A Anacom já deu conta dos resultados das melhores licitações no leilão para as licenças do 5G, que tem em cima da mesa a atribuição de licenças de utilização de 52 lotes nas faixas dos 700 MHz, 900 MHz, 2,1 GHz, 2,6 GHz e 3,6 GHz. Realizaram-se 12 rondas, o mesmo número que tem sido habitual desde a alteração das regras do leilão, mas as propostas voltaram a fazer-se nos valores mínimos e o interesse continua centrado nos lotes J, dos 3,6 GHz.
A fase principal do leilão do 5G teve início a 14 de janeiro de 2021 e embora não se saiba oficialmente quais são, e quantos são, os operadores interessados nas licenças da quinta geração móvel, é certo que a MEO, a NOS e a Vodafone "foram a jogo" para obter espectro que lhes permita oferecer serviços baseados na tecnologia que garante maior largura de banda, mais velocidade, menor latência e mais equipamentos ligados. As vantagens do 5G têm sido largamente divulgadas e as operadoras estão já a fazer campanhas de marketing, embora não possam oferecer os serviços aos clientes.
Hoje é o 145º dia da fase principal do leilão, que se soma a uma fase reservada aos novos entrantes, os operadores que não têm ainda rede móvel em Portugal, e o encaixe potencial para o Estado ultrapassa os 429,8 milhões de euros, 345 milhões só na fase principal. Na fase dos novos entrantes o valor das licitações ultrapassou os 84 milhões de euros.
Mais uma vez o interesse dos operadores centrou-se na gama de lotes J, dedicados aos 3,5 GHz, uma das faixas nativas do 5G, e o valor subiu hoje 710 mil euros, com 1o lotes a aumentar de preço mas a subirem 1 ou 2% no valor. Apesar de estarem entre os lotes de preços mais baixos, e de maior número, a maioria dos blocos de frequências na faixa dos 3,6 GH já subiram mais de 370% de preço. Começaram por valer 1,2 milhões e valem já mais de 5,8 milhões, aproximando-se alguns de 6 milhões de euros.
A duração épica do leilão tem vindo a gerar críticas de parte a parte e Alexandre Fonseca, presidente e CEO da Altice Portugal, recorreu na semana passada às redes sociais para partilhar que já foram realizadas mais de 1000 rondas de negociação, sublinhando o peso que o processo que se arrasta tem para as equipas da operadora.
"Continuamos no Leilão com equipas presenciais há 8 meses no escritório, com turnos de 10h consecutivas, com problemas técnicos na plataforma tecnológica do Leilão, ela própria envolta numa nuvem de suspeição sobre o processo de aquisição", sublinha.
A Anacom também tem alertado para os custos do atraso no leilão, que tem impacto económico e na sociedade, já que está a colocar Portugal no fim da lista dos países da União Europeia que atribuíram licenças e têm serviços comerciais. Ao contrário do que aconteceu com o 3G e mesmo o 4G, em que Portugal esteve na linha da frente e foi um dos pioneiros na disponibilização da tecnologia, agora só faltam Portugal e a Lituânia.
Não há memória de uma demora tão grande em leilões de espectro, e mesmo a Alemanha que demorou uns "épicos" 3 meses acabou por ser mais rápida. Era também um leilão complexo, multi faixa, nas bandas de 2,1 GHz e 3,6 GHz, com 4 operadores a participar, entre os quais um novo entrante, mais o encaixe para o Estado foi de 6,55 mil milhões de euros.
Um dos leilões mais recentes realizou-se aqui mesmo ao lado, em Espanha, dedicado à faixa sod 700 MHz. As faixas dos 3,6 e 3,8 GHz já tinha sido entregues em 2018 e Espanha foi um dos primeiros países a avançar com serviços 5G, mas os 700 MHz tinham sido deixados para mais tarde. No final do ano deverá ser ainda colocado a leilão a faixa dos 26GHz
Foram necessárias apenas 12 rondas ao todo, e o leilão rendeu 1.010 milhões de euros aos cofres espanhóis, ficando muito aquém dos 2,1 mil milhões que tinham sido definidos como meta. A Vodafone, Orange e Telefonica compraram direitos de utilização de blocos de 2x10MHz do espectro, pagando 350 milhões de euros no caso das duas primeiras, enquanto a operadora histórica, a Telefonica, pagou 310 milhões mas com compromissos de implementação mais acelerados. A Masmovil acabou por desistir do processo no início de julho.
As licenças são válidas por 20 anos, com extensão a mais 20, e os operadores são obrigados a cobrir 450 cidades com mais de 50 mil habitantes até junho de 2025, mas também zonas de interesse como aeroportos, estações de comboio e autoestradas.
Nota da Redação: A notícia foi atualizada com mais informação. Última atualização 19h58
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