Na semana passada, o Primeiro-Ministro António Costa garantiu que estava a ser preparada uma solução para assegurar aulas para todos os estudantes em isolamento, depois do encerramento das escolas no país a 16 de março. Este fim-de-semana surgiram mais detalhes sobre o plano do Governo, com uma nova Telescola para alunos até ao 9º ano, que vai ser transmitida na RTP Memória, disponível na TDT e na televisão por cabo. De fora ficam os estudantes do secundário e das universidades.
Desde que foram encerradas, as escolas têm visto na Internet a alternativa mais viável para o ensino continuar "on" na medida do possível. A Direção-Geral da Educação (DGE) divulgou a 27 de março um roteiro com oito princípios orientadores para a implementação do ensino à distância nas escolas, depois de referir desde o início a preferência de "soluções que utilizem processos simples e não exigentes de muita tecnologia, largura de banda ou elevadas competências digitais dos utilizadores". No entanto, três dias depois do encerramento das escolas um estudo revelou que 20% dos alunos estão excluídos das aulas à distância por não terem computador em casa.
O plano do Ministério da Educação é agora aproveitar a TDT para o ensino de todos os estudantes até ao 9º ano. A notícia foi confirmada por Tiago Brandão Rodrigues, Ministro da Educação, que explicou à RTP de que forma iria funcionar a Telescola, que data dos anos 1960/70, na altura com um ensino semi-presencial para os alunos do segundo ciclo.
Esta nova Telescola é “algo completamente diferente”, garante Tiago Brandão Rodrigues, que deixa para 9 de abril a divulgação de mais detalhes sobre as novas formas de ensino em Portugal. Para já sabe-se que a ferramenta se trata de um "complemento", com um conjunto de blocos temáticos de recursos educativos que pretendem complementar o trabalho dos professores e que querem chegar a todos os alunos. Os pormenores do projeto estão ainda a ser ultimados, mas deverá avançar no início do terceiro período, depois das férias da Páscoa.
Como tem sido feito o ensino a distância em Portugal desde que as escolas foram encerradas?
No mesmo dia em que foi decretado o encerramento das escolas, um dos sistemas que garante o ensino a distância, o COLIBRI, registou mais de 63.000 mil utilizadores em cerca de 2.700 aulas ou reuniões. Na altura, o Governo destacou uma “grande mobilização de todas as instituições de ensino superior na adoção de ambientes colaborativos e de ensino a distância no âmbito dos seus planos de contingência para prevenir a transmissão do novo Coronavírus”.
Também a 16 de março, a DGE, em colaboração com a Agência Nacional para a Qualificação e o Ensino Profissional, lançou um site, com um conjunto de recursos para apoiar as escolas na utilização de metodologias de ensino a distância. O objetivo foi, desde logo, dar continuidade aos processos de ensino e aprendizagem.
Numa primeira fase, o objetivo da DGE era que todas as escolas mantivessem o contacto diário com os alunos e, de forma gradual, introduzissem processos e ferramentas mais complexas de interação. De notar que não foram esquecidos os alunos que "ainda não têm acesso à Internet ou ao equipamento", com a DGE a apostar num "contacto estabelecido através de organizações e associações locais ou da Junta de Freguesia", que poderá assegurar que estes alunos também recebem materiais e tarefas para fazer.
A aposta tem sido também ajudar os próprios docentes a ensinarem de forma mais eficiente através do ensino a distância. Desde final de março com uma equipa para ajudar as escolas neste sentido, o Ministério da Educação lançou a “brigada” de apoio "Estamos on com as escolas" para apoiar professores e diretores, composta por mais de 100 profissionais. O organismo do Governo desenvolveu ainda um instrumento de apoio aos diretores das escolas públicas e privadas, depois de as associações de professores e sociedades científicas estarem a disponibilizar, em parceria com a DGE, recursos educativos e formação à distância.
Numa altura em que as plataformas têm sido a grande aposta, a verdade é que a cibersegurança é outro problema que nas aulas presenciais não era uma questão tão relevante. A plataforma Zoom, que está a ser utilizada por várias escolas e universidades em Portugal, chegou mesmo a ser proibida no ensino a distância em Nova Iorque por não ser considerada segura.
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