Esta semana foi emitido um alerta que dava conta que um asteroide com 91 metros de diâmetro passaria a uma distância relativamente curta da Terra no que diz respeito a corpos celestes.

A rocha flutuante, batizada de 2013 WV44, fez a sua maior aproximação ao planeta às 09h00 desta quarta-feira (hora de Lisboa), enquanto viajava a 11,8 quilómetros por segundo, cerca de 34 vezes a velocidade do som.

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Apesar de não estar em rota de colisão com a Terra, pelo seu tamanho e pela ameaça que representava, foi classificado como “potencialmente perigoso”, obrigando as agências espaciais a estarem atentas ao seu percurso.

O tamanho importa para a classificação de um asteroide, mas não só - e pode nem sequer ser o mais importante. Existem outras variáveis ​​que devem ser consideradas quando se avaliam os potenciais danos do impacto deste tipo de objetos espaciais.

As características do asteroide, o ângulo da trajetória, a potência das ondas de choque e o terreno de impacto são fatores que determinam o nível dos danos causados pelo embate de tais elementos rochosos com a Terra.

Uma das variáveis ​​a considerar é a quantidade de energia cinética que será transferida para a superfície terrestre. Há uma enorme quantidade de energia libertada na forma de uma onda de choque, com o embate. A potência dessa onda de choque dependerá da massa e velocidade com que o asteroide atinge a Terra, bem como do terreno afetado.

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O Dia Internacional do Asteroide, assinalado a 30 de junho, pretende precisamente aumentar a consciência sobre um potencial impacto da passagem de objetos próximo da Terra e sobre a importância da comunicação de crise.

A data foi instituída em 2016, pela Assembleia Geral das Nações Unidas, para lembrar o embate em Tunguska, na Sibéria, em 1908, considerado o maior da história moderna.

Defender o planeta e ao mesmo tempo saber mais sobre as origens do Universo

A ONU estima que existam 16 mil objetos próximos da Terra, conhecidos pela sigla NEO, embora a maioria não represente qualquer perigo. Ainda assim, nas contas da ESA, há mais de um milhar que pode ter consequências catastróficas e daí as estratégias de alerta e defesa planetária em desenvolvimento serem tão importantes. A missão DART é uma delas.

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Passavam poucos minutos da meia noite do dia 27 de setembro de 2022 quando, pela primeira vez na história, uma sonda chocou de propósito contra um asteroide, a quase 21.000 km/h, explodindo 1.000 toneladas de rocha. A missão DART, idealizada pela NASA, resultou na colisão bem-sucedida com Dimorphos, iniciando aquilo que se pretende que seja uma nova era de defesa planetária.

O momento pôde ser acompanhado em direto, com imagens registadas pela câmara da sonda mostradas, quase em tempo real, à medida que esta se aproximava do asteroide para a colisão. Além da câmara da sonda, houve outras objetivas apontadas ao teste de defesa planetária para registarem o momento, nomeadamente as do Hubble.

O popular telescópio espacial captou uma série de fotos que foram  transformadas num vídeo time-lapse, onde são mostrados pormenores surpreendentes do impacto.

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A missão suicida DART conta também com a ajuda da ESA e com tecnologia portuguesa para validar o efeito real desta experiência de defesa planetária que pode ser crucial no futuro desvio de asteroides considerados uma ameaça para a Terra.

A missão Hera vai mostrar se os resultados da colisão bem-sucedida com o sistema duplo de asteroides Dimorphos foram os esperados. Com lançamento previsto para outubro de 2024, até lá há uma série de desafios para superar. Este ano o principal é ter todos os elementos do modelo de voo integrados, para que comecem os testes da nave espacial, e ficar no “caminho certo” para seguir viagem.

Entretanto há outras missões em curso, que pretendem conhecer mais sobre estes seres espaciais “flutuantes”, que datam do início da formação do nosso sistema solar. É o caso da OSIRIS-Rex, da NASA, que depois de sete anos no espaço está a caminho da Terra com uma mão cheia de amostras recolhidas do asteroide Bennu.

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De acordo com os cálculos mais recentes da agência espacial norte-americana, a missão culminará a 24 de setembro, com os momentos finais a serem cruciais para o seu sucesso.

E se as amostras de Bennu ainda não chegaram, as de Ryugu, conseguidas durante a missão Hayabusa 2, promovida pela JAXA, já têm resultados conhecidos.

A agência espacial japonesa recolheu entre um a dois gramas de material, o que representa 10 a 20 vezes mais do que os 100 miligramas esperados, na maior amostra de asteroide alguma vez recolhida do espaço até à altura. A primeira amostra recolhida de um asteroide extraterrestre foi extraída durante a missão Hayabusa1 e consistia em apenas um miligrama de material.