O ano de 2023 poderá ficar na história da indústria dos smartphones. Por um lado, por registar o pior ano da última década deste mercado, por outro, pela resiliência da Apple que tem navegado pela crise, ganhando mercado, podendo chegar ao primeiro lugar da quota global.

Na análise preliminar da Counterpoint Research, devido à incerteza económica regional, os utilizadores estão a reter os seus smartphones por mais tempo e a adiar a sua troca. Na sua previsão da distribuição dos smartphones para 2023, vai haver uma quebra de 6%, correspondente a 1,15 mil milhões de unidades, o que representa o valor mais baixo da última década. Os resultados de 2023 são o culminar de sucessivos trimestres de abrandamento do mercado, tendo mesmo registado no primeiro trimestre de 2023 a pior quebra da última década.

O mercado asiático é considerado um dos principais obstáculos para um crescimento positivo, muito graças ao abrandamento económico na China. Mas também na América do Norte continua a atrasar a recuperação global, destacando as quebras de dois dígitos no primeiro semestre. É destacado que os consumidores continuam hesitantes em fazer o upgrade dos seus equipamentos, contribuindo para recordes na taxa de substituição não apenas no mercado norte-americano, como globalmente.

Distribuição de smartphones na última década
Fonte: Counterpoint

Apple pode ganhar a liderança em 2023

Mesmo com a indústria dos smartphones em crise, a Apple tem demonstrado ser a fabricante mais resiliente. No relatório referente a junho da Counterpoint, apenas 5 pontos percentuais separavam a liderança do mercado da Samsung (22%) da empresa da maçã (17%). Embora ainda não se saibam os resultados do terceiro trimestre do ano, as atenções estão colocadas no quarto período.

O lançamento do iPhone 15 deverá converter muitos utilizadores do iPhone 12, prometendo campanhas de retoma agressivas, o que colocará a Apple num bom posicionamento. A empresa tem crescido no mercado chinês, ganhando quota sobretudo no segmento premium. Mas mesmo a nível global, os segmentos premium e ultra-premium têm crescido, favorecendo a Apple, com a maioria da sua oferta direcionada a este público.

Nesse sentido, considerando que a Apple se mantenha resiliente às quebras do mercado, a Counterpoint estima que possa chegar à liderança, em termos de distribuição de equipamentos, a nível anual, pela primeira vez. Isto, considerando que a Apple não se depare com os mesmos problemas do ano passado, nas quebras de produção das suas fábricas.