O lançamento do foguetão SLS, da missão lunar Artemis I da NASA, foi cancelado. Após ter colocado o processo de contagem decrescente em pausa, com o relógio parado nos 40 minutos, Charlie Blackwell-Thompson, diretora de lançamento, avançou que não seria possível continuar hoje devido à fuga de combustível encontrada pelos engenheiros da agência espacial num dos motores.
Numa fase inicial, os engenheiros localizaram uma fuga de hidrogénio que ocorreu no mesmo local em que surgiram infiltrações durante um teste de contagem decrescente na Primavera. Ao detetarem a fuga, os controladores de lançamento interromperam a operação de abastecimento, que, na altura, já estava atrasada uma hora devido a trovoadas no mar.
O processo foi retomado lentamente para verificar se a fuga de hidrogénio colocaria em causa o lançamento, o que, a acontecer, poderia pôr fim à contagem decrescente. Segundo a NASA, a fuga foi analisada pelos especialistas, que, após a resolução do problema, e de terem verificado que a situação não ultrapassava os limites do que é considerado aceitável, retomaram de seguida o processo interrompido.
No entanto, depois da fuga de hidrogénio, os engenheiros depararam-se com novos problemas, desta vez, no terceiro dos motores do SLS. Além da fuga neste motor, que impede que atinja a temperatura correta para dar início ao processo de ignição, foi detetada uma fissura no material de proteção térmica de um dos componentes do estágio principal.
Segundo a agência espacial, tanto o foguetão SLS como a cápsula Orion "permanecem numa configuração segura e estável" e os engenheiros continuam a recolher dados enquanto desenvolvem um plano para resolver os problemas.
O lançamento do foguetão SLS, sem tripulação, estava previsto para ocorrer hoje, durante uma “janela de oportunidade” de duas horas que se abriria às 13h33 de Lisboa. A NASA tinha indicado que se o voo não fosse possível hoje, haveria mais duas datas possíveis, 02 e 05 de setembro.
As fugas de combustível prejudicaram o teste de contagem decrescente da NASA em abril, o que provocou uma série de reparações. O teste foi repetido com mais sucesso em junho, mas também foram detetadas algumas fugas.
Os técnicos disseram que não saberiam ao certo se as reparações seriam suficientes até carregarem hoje os tanques do foguetão. A missão Artemis I tem sofrido vários atrasos que levaram a que o orçamento deste teste em órbita lunar custasse 4.100 milhões de dólares (mais de 4.130 milhões de euros, ao câmbio atual).
Artemis I vai testar a capacidade de voltar à Lua
O voo de teste, a partir do Centro Espacial Kennedy da NASA, na Florida, destina-se a colocar em órbita lunar a cápsula Orion, que em vez de astronautas transporta três manequins de teste. O que está na posição de comandante foi batizado como Moonikin “Campos” e conta com sensores para medir os efeitos da aceleração e vibração.
Os outros dois, duas "mulheres", são feitos de materiais que imitam os ossos ou órgãos humanos. Um destes dois manequins vai vestido com um fato antirradiação e haverá instrumentos para medir as taxas de radiação recebidas a bordo.
O kit oficial de voo tem ainda uma série de elementos, e dois passageiros especiais, escolhidos para acompanhar a missão, os peluches da Ovelha Choné, que é uma mascote da ESA, e do Snoopy de Charles M. Schulz, que vai servir de sinal de orientação para teste de microgravidade.
Há ainda uma réplica 3D da deusa grega Artemis, sementes e uma pedra do Mar Morto, entre mais de 180 elementos fornecidos por várias agências espaciais e escolhidos em concursos que envolveram alunos e outras organizações.
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O foguetão, de 98 metros de altura, é o mais poderoso de sempre construído pela NASA, ultrapassando o Saturn V que levou os astronautas à lua há meio século. Mesmo sem tripulação a bordo, milhares de pessoas prepararam-se para ver o lançamento do foguetão SLS, a sigla em inglês de Sistema de Lançamento Espacial.
A missão de órbita lunar tem uma duração prevista de seis semanas. Depois da missão Artemis I, a NASA espera em 2024 levar astronautas para a órbita da Lua (Artemis II) em 2024, e para a sua superfície (Artemis III) no final de 2025.
Com o programa lunar Artemis, a agência espacial norte-americana espera “estabelecer missões sustentáveis” na Lua a partir de 2028, com o intuito de enviar posteriormente astronautas para Marte.
A partida para estas missões lunares ou para Marte será feita de uma estação espacial a instalar na órbita da Lua, a Gateway. Apenas astronautas norte-americanos, 12 ao todo, estiveram na superfície da Lua, entre 1969 e 1972, no âmbito do programa Apollo.
Nota de redação: A notícia foi atualizada com mais informação. (Última atualização: 14h14)
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