Formar 100 mil portugueses, certificar 70 alunos do ensino superior, investir até 1 milhão de euros em programas para startups e formar 100 mil trabalhadores da Administração Pública, criando e desenvolvendo 15 programas inovadores, são algumas das medidas alinhadas no compromisso hoje assinado entre a Microsoft e o Governo Português, num novo memorando de entendimento.
Nos últimos anos foram assinados vários protocolos de cooperação entre a multinacional norte americana e o Governo Portugal, como o que foi firmado em 2006, aquando da visita de Bill Gates a Portugal, no âmbito do Government Leaders Forum organizado pela Microsoft. Esse protocolo abrangia 18 projectos, dispersos em três áreas de actuação. Na altura Carlos Zorrinho, coordenador do Plano Tecnológico, admitiu ao SAPO TeK que este era o mais amplo protocolo alguma vez assinado pela Microsoft com um Estado.
Em 2008 a parceria com a Microsoft foi renovada, num "memorando 2.0" assinado por Steve Ballmer, prevendo-se um conjunto de medidas de natureza prática, em 4 áreas chave do Plano Tecnológico, mais especificamente a área da Educação, Economia, Segurança e Modernização da Administração Pública.
Entre outros acordos de colaboração está uma ligação estreita com o Ministério da Educação, que em 2009 foi renovada por mais cinco anos, contemplando um investimento de 1 milhão de euros através da iniciativa Partners in Learning. Em 2008 tinha também sido assinado o acordo para o apoio a startups com o BizSpark referindo-se num balanço da iniciativa em 2012 que tinham sido apoiadas 350 empresas e realizado um investimento de 2,6 milhões de euros.
Ambição partilhada de acelerar Portugal
Na conferência de assinatura do protocolo, Pedro Siza Vieira, ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital, lembrou que foi num evento da Microsoft, em janeiro deste ano, que o Governo começou a apresentar o seu Plano de Ação para a Transição Digital que formalizou em fevereiro, sem ainda imaginar que a pandemia da COVID-19 ia transformar tanto a nossa vida e economia. "Podemos constatar que muito progresso do que queríamos fazer foi acelerado", afirmou o ministro na abertura da apresentação do memorando.
"Temos hoje coletivamente a consciência de que as tecnologias digitais são a forma de acelerar a transformação para o país", afirmou o ministro, lembrando que é importante dispor de recursos e lembrando que o Governo trabalha com clareza de propósitos, a convocação do sector privado e um trabalho em comum, propósitos que afirma que estão na base do acordo hoje assinado.
O ministro salientou também os 30 anos da presença da Microsoft em Portugal com uma subsidiária que tem investido no país e que vai continuar a investir com reforço dos recursos humanos.
O mesmo compromisso com a recuperação económica foi sublinhado por Paula Panarra, diretora geral da Microsoft Portugal. "É com o espírito de compromisso com o futuro e o compromisso com o país que assinamos hoje este protocolo em que nos vinculamos aos objetivos de acelerar a recuperação do país", afirmou, lembrando o trabalho que a empresa tem feito nas últimas 3 décadas, onde cresceu de uma subsidiária com apenas 2 pessoas em 1990 para uma estrutura com 1.200 colaboradores.
Objetivos de um acordo que está alinhado com o Plano de Ação para a Transformação Digital
"Sabemos que é ambicioso mas queremos reimaginar Portugal", afirmou Eduardo Antunes, da Microsoft Portugal, na apresentação das medidas previstas no memorando.
O responsável pelo sector público na Microsoft Portugal detalhou as medidas previstas no acordo que hoje foi assinado, e que assenta em três pilares: pessoas, empresas e Administração Pública, alinhados com os eixos do Plano de Ação para a Transição Digital do Governo.
Entre as iniciativas propostas pela Microsoft neste plano está o reforço da componente de formação com a plataforma Ativar Portugal, a formação de 100 mil portugueses com competências digitais e a certificação de 70 mil alunos do ensino superior.
