Nesta data, há 25 anos, começava a ser construído, a mais de 400 quilómetros de altitude, um projeto de cooperação internacional de grande ambição chamado Estação Espacial Internacional, ou ISS, na sigla original.

Juntou a NASA, a ESA, a Roscosmos, a CSA e a JAXA com o objetivo comum de criar um local de testes e experiências científicas e tecnológicas em órbita, num ambiente de microgravidade, ou seja, diferente do obtido na Terra.

A Estação foi projetada entre 1984 e 1993 e os seus vários elementos foram construídos nos EUA, Canadá, Japão e Europa a partir do final da década de 1980. Num momento de reformulação do projeto, a Rússia foi convidada a participar em 1993.

Foi feito um acordo para avançar em duas fases. Durante a primeira, os vaivéns espaciais da NASA transportariam astronautas e cosmonautas para a Estação Orbital Russa Mir. Os EUA ajudariam a modificar dois módulos construídos na Rússia para albergar experiências norte-americanas e internacionais e para estabelecer processos de trabalho entre as nações participantes. Numa Fase 2, liderada pelos EUA e pela Rússia, todas as nações participantes contribuiriam com elementos e tripulantes para a nova (ISS). E assim foi.

A Fase 1, chamada NASA-Mir, ocorreu entre 1995 e 1998 e envolveu 11 lançamentos de vaivéns espaciais com destino à Mir, que entretanto “ganhou” novos módulos russos, Spektr e Priroda, e que acabaram por abrigar dezenas de cargas úteis e astronautas.

Os elementos da nova ISS foram lançados a partir de 1998, naquela que já seria a Fase 2 do projeto, que começou então no dia 20 de novembro desse ano, com o lançamento do primeiro módulo da estrutura, à boleia de um foguetão russo.

Os primeiros habitantes, um astronauta norte-americano e dois cosmonautas russos, chegaram dois anos depois e desde essa altura que a ISS nunca mais ficou sozinha – e assim deverá ser até pelo menos 2030.

Recorde-se que a Estação Espacial Internacional alberga seis dormitórios, duas casas de banho, um ginásio e a popular cúpula com vista a 360 ​​graus, local onde já muitos astronautas se perderam em registos fotográficos.

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Uma tripulação internacional de normalmente sete pessoas vive e trabalha a bordo, enquanto viaja a uma velocidade de oito quilómetros por segundo, orbitando a Terra a cada 90 minutos. Às vezes, há mais pessoas na ISS, nas alturas em que as equipas trocam. Em 24 horas, faz 16 órbitas em redor da Terra, passando por 16 amanheceres e entardeceres.

A partir da ISS são realizadas várias pesquisas, destinadas a ajudar a resolver diferentes problemas na Terra, desde alterações climáticas a investigações médicas.

Muitas têm implicações e benefícios mais práticos para a humanidade no geral. Por exemplo, sabe-se que os períodos prolongados em ambiente de microgravidade, podem levar à perda de força óssea e muscular.

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Além do tempo que reservam às experiências que conduzem, os astronautas têm uma lista regular de tarefas de manutenção que têm de realizar todos os dias, como verificar se os sistemas de suporte à vida estão a funcionar corretamente, procedimentos de limpeza e atualizações de software.

Já outras atividades quotidianas, normais para as pessoas na Terra, podem ser mais complicadas para quem está na ISS, como a higiene pessoal. A microgravidade torna o uso da casa de banho um desafio. Existem restrições para as pernas para manter o astronauta sentado de forma segura e uma combinação de ventiladores e bombas de vácuo para descartar os resíduos com rapidez e segurança.

Futuro incerto apesar das muitas histórias de sucesso

São muitos os contributos e resultados oferecidos pela ISS neste quarto de século, mas não sem  percalços, alguns deles recentes. Em outubro o módulo russo Nauka registou uma fuga de líquido refrigerante, no terceiro incidente em menos de um ano.

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Em dezembro de 2022, a cápsula espacial Soyuz MS-22 acoplada à EEI sofreu uma fuga de refrigerante devido ao impacto de um micrometeorito, segundo Moscovo - que decidiu enviar a MS-22 como substituta - e em fevereiro deste ano aconteceu algo idêntico numa outra infraestrutura russa, o cargueiro Progress MS-21, mas que não se destinava ao transporte de passageiros.

Entretanto a estação já tinha começado a mostrar a sua idade e decidiu-se que seria desativada no final da década. O período de tempo pelo meio vai permitir uma transição gradual dos trabalhos que têm vindo a ser desenvolvidos para as futuras estações espaciais que vierem a ser operadas comercialmente, referiu na altura a NASA.

As “justificações” e elogios àquela que vai continuar a ser a “casa” de astronautas norte-americanos e europeus - e não só - até 2030 foram resumidos num vídeo com cerca de dois minutos.

Os planos ainda enfrentaram meses de rumores em que se duvidou que a Rússia pudesse continuar a participar na ISS além de 2024, mas a NASA e a Roscosmos vieram entretanto confirmar que a parceria irá prolongar-se por mais quatro anos depois dessa data, até 2028.

Recorde-se que de acordo com os planos apresentados em abril de 2022, depois de ser descontinuada a ISS não se vai transformar em mais um “fantasma” a vaguear pelo espaço: vai regressar à Terra, com uma queda planeada dos destroços no Oceano Pacífico.

local exato escolhido leva o nome de Point Nemo, uma área afastada da costa que é conhecida como “cemitério espacial”, uma vez que costuma ser utilizado para acomodar os destroços de satélites e outro lixo espacial.