A operadora espanhola MásMóvil, que em Portugal detém a Nowo, pode estar a preparar a saída do mercado português, ou vir a firmar uma parceria local com a Digi. A informação é avançada pelo jornal espanhol Expansion, garantindo que essa é a expectativa dos analistas e que a decisão vai ser tomada ainda durante o segundo trimestre.
O jornal recorda que quando a MásMóvil entrou em Portugal o cenário era bem diferente. O mercado dividia-se entre três operadores com pouca concorrência entre si, segundo o jornal e o modelo regulatório favorecia a entrada de novos operadores, obrigando os restantes a cederem roaming. Estes elementos representavam boas perspetivas de crescimento com uma estratégia de preço agressiva que, ainda assim, não teria de representar um grande investimento.
A entrada posterior da Digi no mercado português terá baralhado as contas. Com esta operadora a apostar também sobretudo numa estratégia de preço, fazer o mesmo torna-se mais dispendioso porque aumenta o custo de aquisição de novos clientes.
Num mercado com a dimensão do português dificilmente seria possível assegurar a rentabilidade de duas empresas com a mesma estratégia de preço. Diga-se que a Digi, que só deverá lançar serviços em Portugal no segundo semestre, já opera em Espanha onde tem conseguido crescer rapidamente às custas de uma estratégia agressiva de preço.
Face a estas mudanças, a empresa, estará a repensar a presença em Portugal e as opções em cima da mesa serão uma possível saída, ou tentar uma parceria com a Digi, informação que já circulava. Criar uma joint-venture com esta empresa permitiria manter a operação com o plano inicial, desafiar a concorrência com uma estratégia de preço, mas com menor esforço financeiro. Para além do mais, o investimento feito em espetro pelas duas empresas no leilão português de 5G acaba por ser complementar, recorda o Expansion.
Co-CEO do grupo Altice responsabiliza Anacom pelo cenário de consolidação que se avizinha
Alexandre Fonseca, co-CEO do grupo Altice, que até março liderou a Altice Portugal, já comentou publicamente a notícia, para considerar que as mudanças que se avizinham são o “resultado da catastrófica política regulatória nas Telecomunicações nacionais”.
Um dos maiores críticos do modelo de leilão 5G escolhido pela Anacom, o responsável defendeu numa publicação no LinkedIn, que as consequências da política regulatória escolhida por Portugal vão ser o “óbvio desinvestimento e a necessidade de consolidar e reduzir o número de operadoras, para que estas possam sobreviver”.
Voltando a afirmar que Portugal perdeu quase dois anos no lançamento do 5G “por exclusiva responsabilidade do presidente da Anacom”, o responsável deixa uma dúvida: “resta agora saber, se o mercado optar pela consolidação e pela redução do número de operadoras, o que vai acontecer ao espectro adquirido a “peso de ouro” e acima de tudo, se vão ser atribuídas responsabilidades ao único culpado deste cenário”.
Recorde-se que a MásMóvil (detida por um grupo que junta vários fundos e que também comprou a Euskaltel, o Lorca Jvco) em Espanha assumiu já um papel central na consolidação do sector e tem feito saber que quer fazer o mesmo noutras geografias. Em Espanha, a empresa e a Orange (segundo maior operador daquele mercado) estão a alinhar os termos de uma fusão, que vai criar um operador quase à dimensão da histórica Telefónica.
Os termos da fusão, anunciada depois de meses de rumores sobre diferentes cenários de consolidação, devem estar fechados ainda este trimestre e a integração concluída até junho do próximo ano.
Em Portugal a MásMóvil investiu 70,1 milhões de euros no 5G. Em outubro do ano passado, através da Nowo, garantia que com as licenças 5G ia acelerar investimento em Portugal. Os romenos da Digi investiram 67 milhões de euros na tecnologia e contam lançar as primeiras ofertas 5G em Portugal no segundo semestre, começando por algumas cidades de maior dimensão, disse a empresa ao Eco em janeiro. Em Portugal a Digi vai operar com a marca Dixarobil.
Nota de Redação [05-05-2022]: Contactada pelo SAPO TeK, a MásMóvil não quis comentar os rumores ou avançar mais detalhes sobre a estratégia para Portugal.
[06-05-2022] A Nowo também não quis comentar o tema. Em relação à estratégia para o mercado português, e no que se refere ao 5G, a empresa diz que está a "trabalhar na implementação desta tecnologia, sendo que atualmente o nosso maior foco está na concretização dos acordos de NRA (National Roaming Agreement)".
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