Por Elda Fernandes (*)
O processo de financial closing, ou encerramento financeiro em português, é uma das áreas mais críticas e desafiantes dentro das organizações. Envolve a preparação e validação de uma enorme quantidade de dados, a colaboração entre múltiplas equipas e a necessidade de assegurar que todos os processos são cumpridos em conformidade com o que é exigido por compliance. Naturalmente, a pressão por cumprir prazos curtos, muitas vezes sob o escrutínio de stakeholders internos e externos, aumenta o grau de complexidade e suscita a necessidade de implementar soluções mais robustas e automatizadas.
Neste sentido, a digitalização trouxe uma nova abordagem ao encerramento financeiro, transformou o que antes era um conjunto de tarefas manuais e repetitivas, num processo integrado, automatizado e eficiente. Em destaque, está a padronização de procedimentos, o que reduz a possibilidade de erro humano e facilita o controlo de qualidade dos dados. Acrescento, ainda, que a automação permite uma melhoria na alocação de recursos, essencial para que as equipas financeiras possam gerir prioridades e focar em tarefas de maior valor estratégico, como a análise de desempenho financeiro ou a previsão de tendências.
Porém, considero que o papel da tecnologia vai além da simples automação de tarefas. Hoje, as soluções mais avançadas no encerramento financeiro permitem simplificar os processos, e proporcionar uma visão em tempo real do desempenho das várias entidades envolvidas. Algo essencial para o processo de tomada de decisão. Estas ferramentas garantem que em todas as fases do encerramento financeiro, desde a reconciliação de contas até à geração de relatórios, sejam executadas de forma harmoniosa e sem interrupções, resultando num processo mais ágil.
Acrescento ainda, que a par desta evolução tecnológica, outro fator essencial tem sido a adaptação às crescentes exigências de conformidade regulatória. A transparência e a capacidade de auditoria dos processos financeiros tornaram-se cada vez mais essenciais para garantir que as empresas estejam preparadas para responder às regulamentações internacionais, que apresentam uma evolução constante. Neste cenário, as soluções financeiras que permitem monitorizar o progresso de cada etapa e identificar rapidamente potenciais discrepâncias são cruciais para garantir a conformidade.
Claro que na era do ChatGPT seria impossível não abordar a importância da integração de inteligência artificial e machine learning no setor financeiro. É cada vez mais aparente que estas tecnologias permitem uma maior capacidade preditiva, essencial para a deteção de padrões e irregularidades antes que se tornem problemas. Como tal, a aprendizagem automática ajusta-se às nuances dos dados financeiros, o que por sua vez permite antecipar desafios.
Com a evolução tecnológica, a adaptação cultural dentro das organizações tem sido fundamental para o sucesso da digitalização no encerramento financeiro. Equipas que compreendem o valor das novas tecnologias e que estão dispostas a melhorar os métodos tradicionais são as que mais beneficiam destas inovações. Neste caso, é importante referir que a colaboração entre os departamentos de TI e as equipas financeiras tornou-se imprescindível para garantir uma implementação eficaz e que os processos sejam continuamente otimizados. Numa perspetiva futura, o encerramento financeiro passa, assim, pela contínua integração de tecnologias e pela adaptação das organizações a uma nova realidade onde a agilidade, precisão e conformidade fazem parte do dia-a-dia profissional.
(*) SAP Management Accounting Expert na valantic
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