O fim de vida da Estação Espacial Internacional (ISS, do inglês International Space Station) foi marcado para 2030 e a data está a aproximar-se. A NASA anunciou no ano passado a sua intenção de mergulhar a estrutura sobre um oceano, sendo que algumas peças irão desintegrar-se durante a manobra, enquanto outras, mais resistentes, irão cair no mar.
A operação obriga ao desenvolvimento de um veículo suficientemente potente para manobrar a ISS, que pesa cerca de 430 mil quilos. Esse veículo, a desenvolver pela SpaceX, deverá permitir "desorbitar a Estação Espacial e evitar quaisquer riscos para áreas habitadas", disse a NASA. Tal como a ISS, também o veículo que a vai empurrar deverá desintegrar-se ao reentrar na atmosfera da Terra.
Segundo a informação partilhada, o veículo, uma vez concluído, passará a pertencer à NASA, que será responsável por operá-lo durante a missão.
"Remover com segurança a Estação Espacial Internacional de órbita é uma responsabilidade das cinco agências espaciais", escreveu a NASA, na quarta-feira.
A Estação Espacial Internacional começou a ser construída há mais de 25 anos, a 20 de novembro de 1998, quando partiu do cosmódromo de Baikonur o módulo russo Zarya que representaria o primeiro passo para o início daquilo que é hoje a casa dos astronautas em órbita a mais de 400 quilómetros de altitude.
Nos últimos 25 anos, a ISS acolheu mais de 270 astronautas de várias nacionalidades, com espaço para múltiplas experiências científicas e ainda mais fotos “orbitais”
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Os Estados Unidos, o Japão, o Canadá e os europeus comprometeram-se a prosseguir as operações da ISS até 2030, enquanto a Rússia o fez, para já, até 2028, um compromisso alcançado depois do início da guerra na Ucrânia. A ISS continua a ser uma das raras áreas de cooperação entre Washington e Moscovo.
Veja o vídeo sobre a Estação Espacial Internacional
Uma história com mais de 25 anos no espaço
A construção da Estação Espacial Internacional juntou a NASA, a ESA, a Roscosmos, a CSA e a JAXA com o objetivo comum de criar um local de testes e experiências científicas e tecnológicas em órbita, num ambiente de microgravidade, ou seja, diferente do obtido na Terra.
A Estação foi projetada entre 1984 e 1993 e os seus vários elementos foram construídos nos EUA, Canadá, Japão e Europa a partir do final da década de 1980. Num momento de reformulação do projeto, a Rússia foi convidada a participar em 1993.
Foi feito um acordo para avançar em duas fases. Durante a primeira, os vaivéns espaciais da NASA transportariam astronautas e cosmonautas para a Estação Orbital Russa Mir. Os EUA ajudariam a modificar dois módulos construídos na Rússia para albergar experiências norte-americanas e internacionais e para estabelecer processos de trabalho entre as nações participantes. Numa Fase 2, liderada pelos EUA e pela Rússia, todas as nações participantes contribuiriam com elementos e tripulantes para a nova (ISS). E assim foi.
A Fase 1, chamada NASA-Mir, ocorreu entre 1995 e 1998 e envolveu 11 lançamentos de vaivéns espaciais com destino à Mir, que entretanto “ganhou” novos módulos russos, Spektr e Priroda, e que acabaram por abrigar dezenas de cargas úteis e astronautas.
Os elementos da nova ISS foram lançados a partir de 1998, naquela que já seria a Fase 2 do projeto, que começou então no dia 20 de novembro desse ano, com o lançamento do primeiro módulo da estrutura, à boleia de um foguetão russo.
Os primeiros habitantes, um astronauta norte-americano e dois cosmonautas russos, chegaram dois anos depois e desde essa altura que a ISS nunca mais ficou sozinha – e assim deverá ser até pelo menos 2030.
É possível “ligar” seis naves de uma vez à ISS e as viagens desde a Terra dessas naves podem ser feitas em seis horas. Os maiores módulos e outras peças da ISS foram entregues em 42 voos, 37 em naves sob responsabilidade dos EUA e cinco através dos foguetões russos Proton/Soyuz.
As instalações incluem seis dormitórios, duas casas de banho, um ginásio e a popular cúpula com vista a 360 graus, local onde já muitos astronautas se perderam em registos fotográficos.
Veja algumas das imagens partilhadas pelos astronautas
Uma tripulação internacional de normalmente sete pessoas vive e trabalha a bordo, enquanto viaja a uma velocidade de oito quilómetros por segundo, orbitando a Terra a cada 90 minutos. Às vezes, há mais pessoas na ISS, nas alturas em que as equipas trocam. Em 24 horas, faz 16 órbitas em redor da Terra, passando por 16 amanheceres e entardeceres.Um timelapse de 15 minutos mostra o que pode ser visto a partir da Estação Espacial, numa viagem que passa pela Tunísia por Pequim e pela Austrália, em duas voltas ao mundo
A partir da ISS são realizadas várias pesquisas, destinadas a ajudar a resolver diferentes problemas na Terra, desde alterações climáticas a investigações médicas.
Muitas têm implicações e benefícios mais práticos para a humanidade no geral. Por exemplo, sabe-se que os períodos prolongados em ambiente de microgravidade, podem levar à perda de força óssea e muscular, embora os últimos dados não revelem impactos significativos na saúde humana.
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