A SpaceX terá assinado um acordo para lançar até quatro satélites de navegação e comunicações seguras europeus. O acordo terá ainda de ser aprovado pela Comissão Europeia e pelos Estados-membros, segundo o The Wall Street Journal, que avança a notícia.

Ao jornal, Javier Benedicto, diretor de navegação da Agência Espacial Europeia, já tinha confirmado que a ESA assinou recentemente um acordo com a empresa fundada por Elon Musk para o lançamento de dois satélites no próximo ano. Ambos vão transportar satélites Galileu e serão realizados com a ajuda de foguetões Falcon 9, a partir dos Estados Unidos.

Recorde-se que a Europa tem estado praticamente sem recursos para assegurar os seus próprios lançamentos espaciais desde meados do verão, devido a uma série de atrasos e constrangimentos em diferentes projetos.

Em julho, o Ariane 5 fez o seu último lançamento, 25 anos depois da estreia e 117 missões depois. A reforma estava programada mas compromete o calendário espacial europeu. O modelo sucessor para o lançamento de cargas pesadas, o Ariane 6, continua sem data prevista para o primeiro voo de teste e não deve ter condições para assegurar missões comerciais antes de 2024.

Veja aqui as imagens da última viagem do Ariane 5

Nas entregas espaciais de média e pequena carga também há dificuldades. Até há pouco tempo a Europa dependia dos foguetões Soyuz, para o primeiro caso, mas a guerra da Rússia contra a Ucrânia inviabilizou a continuidade da cooperação. As negociações com a SpaceX para suprir esta falha não são novas, mas numa primeira fase, a informação que veio a público indicava que não tinham prosseguido, porque a empresa espacial criada por Elon Musk não tinha agenda para encaixar mais lançamentos.

No que se refere às cargas de menor dimensão, o cenário não tem sido muito mais animador. O Vega-C fracassou no final do ano passado, e só deverá estar em condições de voltar às operações comerciais em 2024. O Vega original, operado pelo consórcio Arianespace está prestes a despedir-se. O modelo que está em operação desde 2012 ainda no início do mês transportou para órbita dois satélites, mas “arruma as botas” no segundo trimestre do próximo ano.

Space-X vai reforçar número de missões este ano e em 2024

Entretanto, a SpaceX estará empenhada em fazer o maior número de missões que conseguir até final do ano, para chegar ao final de 2023 com um total de 100 voos. Nestas viagens transporta-se carga própria e de diferentes clientes. A meta para 2024 é ainda mais ambiciosa, com reforço da carga própria, para reforçar a constelação Starlink, nomeadamente com satélites que permitam suportar um novo serviço já anunciado pela empresa, de comunicações móveis via satélite.

Estas informações foram divulgadas numa audição no senado por Bill Gerstenmaier, uma responsável da empresa. Segundo ele, a meta para 2024 passa por lançar uma média de 12 voos por mês, para um total de 144 voos no ano. Um outro responsável da empresa acrescentou em declarações à Ars Technica, que no próximo ano a empresa quer preparar o lançamento do novo serviço de comunicações Direct to Cell e reforçar os serviços de internet para os 2 milhões de clientes que já serve.

Os serviços de voz e dados para telemóveis vão precisar de satélites maiores, que só poderão ser transportados pelo “gigante” Starship, que ainda não está em operação. De qualquer forma, esta componente do Direct to Cell só está prevista para 2025. No próximo ano, avançam as mensagens de texto (à semelhança daquilo que já é possível no iPhone em situações de emergência). Esta é uma funcionalidade que depende de satélites mais pequenos, ainda assim diferentes daqueles que a Starlink tem em órbita.

Este sábado, a SpaceX completou entretanto o lançamento para o espaço de 23 novos satélites para a constelação Starlink, que saíram do Cabo Canaveral em direção à órbita baixa da Terra transportados por um foguetão Falcon 9, que nesta missão fez o seu quarto voo. O lançamento foi um de dois no mesmo dia. De manhã já tinha saído da Califórnia mais um comboio de satélites da Starlink, neste caso 21, que se juntaram à mesma constelação cada vez mais perto de somar 5 mil satélites.

O vídeo do lançamento dos 23 novos satélites da Starlink pode ser acompanhado aqui.