O leilão do 5G em Portugal já está a decorrer há 3 meses e a fase principal, destinada à atribuição das frequências nas faixas dos 700 MHz, 900 MHz, 2,1 GHz, 2,6 GHz e 3,6 GHz, chegou hoje ao seu 48º dia, num processo que ultrapassou largamente a duração da fase reservada aos novos entrantes no mercado móvel português.
Nas seis rondas de hoje, as licitações atingiram os 262,72 milhões de euros, numa subida de 886 mil euros face ao dia anterior. As licitações de ambas as fases do leilão somam já um valor superior a 347 milhões de euros, ultrapassando o preço de reserva fixado pela Anacom nos 237,9 milhões.
Seguindo a tendência dos últimos dias, as únicas mudanças surgem na faixa dos 3,6 GHz, onde hoje se verificam subidas nas propostas relativas a 19 dos 40 lotes disponíveis. Constata-se também uma dinâmica de crescimento das ofertas das operadoras que leva a aumentos a rondar no máximo os 170% em relação ao preço de reserva, como é o caso do lote J03.
Fora de mudanças, há lotes que se destacam, como o dos 2,1 GHz que foi o que mais valorizou, apresentando uma subida de preço de mais de 400% face ao valor de reserva. Já os lotes da faixa dos 2,6 GHz também valorizaram mais de 200%.
Na faixa dos 700 MHz, o preço de licitação continua nos 19,2 milhões de euros e um dos lotes não recebeu ofertas desde o início da fase principal do leilão. De modo semelhante, os quatro lotes da faixa dos 900 MHz não registam alteração em relação ao preço de reserva de 6 milhões de euros.
À medida que o leilão se prolonga, a possibilidade de serem lançados serviços comerciais ainda no primeiro trimestre de 2021, como estava previsto no calendário da Anacom, fica cada vez mais longe. Recorde-se que, depois do encerramento do concurso, há ainda a fase de consignação e finalmente a atribuição. Porém, mesmo sem um fim à vista, as operadoras têm confirmado ao SAPO TEK que estão preparadas para avançar.
A polémica continua a marcar todo o processo do leilão e, ainda hoje, houve um novo pedido de suspensão. O ECO avança que a Altice terá enviado uma carta à Anacom, afirmando estar preocupada com as notícias que surgiram e que apontam para uma possível fusão entre a Másmóvil e a Vodafone, a acontecer até ao fim do semestre. A carta terá sido endereçada pela direção de regulação e pede a suspensão caso o negócio se concretize.
Além disso, numa recente conferência de resultados da Sonae, a presidente executiva da empresa, Cláudia Azevedo, criticou as regras do leilão do 5G, afirmando que "este concurso não tem pés nem cabeça". A responsável lamentou ainda a atuação do regulador, afirmando que o mesmo “faz uma reserva de espectro para os novos entrantes e impede os operadores que têm investido de terem espectro suficiente para melhorar o 4G e investir no 5G”.
Já Alessandro Gropelli, diretor de Estratégia e Comunicações da ETNO - Associação Europeia de Operadores de Redes de Telecomunicações, alertou na semana passada durante uma conferência da APDC para os riscos de dispersão do mercado, que poderá obrigar a uma redução da rentabilidade, que já está abaixo da que existe noutros mercados.
Nota de redação: A notícia foi atualizada com mais informação. (Última atualização 19h02)
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