Ainda sem um fim à vista, a fase principal do leilão do 5G entrou hoje no o seu 100º dia, fazendo com que Portugal alcance um recorde em relação ao arranque da tecnologia de quinta geração móvel, mas desta vez como último país a avançar com as licenças. Nas sete rondas de hoje as licitações alcançaram os 320, 487 milhões de euros, numa subida de 1,733 milhões de euros face ao dia anterior.
Através dos mais recentes dados disponibilizados pela Anacom é possível verificar que a faixa dos 3,6 GHz, onde a maioria dos lotes valem já mais de 5 milhões de euros, volta a ser a única onde se registam mudanças, seguindo a tendência dos últimos meses.
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Hoje há subidas em relação às propostas de 14 dos 40 lotes disponíveis nesta faixa nativa do 5G. Em relação ao preço de reserva verifica-se uma dinâmica de crescimento que leva a aumentos a rondar no máximo os 325%, superando a valorização registada nos dois primeiros lotes da faixa dos 2,6 GHz.
Até agora, a faixa dos 2,1 GHz é a que mais aumentou de preço, valorizando mais de 400%. Os preços de licitação dos lotes das faixas dos 700 e 900 MHz mantém-se nos 19,2 e 6 milhões de euros desde o início da fase principal e na faixa que ficou livre após a conclusão do processo de migração da TDT um dos lotes ainda não recebeu ofertas.
Apesar da duração épica do leilão, o encaixe potencial não aumentou na mesma proporção e soma agora mais de 404 milhões de euros. O valor está acima do que foi conseguido no 4G mas é pouco compatível com a longa "batalha" pelas licenças nos lotes das faixas de espectro que os operadores tentam garantir.
No ritual das rondas diárias, que passaram a ser 7 desde o 81º dia da fase principal, o valor das licitações vai aumentando normalmente à volta de 1 milhão de euros, se bem que com algumas exceções. Ao fim de 100 dias o valor de encaixe potencial está pouco mais de 120 milhões acima do valor base das licitações.
Para já, ainda não é fácil prever até quando durará o processo do leilão do 5G, mesmo que a Anacom avance com a mudança de regras aprovada ainda nesta semana e que está em consulta pública até 9 de junho. Recorde-se que, anteriormente, os operadores tinham criticado a Anacom pela proposta de mudança de regras a meio do procedimento do leilão e a nova decisão gerou também reações negativas.
A Altice Portugal redobrou críticas à atuação do regulador, apontando impactos negativos do atraso e da "decisão unilateral" de mudar as regras do leilão em curso. "A Altice Portugal lamenta que hoje, quase 100 dias decorridos daquele que é, seguramente, o mais lento, longo e atrasado leilão para o 5G na Europa, o Regulador venha a público queixar-se das suas próprias decisões e admitir o atraso do País que só à sua atuação pode ser atribuído".
Já a NOS afirmou que “é lamentável ver o único responsável pelo atraso do país no 5G, tentar atirar para outros responsabilidades que são exclusivamente suas". "Quando a incompetência e a negligência grosseira parecem ter atingido o seu limite, eis que mais uma vez o regulador se consegue superar", defendeu, salientando não ser "surpreendente". Aliás, "a única surpresa é ninguém questionar o seu lugar e não o responsabilizar pelos danos incalculáveis causados aos portugueses", rematou.
Em linha com a Altice e com a NOS, a a Vodafone reagiu à decisão apontando erros, "amadorismo" e "ligeireza" ao regulador, adiantando que "a duração do leilão, e o infeliz recorde europeu daí resultante, mais não é do que a consequência da forma como o mesmo foi desenhado". "Um leilão desta importância para as empresas que nele participam, e que suportam uma tecnologia crítica para o País, não pode ser vista como uma novela onde, de quando em quando, o realizador decide mudar o guião original por não lhe agradar o desenrolar da história", que é o que a Vodafone defende que a Anacom está a fazer.
Uma coisa é certa: o leilão em Portugal vai entrar para a história dos mais demorados de sempre, mesmo que se considere que é um dos mais completos. Depois de ter falhado a implementação da rede de quinta geração em 2020, como pretendia a Comissão Europeia, a Anacom apontava para ter serviços ativos no primeiro trimestre de 2021, algo que já não vai acontecer durante o primeiro semestre deste ano.
Nota de redação: A notícia foi atualizada com mais informação. (Última atualização 18h59)
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