Por Cristina Alves (*)

Num mundo cada vez mais moldado pela tecnologia, é crucial garantir que todas as pessoas tenham as mesmas oportunidades de participar na sua construção, incluindo as raparigas, que continuam sub-representadas no setor. Ao assinalarmos o Dia Mundial das Raparigas nas Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC), somos convidados a celebrar o talento feminino na área tecnológica e, ao mesmo tempo, a refletir sobre os obstáculos que ainda persistem no acesso igualitário à educação e às carreiras digitais.

O impacto da diversidade na inovação tecnológica é inegável. Equipas diversas, que integram diferentes perspetivas, conseguem pensar de forma mais criativa, construir soluções mais inclusivas e estar mais bem preparadas para responder aos desafios de um mundo em constante mudança. Ainda assim, o número de raparigas que escolhem carreiras em ciência, tecnologia, engenharia e matemática (STEM) continua a ser preocupantemente baixo. Não por falta de talento, mas, muitas vezes, por falta de incentivo e de modelos com quem se possam identificar.

Tudo começa cedo. Aos seis ou sete anos os interesses tecnológicos ainda não foram moldados por estereótipos de sexo. Mas, à medida que crescem, muitas raparigas vão absorvendo mensagens, explícitas ou subtis, que lhes dizem que a tecnologia "não é para elas". Este é o ponto de viragem onde não só podemos como devemos intervir.

É fundamental repensar a forma como apresentamos a tecnologia a todas as crianças. Para desconstruir a complexidade desta realidade, é importante demostrar que programar pode ser tão criativo como desenhar, que construir um jogo pode ser tão estimulante como resolver um mistério. E, mais do que isso, é preciso que as raparigas se vejam como criadoras, inovadoras e líderes no mundo digital e não como exceções numa indústria altamente desafiante.

Encorajar as raparigas e mulheres para as TIC é uma responsabilidade coletiva e que envolve uma mudança de mentalidade integrada, desde as famílias, escolas, e organizações à sociedade no seu todo. Precisamos de iniciativas educativas inclusivas, programas de mentoria e, sobretudo, de dar visibilidade a mulheres reais, em contextos reais, que usam a tecnologia para transformar o mundo e que podem ser exemplo para todas as raparigas de como é tão possível para elas como para eles.

A tecnologia não tem sexo e o talento também não. Promover o acesso igualitário à educação digital é uma garantia de que estamos a contribuir para um futuro que será construído com mais justiça, mais criatividade e mais representatividade. Neste dia, deixemos um apelo: vamos inspirar, apoiar e abrir portas. Porque cada criança que inspiramos e apoiamos hoje poderá ser um(a) líder para mudar o mundo amanhã.

(*) Partner Relationship Management of Securities Pole na KLx