao terceiro trimestre de 2022, o TikTok removeu perto de 17,9 milhões de contas em todo o mundo por suspeitas de pertencerem a menores de 13 anos, a idade mínima para usar a rede social.

Um relatório recente mostra que o TikTok está a ganhar terreno entre o público mais jovem, à medida que o Facebook perde influência.

Segundo o Reuters Digital News Report 2023 (Reuters DNR 2023), o TikTok é a rede social que mais cresce e é usada por 44% dos jovens na faixa etária entre os 18 e os 24 anos "para qualquer finalidade (20% para notícias)". O TikTok, que é propriedade da chinesa ByteDance, "é mais usado em partes da Ásia, América Latina e África".

Os utilizadores do TikTok, Instagram e Snapchat tendem a prestar "mais atenção" a celebridades e influencers do que a jornalistas ou empresas de media quando se trata de tópicos de notícias. Isto "marca um forte contraste" com as redes sociais como Facebook e Twitter, onde as empresas de notícias ainda atraem atenção e lideram conversas.