Já começou o 31º Digital Business Congress que decorre nos dias 11 e 12 de maio em Lisboa, e depois de uma interrupção em 2020 e uma edição muito limitada em 2021 volta agora a um palco de grande dimensão, ainda em formato híbrido.
Como o mote escolhido pela APDC indica, o Futuro está no centro de todas as discussões e marcou as primeiras intervenções da manhã, que começaram com uma participação do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa. Presença habitual nos congressos da associação destacou a relevância da conferência no contexto de transformação digital. “Se há momento oportuno para o congresso é o momento em que vivemos”, o contexto de pandemia, assim como da guerra, vêm realçar a importância das telecomunicações, assim como da transição energética sustentável, afirma.
Apesar de sublinhar que o futuro chegou a Portugal e que o Governo colocou a transformação digital como uma das prioridades, Marcelo Rebelo de Sousa defende que é preciso mais.
“Precisamos de ir mais longe no futuro”, olhando a médio-longo prazo: necessidade de colaboração da indústria/organizações com o governo, que “aguardam esta interpelação” para “acelerar o futuro” e corresponder às “expectativas dos portugueses”.
O presidente apela a uma mobilização de todos, e em especial da indústria. “Tenho a certeza de que o Governo, a começar pelo Primeiro-ministro, aguardam essa interpelação. Querem responder, como a Europa quer. Porque é o futuro que já começou e que querem acelerar”, afirma.
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Foi também a olhar o futuro que Carlos Moedas, presidente da Câmara de Lisboa e ex Comissário Europeu da Inovação, centrou a sua intervenção, defendendo que é preciso colocar as cidades no centro da equação. “A inovação e a tecnologia são criadas nas cidades, porque é nelas que trocamos ideias, que vivemos o que não está escrito, que há conhecimento tácito”, defendeu, sublinhando que “as cidades são as plataformas do agora e não do amanhã”.
É nas cidades que se cria o conhecimento tácito e se consegue ir para além do digital. “Há uma diferença das entre as conversas que temos nestes palcos e a realidade das coisas”, defende, adiantando que há muitos desafios em fazer com que as pessoas entendam os desafios e a linguagem da tecnologia, superando uma barreira digital que ainda existe.
O desenvolvimento do empreendedorismo, que Carlos Moedas tem promovido, também fez parte da intervenção. O presidente da CML lembrou que quer ser o pivot de atração de talento e que gostava que houvesse mais ambição. “Temos de ter capacidade de atrair empresas, ir além do país e atrás do talento”, afirmou, lembrando que Portugal tem 7 unicórnios e a Espanha, que é 5 vezes maior, só tem 9. “Não estamos mal”, explica.
Da evolução das tecnologias à Web 3.0
Rogério Carapuça, presidente da APDC, e Paulo Portas, presidente do 31º Congresso, fizeram uma dupla em palco para passar da evolução das tecnologias ao futuro e aos desafios que se apresentam para a Europa, a digitalização e a globalização.
Do início da computação até aos supercomputadores e aos algoritmos de inteligência artificial, Rogério Carapuça afirma que hoje é possível fazer uma transformação digital real dos negócios e “podemos recorrer a algoritmos super-poderosos que podemos aplicar nas empresas e negócios para melhor conhecermos os nossos produtos e os nossos clientes”.
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Os negócios das plataformas, que nos últimos anos cresceram para se tornarem maiores do que muitos países em termos económicos. Portugal teria de “multiplicar a nossa economia por 12 para conseguirmos ter a dimensão económica de uma Apple”. A Web 3.0 traz novas possibilidades com a desintermediação, mas Rogério Carapuça admite que podemos não querer desintermediar tudo, porque em algumas áreas continuamos a precisar de intermediários.
A capacidade de análise macroeconómica e geopolítica de Paulo Portas trouxe para o Congresso a visão sobre a forma como a globalização e a digitalização estão a impactar as nossas vidas. “A globalização e a digitalização são “primos”, mas são vidas paralelas que não de cruzam necessariamente”, afirma, avisando porém para os riscos de fragmentação que existem se as relações económicas estiverem só relacionadas com a geopolítica, e que serão negativas. “Podemos perder 5% do PIB global se as relações económicas estiverem só subordinadas à geopolítica”, alerta.
As mudanças na forma como vemos o tempo, influenciadas pelo 5G, pelo 6G, a realidade aumentada, a internet das coisas e a inteligência artificial. “O conceito de velocidade e de tempo é assombroso”, justifica.
Entre as preocupações partilhadas por Paulo Portas estão também os desafios legais da regulação das big tech, com a possibilidade da Europa poder perder o controlo e das discussões que se abrem com o modelo nos Estados Unidos. “Para o coração do futuro da Europa é tão importante defesa e independência energética como estar no coração da inovação”.
O presidente do congresso mostrou vários gráficos e demorou-se num onde se mostra que as principais empresas tecnológicas são norte americanas mas que a China está a ganhar cada vez mais terreno. Ainda assim, sublinha que a vantagem é que no domínio do tecnológico é tudo muito rápido, e que uma boa ideia pode ser rapidamente substituída por outra melhor ainda antes de chegar ao mercado.
“Quem cessar a criatividade e busca pela excelência, quem não tiver ambição, será substituído por outro”, avisa.
O SAPO e o SAPO TEK são parceiros de Media da APDC para o 31º Digital Business Congress. Acompanhe aqui todas as novidades e notícias deste evento que marca a agenda dos profissionais do sector.
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