Esta semana foi lançada a nova rede social da Meta, o Threads, como parte do Instagram. E a sua adesão tem sido massiva, tendo bastado sete horas para reunir mais de 10 milhões de perfis registados e no final do primeiro dia somaram-se mais de 30 milhões. Mas a relação entre o Twitter e a Meta começa a ficar tensa, com a empresa de Elon Musk a ameaçar uma ação legal por apropriação de segredos comerciais e outras propriedades intelectuais na construção do Threads.

O advogado do Twitter, Alex Spiro, enviou uma carta à Meta, descoberta pela publicação Semafor, em que acusa a empresa de Mark Zuckerberg de abordar e contratar antigos funcionários da rede social e apropriar-se de segredos e informação confidencial. “Durante o último ano, a Meta contratou dezenas de antigos empregados do Twitter. O Twitter sabe que estes empregados trabalharam anteriormente na empresa e que estes tinham e continuam a ter acesso a segredos comerciais e outras informações altamente confidenciais”, refere na carta.

Veja na galeria imagens do Threads:

Acrescenta que estes empregados mantêm obrigações com o Twitter e que muitos deles mantiveram na sua posse, de forma imprópria, documentos e equipamentos eletrónicos. “Com esse conhecimento, a Meta deliberadamente contratou esses empregados para desenvolver, em poucos meses, a cópia Threads com o específico intuito de utilizar esses segredos comerciais e propriedade intelectual para acelerar a app concorrente, violando tanto as leis do Estado como Federais, assim como essas obrigações dos empregados com o Twitter”.

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O documento diz que o Twitter solicita que a Meta tome os passos imediatos para deixar de utilizar os segredos comerciais do Twitter e as informações confidenciais na sua posse. E que a empresa de Elon Musk vai procurar as soluções civis, sem mais aviso prévio, para prevenir a retenção e utilização da sua propriedade intelectual.

Além disso, o advogado diz que a Meta esta expressamente proibida de praticar ações de “crawling” e “scraping” aos seguidores do Twitter e respetivos dados, onde se incluem o website, aplicação, APIs, SMS, notificações de email, widgets, entre outras apps associadas. Talvez tenha sido por esta razão que Elon Musk impôs temporariamente os limites diários do número de publicações que um utilizador pode ler, para evitar "níveis extremos de recolha de dados e manipulação do sistema", a poucos dias do lançamento do Threads. O impacto causado pela decisão levou à revolta dos utilizadores, que se manifestaram ora com memes divertidos, como ameaçaram sair do Twitter. Esse timing terá ajudado à explosão de registos verificados no Threads.

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O advogado disse ainda que a presente carta servia como aviso formal de que a Meta tem de preservar quaisquer documentos que possam ser relevantes para a disputa entre o Twitter e o Meta e antigos empregados do Twitter que estão a trabalhar no Threads. Documentos ligados ao recrutamento, contratação e abordagem a esses antigos empregados do Twitter.

A Meta já reagiu à acusação e em declarações ao Semafor, Andy Stone, o diretor de comunicações da empresa, disse que estas não tinham bases. “Ninguém na equipa de engenharia do Threads é um antigo trabalhador do Twitter”, salientou.

Em resposta ao aviso do advogado do Twitter, o próprio Elon Musk disse que "a concorrência é boa, fazer batota não é". Desde o início de junho, quando Mark Zuckerberg revelou o concorrente ao Twitter, que a sua relação com Elon Musk entrou num aguisado. Aquilo que começou com um divertido desafio para um combate numa jaula entre os dois magnatas, que foi prontamente aceite e que ainda se está para marcar, tudo indica que a escolha da arena passará da Vegas Octagon, utilizada no UFC, para as barras dos tribunais.

Em tom provocativo, Mark Zuckerberg regressou ao Twitter para colocar uma imagem do Homem-Aranha a apontar para uma cópia. O último tweet do patrão da Meta tinha sido a 18 de janeiro de 2012, ou seja, há mais de 11 anos que não utilizava o Twitter.

Nota de redação: notícia atualizada com mais informação. Última atualização 10:10.