Sam Bankman-Fried, fundador da plataforma cripto FTX, foi declarado culpado no julgamento que apreciou as acusações de fraude e lavagem de dinheiro que pendiam sobre o empreendedor de 31 anos.
A pena a que será sujeito ainda não é conhecida, mas o cúmulo dos crimes pelos quais foi condenado perfazem um total de 110 anos de prisão. Cinco acusações preveem penas máximas de 20 anos e outras duas de cinco anos. Não é provável que a decisão final da justiça chegue a este número, mas espera-se uma pena pesada.
Bankman-Fried e a sua defesa continuam a dizer que este é inocente e só teve conhecimento do buraco financeiro em que a empresa se encontrava poucas semanas antes de ser revelado. Cometeu erros, mas não agiu de má fé, alegou a defesa e o próprio durante o julgamento, mas os jurados que apreciaram o caso não valorizaram os argumentos. Ainda não se sabe se o empresário pretende recorrer mas o advogado disse, depois de ser conhecida a decisão, que o seu cliente continuará a tentar fazer valer a versão que tem defendido.
Na barra do tribunal, em Nova Iorque, o empreendedor teve a depor contra si a ex-namorada e outros dois executivos da FTX, que aproveitaram os acordos propostos pela procuradoria para reduzirem as suas próprias penas e acusações.
Bankman-Fried foi detido no ano passado na sequência da bancarrota da FTX, que foi precipitada pela exposição pública dos números confusos da empresa, que estava em vias de ser vendida á concorrente Binance. A plataforma chegou a ser a maior Exchange cripto e o seu CEO a grande referência do sector.
"Sam Bankman-Fried perpetrou uma das maiores fraudes financeiras da história americana - um esquema multimilionário pensado para transformá-lo no rei da criptografia", sublinhou o advogado que representou o Estado no processo, Damian Williams.
Na mesma comunicação, divulgada após ter sido conhecida a decisão do júri, sublinhou que "este caso sempre foi sobre mentir, enganar e roubar, e não temos paciência para isso".
SBF estava acusado de desviar milhões de dólares que pertenciam a investidores para capitalizar a Alameda Research, outra empresa que co-fundou, para fazer investimentos, doações políticas ou compras de propriedades. Quando a FTX faliu, em novembro do ano passado, a Alameda tinha uma dívida acumulada à plataforma de mais de 8 mil milhões de dólares. Foram precisamente os rumores de que a empresa podia falhar os seus compromissos com a FTX um dos fatores que precipitou o colapso da plataforma, a par da fuga em massa dos investidores perante os receios de falência
A maior parte dos ativos indisponíveis à data da bancarrota da FTX acabaram, no entanto, por ser recuperados, permitindo pagar aos investidores e credores. O desfecho não livrou SBF das consequências e das acusações, agora provadas que o complexo esquema de circulação de dinheiro foi montado com consciência dos riscos e limites legais ultrapassados.
A sentença de SBF só será conhecida no dia 28 de março do próximo ano.
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