A APRITEL fez um balanço no sector das telecomunicações, justificando os dados que têm sido lançados, baseados em números da Anacom, OCDE, consultores externos e Comissão Europeia. Pedro Mota Soares, presidente da APRITEL, salienta assim que os números apresentados representam um balanço baseado em números externos e não da própria associação de operadores.
Portugal tem três operadores com rede móvel, mas reforça que existem adicionalmente três entidades que já dispõem espectro, mas ainda não investiram em redes. O sector é diversificado e com diversos players, diz o líder da APRITEL, mas Portugal tem o rácio mais baixo, ou seja, no grupo de países com 2 ou 3 milhões de habitantes por operador.
Os serviços em pacote representam 50% da distribuição de receita, 35% para os serviços móveis, 13% dos serviços fixos stand alone e 2% para outros. Salienta ainda que a penetração residencial dos serviços fixos de comunicações tem vindo a aumentar, ou seja, por 100 famílias, os pacotes subiram para 89%, um aumento de 1% em 2021 face a 2020.
Veja na galeria os dados partilhados pela APRITEL:
Um dado salientado é que nas empresas com menos de 10 colaboradores, há 95% de penetração, estando 1% acima da média europeia que regista 94%. A APRITEL destaca ainda os 14 serviços de VOID em Portugal, num aumento de 15% em 2018 para 34% para 2020, destacando-se a Netflix com 47% do mercado.
Sobre o investimento no sector das telecomunicações, regista-se um crescimento de mil milhões de euros ao ano, e em 2020 registou-se 1.586 milhões em Portugal, o que a APRIL afirma estar acima da média europeia, numa média de 23% das receitas das empresas. A associação diz que as empresas devolvem tecnologia nas ofertas aos seus clientes, tais como multiscreen, resolução 4K, hotspot 5G, Restart TV, App YouTube, Power Wi-fi, Android TV, Applel TV e NB-IoT.
Pedro Mota Soares diz que o sector tem registado um investimento permanente, em cerca de 3%, mas deu um salto para 4.2% em 2020, muito devido ao 5G, destacando fontes da Anacom.
Sobre a cobertura da nova geração, salienta os 92% das redes em Portugal, sendo a quarta maior cobertura da Europa de redes de elevada capacidade nas redes fixas. Nas redes móveis, as operadoras cobrem 99,9% das redes, sendo que a média da União Europeia anda nos 99,7%. Com o leilão do 5G foram reforçadas as obrigações de cobertura, incluindo os serviços especiais de ensino, saúde, portos, etc.
A APRITEL refere que houve um investimento total de 150 mil milhões de euros na União Europeia na visão do 5G. O investimento das operadoras nacionais no 5G de 33% até 2025, no rácio do CAPEX. Segundo a Comissão Europeia, relativos a dados de 2021, Portugal é o terceiro país da Europa em que os consumidores mais trocam de um operador para o outro, ou seja, é dos que tem mais mobilidade. A APRITEL usou esses dados para destacar a elevada competição do sector no país.
Em 2020/21 houve um aumento de tráfego fixo e móvel, devido ao isolamento da pandemia e a APRITEL diz que as operadoras conseguiram manter os seus serviços sempre ativos.
Relativamente às receitas, o sector perdeu 25%, mas salienta que os serviços subscritos cresceram 32%. Na conclusão, os preços médios dos serviços caíram 43%, diz a APRITEL. Desde 2017 que a variação dos preços de telecomunicações é inferior ao crescimento do IPC.
A APRITEL pediu à DELOITE uma avaliação do mercado face à Europa. Refere que nos pacotes 3P só a França tem preços inferiores que Portugal. Por outro lado, o país é o que obtém as receitas mais baixas face à média da União Europeia. Apontando dados da DECO, a APRITEL salienta a baixa das reclamações, em 28,3, ao nível de dados de 2019. Em 2020 foi registado 37,7% de reclamações.
“Estamos com uma pressão muito forte para investir mais, mas com receitas a cair. Nos últimos 5 anos o investimento foi de 48%, para ter 95% da população coberta em 2025 e com uma redução de 43% da receita média nos últimos 12 anos”, salienta a associação. A APRITEL salienta ainda as taxas à Anacom, ICA e ERC que têm vindo a subir na última década. E a diferença das taxas para o espectro de 4G para o 5G foi de um aumento acentuado. Em 2021, o sector tinha pago 372 milhões de euros, ao passo que para o 5G foram pagos 566 milhões de euros pelo espectro.
“Em Portugal o que se investe nas redes é acima do que é feito na União Europeia, mas depois isso reflete-se em termos as melhores redes. Trata-se de um investimento privado. Sendo um sector competitivo, as operadoras sentem essa necessidade de investimento porque competem entre si”, salienta Pedro Soares Mota.