Para as empresas foram alinhadas seis iniciativas, que pretendem ajudar a tornar as empresas mais eficiente e digitais, criando mais postos de trabalho, e a própria Microsoft Portugal vai contribuir para isso, criando mais 300 empregos e passando a 1.500 colaboradores. Um programa para apoio de startups é outra das medidas, com o investimento de até 1 milhão de euros.
Para a administração pública o objetivo é melhorar também a capacitação dos funcionários, com a formação de 100 mil pessoas, e o desenvolvimento de 15 projetos inovadores em conjunto com organismos do Estado.
Estas são, em detalhe, as medidas previstas no acordo, conforme apresentadas por Eduardo Antunes, da Microsoft Portugal:
Pilar Pessoas
- Iremos reforçar a divulgação da nossa plataforma de formação, no âmbito do programa “Ativar Portugal”, onde qualquer cidadão poderá ter acesso a mais de 1.200 cursos.
- Pretendemos apoiar e coordenar estes percursos de aprendizagem, que podem ser diferentes de pessoa para pessoa, desde o seu início até à sua conclusão e/ou certificação.
- Com este apoio e coordenação, temos a ambição e o objetivo de formar 100 mil portugueses, nos próximos 2 anos, de modo a capacitá-los em novas competências digitais.
- Iremos igualmente reforçar a parceria com o Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP) para a criação de mais Academias Microsoft, e com isso, formar e certificar 70.000 alunos do ensino superior.
Pilar Empresas
- Iremos criar mais 300 postos de trabalho na Microsoft Portugal, de modo a atingir um total de 1.500 colaboradores no nosso País.
- Vamos reforçar o nosso Centro Tecnológico Cloud que hoje em dia, a partir de Portugal, já presta serviços e apoio a mais de 90 países.
- Iremos continuar a promover e a patrocinar o evento tecnológico Ativar Portugal | Building the Future (que inclui a temática da Educação) que tem como objetivo partilhar tendências tecnológicas, aprofundar conhecimentos técnicos, contribuir para a discussão da transformação digital e criar valor.
- Vamos reforçar o apoio que damos aos nossos mais de 3.000 parceiros ou empresas, que colaboram connosco em Portugal, no sentido de os capacitar, de promover as suas soluções e ideias, de potenciar o seu negócio em Portugal e além fronteiras.
- Vamos reforçar o nosso apoio às startups portuguesas e vamos expandir o nosso programa. Hoje em dia já contamos no nosso programa com 40 startups e queremos expandi-lo até chegar às 100 startups.
- Iremos também investir até 1M Euros, na criação de um programa de apoio a startups portuguesas, localizadas em regiões de menor densidade populacional, disponibilizando recursos de computação, de forma a promover a descentralização e apoiar o empreendedorismo no interior do país e ilhas.
Pilar Estado Digital
- No âmbito da nossa plataforma de formação e de capacitação digital, para além dos 100 mil portugueses que referi anteriormente, iremos formar, nos próximos 2 anos, mais 100 mil trabalhadores da Administração Pública em diversas competências digitais.
- Iremos continuar a promover, em conjunto com os nossos parceiros, a constituição de Laboratórios de Desenvolvimento, Inovação e Experimentação em serviços públicos, de modo a contribuir para um Estado mais digital e que siga um novo paradigma de serviço público mais cómodo, eficiente e inclusivo. O nosso compromisso é criar e desenvolver 15 projetos inovadores nos próximos 2 anos.
- Relativamente a questões de segurança, iremos continuar a apoiar a Administração Pública e realizar sessões de formação e esclarecimento, com o objetivo de reforçar os conhecimentos relativos à prevenção, proteção, deteção e resposta a ciberataques. O nosso compromisso é realizar 100 sessões nos próximos 2 anos.
- Iremos reforçar a nossa colaboração ativa com os organismos públicos ligados às políticas de sustentabilidade ambiental na criação de soluções inovadoras e na aferição de dados para avaliação de impacto ambiental.
Nota da Redação: A informação foi atualizada com o detalhe completo dos compromissos assumidos pela Microsoft neste protocolo, conforme foram detalhados durante a conferência. Última atualização 15h49
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