Longe de ser uma exceção, Portugal sofreu mudanças drásticas no setor de tecnologia nos últimos anos. Com a adoção em massa do teletrabalho, as barreiras geográficas e culturais desapareceram, permitindo que os profissionais da área das tecnologias trabalhem remotamente não apenas para empresas portuguesas, mas também  além-fronteiras.

As empresas estrangeiras viram isso como uma oportunidade e movimentaram-se agressivamente para contratar profissionais que trabalhem remotamente a partir de Portugal. Se no ano passado a percentagem já era de 18,6%, em 2023 o valor passou para os 22,6%.

Os dados são do mais recente Global Tech Talent Trends Report para Portugal, da Landing Jobs, e indicam também, por outro lado, que apenas 10,6% da força de trabalho das empresas portuguesas vem de outros países.

Com informação variada que inclui dados demográficos, funções profissionais, tecnologias, gestão de carreira e salário e regalias, entre outros, o relatório destaca que o trabalho remoto continua alto (42%), mas é o formato híbrido que prevalece (52%), com a presença no escritório a ficar em último, com o que resta da diferença (6%).

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Entre os talentos tecnológicos inquiridos, 49% querem permanecer em Portugal, enquanto 24% afirmam desejar trabalhar para outro país, com a procura de um melhor salário ou maior qualidade de vida entre as principais razões para tal.

Falando de dinheiro, o valor médio anual bruto ganho por um profissional de tecnologia ronda os 46.334 euros. CTO, Technical Team Leader e Blockchain/Web3 Developer estão entre as funções mais bem pagas. No lado dos que ganham menos estão os cargos referentes a Quality Assurance/Testing, SysAdmin Engineer e Maintenance & Support.

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Uma chamada de atenção para a diferença salarial entre homens e mulheres, com as últimas a continuarem a ganhar menos, mais precisamente 35% abaixo dos seus colegas do sexo masculino.

Além do salário, as vantagens que mais interessam são os benefícios de saúde, bónus anuais e formação paga.

O relatório destaca ainda vertentes como a distribuição de profissionais de tecnologia por tipo de empresa, que teve mudanças marginais em relação ao ano passado. As startups foram as que mais perderam, passando de 14,9% em 2022 para 12,1% este ano, com o outsourcing local e as PME a descerem também. Subiram as empresas de consultoria e prestação de serviços e de Corporate, que juntas aumentaram a sua representatividade em +3,1%.

Os dados indicam ainda que a indústria tecnológica em Portugal ainda é feita de profissionais sénior com nove ou mais anos de experiência (48%).