A HTV-9, que tem a alcunha de Kounotori (cegonha branca) chegou na segunda feira à Estação Espacial transportando só carga, mas foi ofuscada pela importância da primeira missão comercial tripulada que marca uma nova era na exploração espacial com a parceria entre a NASA e a SpaceX, mas também com a Boing no programa Commercial Crew.
Depois de um lançamento abortado na quarta feira, devido ao mau tempo, a equipa da Crew Dragon partiu no sábado, dia 30, do Kennedy Space Center, na Flórida. A missão SpaceX Demo-2 foi impulsionada pelo foguetão Falcon 9, e depois de 19 horas de viagem os dois astronautas chegaram ontem à Estação Espacial para se juntarem à expedição 63.
A Crew Dagon está acoplada ao módulo Harmony, tal como a HTV-9, que já estava a ser descarregada pelo astronauta americano atualmente residente na Estação Espacial e os dois cosmonautas russos.
Neste momento há cinco naves ligadas à Estação Espacial, a Crew Dragon da SpaceX, a japonesa HTV-9 e três naves russas, as duas naves de carga Progress 74 e 75 e a de transporte da tripulação, a Soyuz MS-16.
A Estação Espacial Internacional está desenhada para suportar a acoplagem de seis naves nos vários módulos, que foram sendo montados desde 1998.
Segundo os últimos números, 240 pessoas já estiveram na Estação Espacial, originárias de 19 países, e o laboratório espacial está ocupado em permanência desde novembro de 2000, assinanlando este ano os 20 anos de presença humana contínua. A tripulação pode ser reduzida a três astronautas mas está preparada para seis pessoas, com um espaço de habitação com seis quartos, duas casas de banho, um ginásio e um observatório com uma janela de 360 graus de visão.
Uma missão histórica
A última vez que astronautas partiram de solo americano foi em julho de 2011, com o Space Shuttle cujo programa foi desativado. Em 2010 a NASA tinha começado a investir num programa de parceria com empresas privadas para transporte de astronautas, selecionando a SpaceX e a Boing que continuam a fazer testes. A empresa de Elon Musk está mais avançada e isso determinou que a Crew Dragon estreasse este modelo.
A chegada à Estação Espacial foi animada de sorrisos e abraços, e um pequeno acidente em que Fouglas Hurley bateu com a cabeça, mas aparentemente sem dados de maior monta.
A Crew Dragon pertence a uma classe de naves reutilizáveis e quando terminar a missão Demo-2 de Douglas Hurley e Robert Behnke vai transportar os dois astronautas de volta à Terra, separando-se autonomamente da Estação com os astronautas a bordo, reentrando na atmosfera da Terra e aterrando na costa atlântica, perto da Flórida, onde vai ser recolhida pela equipa da SpaceX Go Navigator, regressando a Cabo Canaveral.
A data para o regresso ainda não está definida, e a informação partilhada é que iria ser decidido só depois da chegada à Estação Espacial, estando dependente da disponibilidade do próximo lançamento da tripulação comercial. A sonda operacional Crew Dragon pode permanecer em órbita durante pelo menos 210 dias, um dos requisitos da NASA.
Esta é a segunda vez que uma nave Crew Dragon chega à Estação, mas a primeira foi um teste não tripulado. Com o sucesso desta missão a empresa de Elon Musk fica certificada para missões operacionais e de longa duração na estação espacial. Ficam validados vários detalhes do sistema de transporte de tripulação, incluindo a nave Crew Dragon, os fatos espaciais que foram desenhados à medida, o lançamento com Falcon 9, a plataforma de lançamento 39A e recursos operacionais.
Um dos objetivos da NASA é reduzir a duração da permanência dos astronautas em órbita, reduzindo os efeitos negativos na saúde. “Temos muitos dados sobre as mudanças fisiológicas que os astronautas experimentam durante expedições de seis meses e voos de curta duração através do programa Space Shuttle. Mas, para aumentar nossa compreensão da saúde dos astronautas e desenvolver contramedidas, precisamos de missões de aproximadamente um ano e durações de 30 a 60 dias. A duração variada das missões nos permitirá reduzir os riscos à saúde dos astronautas para missões de exploração mais longas na Lua e em Marte", explica Buchli.
