Na semana passada, a administração norte-americana enviou uma comitiva a Lisboa, para “alertar” o Governo português sobre os riscos de segurança que podem representar as parcerias com a Huawei no desenvolvimento do 5G. O grupo foi liderado por Ajit Pai, o presidente da Comissão Federal das Comunicações dos Estados Unidos (FCC), que demonstrou receios sobre o futuro do 5G e “entender a visão do Governo português” sobre o futuro da tecnologia.
A fabricante chinesa não reagiu de imediato ao assunto, mas em declaração enviada à Lusa durante o fim-de-semana, e citada pela TSF, “a Huawei está determinada em continuar a trazer para Portugal as tecnologias e os produtos mais inovadores, incluindo a tecnologia 5G, que lidera em todo o mundo”.
A tecnológica salienta que nunca registou qualquer ameaça de segurança cibernética nos últimos 30 anos, destacando as suas operações em mais de 170 países e regiões como fornecedora de equipamentos de rede de telecomunicações, assim como smartphones “seguros e inovadores” a mais de três mil milhões de clientes.
O porta-voz da empresa garante que a Huawei nunca permitiu ou permitirá a partilha indevida de dados através dos seus equipamentos. Salienta a tentativa de distorção da evolução tecnológica devido a interesses geopolíticos internacionais. Destaca ainda o reconhecimento do apoio dos seus clientes, a nível mundial, e claro, em solo português.
As quezílias dos Estados Unidos com a Huawei decorrem há meses, com o atual executivo norte-americano a manter-se firme em ligar o nome da tecnológica ao governo chinês, defendendo que a fabricante é utilizada para espiar a indústria, com vista a execução de ciberataques ao país. A Austrália e a Nova Zelândia juntaram-se aos Estados Unidos no bloqueio dos equipamentos nos seus territórios, e as principais operadoras de telecomunicações japonesas também poderão não utilizar os sistemas de rede da Huawei e também da ZTE na implementação da quinta geração de redes.
O presidente da Huawei, Ken Hu, desafiou os países que baniram os equipamentos da fabricante para o 5G, a provarem que a tecnológica chinesa é um risco para a segurança. Foi mesmo referido que as acusações se baseiam sobretudo em questões ideológicas e geopolíticas.
Em Portugal já havia sido reforçada a confiança na fabricante. A Altice referiu manter o compromisso com a marca para a sua estratégia no 5G, passando ao lado de toda esta polémica. A empresa de telecomunicações referiu que o importante é o know-how, a competência, o talento e a capacidade de desenvolver tecnologias e o investimento feito no país. A Altice acredita que a parceria vai superar qualquer preocupação que possa surgir. Ainda assim, segundo o panorama atual, numa entrevista à agência Lusa, o presidente executivo da Altice Portugal, Alexandre Fonseca referiu que se "houver decisões políticas antagónicas" será necessário estudar e esclarecer como se poderá trabalhar nesse ambiente, admitindo a marca ser banida em Portugal como um cenário possível, mas não querendo comentar sobre o mesmo, pois não detém suspeitas sobre a fabricante.
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