Os principais desafios do sector para este ano: a transposição do código europeu das comunicações, garantir que há um equilíbrio entre os operadores novos que estão a entrar no mercado e que trabalham em cima das redes já implementadas. A APRITEL refere ainda que as operadores têm a preocupação de ter as condições necessárias para investir e ter os melhores preços do mercado.
A APRITEL partilhou recentemente que os preços de banda larga fixa baixaram 4,9% em Portugal no último ano, considerando como base os números da EUROSTAT referentes a abril de 2022. A média dos últimos 12 meses, os preços para os serviços de internet fixa baixaram, ao passo que na União Europeia houve um aumento generalizado de 1%.
A APRITEL destaca que paralelamente à redução dos preços, a taxa de cobertura de redes fixas de alta velocidade tem vindo a aumentar. A associação cita os números da Anacom, referindo que em 2021 foi atingido os 92% da totalidade dos alojamentos na cobertura das redes de alta velocidade, sendo um crescimento de 3,1% face a 2020. A cobertura mereceu destaque do próprio Ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, referindo ser um dos países da União Europeia com a maior taxa de cobertura. A Associação de Operadores destaca ainda o aumento de 33,2% da velocidade média da banda larga fixa face a 2020, assim como o aumento da penetração de serviços de comunicações fixas e móveis.
Pedro Mota Soares explicou ao SAPO TEK as diferenças relativas aos relatórios mensais sobre a evolução dos preços das telecomunicações em Portugal que a APRITEL e a Anacom divulgam. “No nosso relatório mensal colocamos uma nota que gostaríamos que fosse entendida a questão. Quando se olham para os dados do EUROSTAT, estamos a ver a evolução dos preços num determinado mercado, se sobem ou descem no mesmo. Com esse dado não se consegue ver que os preços em Espanha são mais elevados que na Alemanha. A única coisa que se consegue ver é como têm evoluído os preços de cada país. Uma coisa é eu saber como os preços evoluem em Portugal, a outra é saber como estes se comparam com outros países”.
O líder da APRITEL afirma que a Anacom não tem qualquer dado que diga quanto custa um pacote de serviços em Portugal e quanto custa esse mesmo pacote em outro país. “Não existindo esse estudo, a APRITEL encomendou à Deloitte a realização desse estudo, sobre quais são os consumos normais dos portugueses, que sabemos consumir muitas ofertas em pacote. Depois que pegasse nesse pacote 3P e 4/5P e que procurasse ao longo da Europa quanto é que esse custaria em outros países. E assim, verdadeiramente, é que estaremos a comparar o que é comparável”.
Acrescenta que "se comparar a evolução, ao longo de um ano num mercado e depois durante um ano outro mercado, estamos a comparar laranjas com maçãs e o que queremos é comparar laranjas com laranjas". É referido que o estudo chegou à conclusão que se comprar um pacote de serviços em Portugal e o fossemos comprar noutro país, no mercado nacional seria mais barato, com a exceção da França que é apontado como tendo preços mais baixos, "mesmo com o ajuste na paridade do poder de compra, considerando que os salários em França são superiores à media nacional". Assim, reforça que o preço das comunicações em Portugal é mais baixo que a maioria dos países da União Europeia.
Fazendo uma referência à análise que a Anacom faz da década, "se olharmos para o mercado em 2009, este não tem muito a ver com o atual, tendo mudado de uma forma muito rápida. A inflação durante esse período cresceu em Portugal 36% e a Anacom diz que os preços subiram em média 12%, o que significa logo à partida aumentos muito abaixo da inflação". Para o encontro com os jornalistas, e antevendo esta pergunta da nossa parte, Pedro Mota Soares diz que foi investigar quanto era o preço da oferta média de 2009 e como se compara com a atualidade. "Em 2009, tínhamos 500 minutos de chamadas/500 SMS e 0,5 GB de dados por um preço médio de 60 euros. Hoje, em 2021/22, por 28 euros consigo ter 3 GB de internet e 5.000 minutos de comunicações. Por isso quando se compara o preço das comunicações em 2009 com o que é entregue hoje, percebo que hoje estou a consumir muitos mais dados, minutos e a um preço bem mais reduzido".
O líder da APRITEL afirma que as operadoras têm vindo a registar quebra na faturação, prestando mais serviços. "Se as receitas do sector baixaram, mas se os serviços entregues são mais elevados, só posso chegar à conclusão que o preço médio de cada um dos serviços que estou a entregar é um preço médio mais baixo do que era em 2009". Por fim, diz que ao analisar a linha temporal confirma que existe uma inflação, mas com uma média sempre mais à registada no país em geral. No entanto, afirma que os preços dos pacotes de comunicações em Portugal são dos mais baixos da União Europeia.
Nota de redação: Notícia atualizada com mais informação. Última atualização 13h48.
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