Há milhões de pessoas em todo o mundo a passarem fome e, infelizmente, prevê-se que a COVID-19 possa piorar a situação. A pandemia está a causar vários problemas e incertezas ao longo da cadeia de abastecimento, nomeadamente a escassez de fertilizantes e a falta de mão-de-obra, assim como questões relacionadas com o transporte de produtos e políticas de exportação.

Tentado perceber o impacto do surto pandémico no mundo, NASA, ESA e JAXA criaram a COVID-19 Earth Observation Dashboard, uma plataforma que combina uma grande quantidade de dados de satélite para monitorizar diferentes aspetos, nomeadamente a produção agrícola.

Como estudar a COVID-19 a partir do Espaço? Conheça o novo projeto da NASA, ESA e JAXA
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Um dos estudos conduzidos mais recentemente a partir na plataforma analisou as colheitas de cereais de inverno em Espanha. Graças aos dados de satélite, as colheitas de perto de dois milhões de hectares de cultivo puderam ser monitorizadas em tempo quase real.

Cientistas da Université Catholique de Louvain, na Bélgica, usaram dados das missões Copernicus Sentinel-1 e Sentinel-2 e da missão Landsat-8, dos EUA, juntamente com funcionalidades de machine learning para monitorizar as colheitas semanalmente. Comparando os dados com os do ano passado, descobriram que a colheita de 2020 começou em meados de junho, mais tarde do que a média das colheitas de cereais de inverno em Espanha.

Conclui-se no entanto que, embora a COVID-19 possa ter contribuído para o atraso na colheita, o clima também pode ter desempenhado um papel importante.

Noutro exemplo, a plataforma permitiu usar dados dos satélites ALOS-2 e GCOM-C da JAXA, combinados com informação das missões Landsat e Copernicus Sentinel-2, para analisar os campos de arroz perto de Sacramento, Califórnia, nos EUA. Esses satélites podem fornecer informações importantes sobre a fenologia do arroz, como quando o arroz é plantado, quando amadurece e quando é colhido.

Neste caso as observações mostram que em muitas regiões o arroz foi plantado antes dos últimos dois anos. Tal permite que os mercados agrícolas respondam com mais eficácia a interrupções causadas por fenómenos naturais, como o clima, ou por “mão humana”, como mudanças na política comercial e na procura por parte do consumidor, desencadeada, por exemplo, pela pandemia de COVID-19.