Os voos comerciais aumentam a quantidade de carga que também pode ser enviada para a estação e têm a capacidade de devolver amostras científicas à Terra e colocá-las nas mãos dos investigadores mais rapidamente. Isso abre o laboratório de microgravidade para ainda mais tipos de pesquisa.
Apesar deste sucesso com a SpaceX, a NASA vai manter os testes com a Starliner da Boeing.
Reunimos nesta lista as principais fases deste projeto que começou há seis anos.
2015: SpaceX mostra pela primeira vez o interior da cápsula que vai levar astronautas ao espaço
Em setembro de 2015 a SpaceX partilhou com o mundo imagens e um vídeo do interior da Crew Dragon, a cápsula que vai levar humanos para o espaço dentro de dois anos. Pelas imagens é possível perceber que os interiores estão reduzidos ao necessário, havendo uma predominância da cor branca que traduz uma sensação de mais espaço. Mas nem por isso deixa de haver um toque luxuoso: os assentos são construídos em fibra de carbono e revestido a Alcantara, uma tipologia de pele sintética.
A cápsula espacial tem ainda quatro janelas para que os tripulantes possam observar a Terra, a Lua e o restante Sistema Solar à medida que vão percorrendo o trajeto da viagem.
2016: SpaceX testa sistema de paraquedas que vai trazer astronautas de volta à Terra
O sistema de aterragem da Crew Dragon integra quatro paraquedas, que foram experimentados no teste documentado em vídeo, que faz parte do processo de certificação que os dois parceiros comerciais da NASA têm de cumprir para todo o tipo de processos que se proponham realizar.
2019: Crew Dragon: A cápsula da SpaceX para transportar humanos para o espaço está pronta
A cápsula da SpaceX passou a encontrar-se no topo de um foguetão Falcon 9, nos últimos preparativos para o seu primeiro teste.
2019: SpaceX põe motores a funcionar antes do voo de demonstração da Crew Dragon
Numa mensagem curta na sua conta no Twitter e a acompanhada por um vídeo de teste estático dos motores do foguetão Falcon 9, com a cápsula Crew Dragon acoplada, a SpaceX afinava as preparações finais para o derradeiro teste em fevereiro de 2019. “Teste de disparo estático completo – estamos a apontar para fevereiro para o lançamento histórico no complexo 39A (Centro Espacial Kennedy) a demonstração do voo da Crew Dragon”, lê-se na mensagem.
2019: Vaivém espacial da SpaceX descola sem percalços
O vaivém espacial da SpaceX descolou a 2 de março em direção à Estação Espacial Internacional. O aparelho, que seguiu sem tripulação a bordo, partiu do Kennedy Space Centre, na Florida, às 7h49, e foi impulsionado pelo foguetão Falcon 9.
2019: SpaceX confirma que cápsula da Crew Dragon foi destruída durante um teste
A SpaceX confirmou em conferência de imprensa, que uma das cápsulas da Crew Dragon, destinada a voos espaciais tripulados, foi destruída durante um teste na Florida. A perda do veículo representou um significativo revés para a SpaceX. O Crew Dragon destruído no teste era o mesmo veículo que tinha atracado com sucesso na Estação Espacial Internacional em março. A cápsula, sem tripulação a bordo, esteve cinco dias em missão na ISS antes de regressar e aterrar com sucesso no Oceano Atlântico.
2020: SpaceX planeia viagens espaciais turísticas de 10 dias para o próximo ano
Depois de ter realizado uma parceria com a Space Adventures para colocar turistas no espaço, a SpaceX continua a formar novas ligações com empresas do sector para alargar a sua oferta de viagens. Desta vez junta-se à Axiom, a empresa espacial localizada em Houston para enviar turistas ao espaço, mais concretamente a Estação Espacial Internacional.
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