A corretora de criptomoedas FTX declarou falência em novembro, gerando uma dívida acumulada que ronda os 8 mil milhões de dólares. O seu ex-CEO e fundador Sam Bankman-Fried foi acusado de fraude em tribunal, depois de ter sido detido por suspeitas de fraude e lavagem de dinheiro, tendo-se declarado inocente.
Segundo avança a Reuters, a FTX terá recuperado mais de 5 mil milhões de dólares em bens líquidos, embora ainda não se saiba a extensão das perdas totais dos clientes. “Localizámos cerca de 5 mil milhões de dólares em dinheiro, criptomoedas líquidas e títulos de investimento líquidos”, disse o advogado da FTX, Andy Dietderich durante as audições em tribunal esta quarta-feira, dia 11 de janeiro.
O advogado da empresa referiu ainda que há planos para a venda de investimentos não estratégicos, avaliados em 4,6 mil milhões de dólares. A empresa ainda está a analisar os seus registos internos e a determinar a extensão dos prejuízos dos seus clientes. Os reguladores dos Estados Unidos estimam que os fundos perdidos ultrapassam os 8 mil milhões de dólares. De notar que o advogado refere que os valores recuperados não incluem os bens apreendidos pela Comissão de Segurança das Bahamas, onde a empresa era sediada e onde residia o seu fundador.
O Público avança que a nova administração da FTX já identificou 9 milhões de clientes que tinham investido na plataforma. Desses clientes, há pelo menos 60 baseados em Portugal que estão à procura de investidores de outros países, igualmente afetados pela falência da empresa, para formar um grupo com um mínimo de 150 pessoas para avançar com uma ação coletiva.
A situação da empresa, em prol dos seus clientes, tem vindo a melhorar, uma vez que a FTX conseguiu levantar fundos adicionais nos últimos meses, depois do juiz John Dorsey, que está a julgar o caso de bancarrota, ter autorizado o seu pedido de explorar as vendas dos seus afiliados, como a LedgerX, Embed, FTX Japão e a FTX Europa. Estas empresas são relativamente independentes do Grupo FTX, com contas de clientes próprias e equipas de gestão separadas. Foram feitas diversas ofertas às empresas e os leilões podem começar no próximo mês, embora a entidade governamental que vigia os casos de bancarrota, a U.S. Trustee, opôs-se à venda de qualquer afiliado antes de se completar a investigação da extensão da alegada fraude.
O juiz autorizou também que a FTX mantivesse temporariamente o nome dos 9 milhões de clientes identificados para preservar o valor do seu negócio. O secretismo deste negócio é referido como essencial para prevenir que a concorrência aborde e alicie os seus clientes, além de prevenir o roubo de identidade, assim como cumprir com as leis da privacidade. O juiz decidiu manter o segredo dos nomes por três meses, embora a FTX tivesse pedido seis. O juiz diz que tem dificuldade em distinguir quem é ou não cliente da empresa, tendo agendado para o dia 20 de janeiro uma audiência com a FTX para que seja explicado, e um regresso daqui a três meses para dar mais explicações.
Ainda nas ações de reduzir as despesas associadas à FTX, o advogado da empresa disse que o contrato de 19 anos de patrocínio da equipa da NBA, a Miami Heat, avaliada em 135 milhões foi terminada. E o mesmo para o videojogo League of Legends, que tinha um acordo de 7 anos avaliado em 89 milhões de dólares.
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