A Intel não tem tido grandes motivos para festejar nos últimos meses. A empresa continua à procura de um caminho mais certeiro para recuperar o fulgor de outros tempos num mercado de processadores que a evolução da inteligência artificial transformou rapidamente.

Esta terça-feira, no entanto, a companhia recebeu uma boa notícia. Ficou a saber que o processo movido por um conjunto de acionistas não avança. Os acionistas acusavam a empresa de gestão danosa e fraudulenta, nas decisões que levaram à eliminação de milhares de empregos e à consequente queda abrupta no valor de mercado da tecnológica e das ações detidas por esses acionistas.

Uma das decisões mais contestadas pelos queixosos foi a comnunicação da alteração na política de distribuição de dividendos da companhia que, anunciada no mesmo dia dos despedimentos, provocou uma descida vertiginosa no valor da Intel. Só num dia o valor de mercado da Intel recuou em 32 mil milhões de dólares. A queda de 26% no valor dos títulos foi precipitada pelo anúncio das medidas definidas pela administração para conseguir poupar 10 mil milhões de dólares em 2025.

Os acionistas defendiam que a Intel demorou demasiado tempo a assumir os maus resultados e com isso agravou-os. Um dos pontos concretos da acusação ia para o timing de comunicação de perdas de 7 mil milhões de dólares no ano fiscal de 2023, relacionadas com o fabrico de chips para terceiros, como explica a Reuters. Estes resultados só foram comunicados em abril do ano passado, depois da empresa fazer alterações à forma como comunica os resultados.

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O juiz que analisou o caso concluiu que na base da ação, sobre este tópico, está uma análise incorreta. Os queixosos acusavam a Intel de ter mascarado a origem destas perdas. O tribunal diz que não e indica que os prejuízos estão de facto associados a todo o negócio de fabrico de semicondutores, e não apenas à unidade responsável pelo fabrico para terceiros.

A ação pretendia responsabilizar a gestão da Intel por inflacionar o preço das ações entre janeiro e agosto do ano passado, altura em que a companhia revelou prejuízos trimestrais de 1,6 mil milhões de dólares e o despedimento de 15 mil colaboradores, com as consequências já descritas no preço das ações. O juiz não identificou ações deliberadas nesse sentido.

Também não encontrou indícios de fraude na ação da gestão, nem nas palavras do CEO entretanto afastado Patrick Gelsinger, quando este garantiu ao mercado que a procura dos serviços de fabrico de chips da Intel estava a aumentar. O responsável referia-se à procura entre os clientes habituais e não do mercado em geral, diz a decisão agora conhecida, que ainda é parcialmente passível de recurso.