Embora ainda a meio da turbulência causada pelo bloqueio da empresa nos Estados Unidos, em Portugal a Huawei "não sentiu impacto", como afirmou hoje Tony Li, CEO da Huawei em Portugal, num encontro com jornalistas. E está a investir.

Em setembro a Huawei vai abrir um centro de desenvolvimento em Lisboa, e planeia contratar ainda este ano 30 engenheiros, grande parte dos quais dedicados ao novo centro. Cerca de um terço já estão contratados.

"Este é um teste, vamos ver como vai correr e se correr bem podemos alargar o centro", explicou Tony Li quanto questionado sobre a evolução desta nova unidade.

Em 2018 a empresa faturou 235 milhões de euros em Portugal, nas quatro áreas de atividade, o que representa um crescimento de quase 30% face a 2017, onde a faturação foi de 180 milhões de euros. O CEO da Huawei Portugal explicou que o impacto económico da empresa, em impostos, compras a fornecedores locais e pagamentos, foi de 159 milhões de euros em 2018.

Aos jornalistas, Tony Li admitiu que, para este ano, espera registar crescimento, mas não adiantou números.

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A Huawei já está há 15 anos em Portugal onde trabalhou com os operadores na implementação da rede 3G e 4G e está também a trabalhar para o 5G, colaborando nas várias experiências já realizadas, como o SAPO TEK tem dado conta.

Um centro novo de desenvolvimento em Lisboa

Este é o primeiro centro de desenvolvimento que a empresa abre em Portugal, e é um centro de suporte para o desenvolvimento da rede de rádio 4G e 5G, com foco na qualidade de serviço, como explicaram os executivos da empresa. Já existe um centro de inovação e experiência, mas que está focado no apoio a parceiros para o desenvolvimento de novos serviços.

O centro fica localizado no Parque das Nações, nas instalações que a Huawei já tem no local e onde está a fazer obras para suportar o crescimento.

Diogo Madeira, responsável pela área de comunicação, adiantou que a Huawei conseguiu atrair o novo centro para Portugal por várias razões, como a facilidade de encontrar pessoas que falam inglês, os custos de mão de obra competitivos, e o talento nesta área.

A empresa já tem outros centros dedicados a várias áreas na Europa, onde trabalham cerca de 12 mil pessoas só em Investigação e Desenvolvimento.

Apesar do lançamento da rede 5G em Portugal ainda não ter data, a Huawei está a trabalhar com outros países europeus onde o serviço já está disponível, como Espanha, Reino Unido e Suiça, mas Tony Li explica que ainda há optimização a fazer também nas redes 4G.

5G só a partir de 2020

O encontro com os jornalistas foi centrado no tema do 5G e a Huawei apresentou a tecnologia e as vantagens, mas também o desenvolvimento que a empresa tem registado nesta área. Segundo Samuel Ferreira, responsável pelo 5G e redes wireless, a Huawei já conta com mais de 50 contratos para redes 5G, 28 dos quais na Europa, e já entregou mais de 150 mil estações base.

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"Estamos a trabalhar com todos os operadores e com parceiros para o 5G", confirmou Tony Li, sublinhando que "estamos ainda numa fase inicial". O diretor executivo garante que a relação com os operadores não mudou com o bloqueio à tecnológica nos Estados Unidos e que "não sentiu impacto" económico desta situação.

O lançamento do 5G só deverá acontecer em 2020 e Tony Li defende que numa primeira fase os benefícios vão estar centrados na velocidade da rede, que permite o download de um filme e 8 GB em 6 segundos quando com 4G poderia demorar até 7 minutos.

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Ao contrário do 3G e do 4G onde Portugal esteve na linha da frente do lançamento dos serviços comerciais, com o 5G isso não vai acontecer, com vários países europeus a terem já disponíveis as redes e a oferta comercial, embora ainda limitada. Apesar de não haver data para a disponibilização do espectro e para o lançamento do leilão, Tony Li não acredita que este atraso possa ter impacto económico para os operadores. "Não há impacto real deste atraso", afirmou quando questionado pelo SAPO TEK.

Os maiores benefícios da tecnologia vão ser sentidos com a segunda fase do 5G, que deverá acontecer em 2022, e mais ainda com as terceira e quarta fases que estão dependentes de definição técnica e normativa.

Entre os casos de aplicação que a Huawei mostrou hoje destaca-se o processamento de realidade aumentada e realidade virtual na cloud, os drones ligados via wireless e as fábricas inteligentes, onde a velocidade e a baixa latência trarão grande benefício nas aplicações mais críticas.

Em Portugal os operadores têm feito várias experiências e demonstrações, com streaming de vídeo para televisão, condução de carros à distância e sistemas de emergência, acompanhamento de festivais de música em realidade virtual, mas também com streaming de jogos. Samuel Ferreira admite que a área do Turismo tem também um grande potencial e que os operadores estão à procura dos serviços e aplicações que podem trazer valor à utilização das redes 5G para o consumidor final e as empresas.

Nota da Redação: A notícia foi atualizada após o encontro com jornalistas. Última atualização 12h44.