São mais de 5,44 mil milhões de utilizadores em todo o mundo com acesso à Internet e o número está a crescer a uma taxa de 3,4% a nível global, um valor que é mais acelerado nas economias em desenvolvimento. Ainda falta muito para atingir os mais de 8 mil milhões de pessoas no mundo, mas o ritmo de crescimento é impressionante e em alguns países já se alcançou quase os 100% de utilização entre a população, com a Noruega à frente da lista.
Os mais de 2,6 mil milhões que continuam fora da rede estão sobretudo nos países do Sul da Ásia e em África, e é aqui que também se concentram muitos esforços para aumentar a conetividade, mas há ainda muito a fazer para se alcançar a universalidade de acesso, considerado um objetivo de desenvolvimento social. Muito passa pela criação da infraestrutura, mas também pelos equipamentos (computadores ou telemóveis) e naturalmente a literacia.
Na data em que se assinala o Dia Mundial das Telecomunicações da Sociedade da Informação, que já foi rebatizado como o Dia da Internet, não é demais lembrar que o risco de deixar os mais pobres e frágeis para trás tem sido apontado pela Organização das Nações Unidas (ONU). António Guterres, secretário geral da ONU, sublinha a importância de conseguir uma coligação para o digital de forma global, evitando fragmentação, protegendo os direitos humanos e garantindo que a tecnologia é um impulsionador do bem-estar, da solidariedade e do progresso.
A China é o país com maior número de utilizadores de Internet, à frente da Índia e dos Estados Unidos, e o número de pessoas com acesso à rede já ultrapassou os 1,09 mil milhões, chegando a 77,5% da população com a aceleração da infraestrutura nas áreas rurais e serviços preparados para integrar a população sénior. O relatório divulgado pelo China Internet Network Information Center (CNNIC) em março deste ano indica que só em 2023 mais de 24,8 milhões de chineses passaram a usar a internet.
Todos os indicadores mostram que o crescimento não vai abrandar. As projeções apontam para que os números globais continuem a crescer e em 2029 o número de utilizadores de internet chegue aos 7,9 mil milhões, aumentando mais de 40% e atingindo a quase totalidade da população mundial.
Acesso móvel é dominante e redes sociais ganham espaço
O mundo mudou nos últimos 50 anos, desde que a se fez a primeira ligação entre computadores na ARPANET (Advanced Research Projects Agency Network) em 1969, transmitindo a palavra login, e depois da criação da World Wide Web trazer uma forma mais acessível de acesso a informação, com uma web de páginas.
O crescimento das redes móveis, e dos smartphones que ganharam tração depois do lançamento do iPhone pela Apple em 2007 ajudou a impulsionar o acesso à rede.
A larga maioria dos utilizadores de internet recorrem a smartphones para se ligarem à rede, pelo menos algumas vezes. São 96,3% dos 5,4 mil milhões e os telemóveis já representam mais de 60% do tráfego global online. Números da GSMA, a associação do sector, indicam que existem mais de 5,65 mil milhões de utilizadores de telefones móveis no mundo, mas grande parte dos países desenvolvidos continuam a usar os computadores e tablets também como instrumento de acesso à internet.
Mais do que os números de acesso, é o tempo gasto online que mostra a verdadeira importância da Internet nas nossas vidas. Dados globais apontam para 6 horas e 35 minutos por dia, mas em muitos países esses número é muito superior, sobretudo entre os mais jovens. Na verdade, grande parte das pessoas passa o dia todo ligada à internet, dependendo da rede para trabalhar, comunicar, estudar e para acesso a entretenimento. De forma quase transparente a internet está na base dos principais serviços, de streaming de música e vídeo às mensagens e serviços de mapas, assistentes digitais. Já não “vamos à internet” porque já vivemos na internet.
Os dados reunidos pela Statista colocam a África do Sul em primeiro lugar nos países com utilizadores que passam mais tempo ligados à internet, com 9,32 horas, seguindo-se o Brasil com 9,14 horas e as Filipinas com 8,55 horas.
As redes sociais estão no top da lista dos serviços mais utilizados. Os dados globais apontam para mais de 5,04 mil milhões de utilizadores, números da consultora Kepios, mas somam os valores de várias redes e podem não corresponder a “humanos” já que uma grande percentagem de contas diz respeito a bots e também empresas, e há pessoas com contas em várias redes.
Vinte anos depois de ter sido criado, o Facebook conta com mais de 3 mil milhões de utilizadores por mês e apesar do desafio de novos serviços, como o TikTok, a Meta continua a dominar no cenário das redes sociais, sobretudo considerando a junção do Instagram, WhatsApp e Threads.
Uma internet cada vez mais dividida e a ameaça da Splinternet
O certo é que a Internet quando nasce não é igual para todos, e nos últimos anos assistimos a um controle cada vez mais apertado por regimes autoritários, com “apagões” propositados para controlar a escalada de protestos ou limitar o acesso à informação. China, Rússia, Coreia do Norte, Irão, Venezuela, Myanmar, Sudão, Paquistão, Jordânia ou Chad são apenas alguns dos nomes de uma longa lista de países que mantêm restrições de acesso à Internet.
A divisão acontece também pela fragmentação de serviços. A Internet Society é uma das organizações que tem vindo a alertar para a possibilidade da fragmentação deitar por terra décadas de esforço para garantir a ligação do mundo inteiro, dividindo a Internet numa série de redes separadas, sem pontos de contacto.
Dan York, diretor da Internet Society, defende que o impacto na nossa forma de viver é profundo e exemplifica, de forma simples, com o caso de quem não consegue aceder ao Facebook, tem uma alternativa ao Google porque o motor de busca está bloqueado e que mesmo a Wikipedia está fora de alcance.
“Podemos usar os mesmos browsers e programas de email mas não conseguimos chegar aos mesmos sítios. E mesmo que consiga, não tem a certeza se o governo local está a monitorizar tudo o que faz online”, defende Dan York
Rússia e China são os dois grandes blocos que mantêm serviços separados da internet global, e as divisões geopolíticas podem agravar esta fragmentação, promovendo maior controle de informação. “A internet foi bem-sucedida porque é aberta, sem restrições, e com protocolos comuns. Para o manter temos de parar a divisão e fragmentação”, avisa Dan York.
Cerca de 60 países uniram-se em 2021 numa declaração para o futuro da Internet, que também Portugal assinou, e que pretende proteger os direitos humanos e a liberdade para todos, uma Internet global que impulsione a livre circulação de informação e acesso aos benefícios da economia digital. Pode ser apenas uma declaração de intenções mas não deixa de ter importância num momento em que as ameaças são cada vez maiores.
Portugal com mais de 85% da população online e acima da média nas redes sociais
Em Portugal os dados do INE mostram que, em 2023, 85,8% da população residente utilizou a internet nos três meses anteriores à entrevista e a taxa de utilizadores é superior a 98% para quem concluiu o ensino superior ou secundário. São números que estão abaixo da média europeia, que os dados do estudo da Economia Digital fixa nos 94%, e também as competências digitais são mais reduzidas.
Ainda assim, nos últimos seis anos Portugal reduziu em 3 pontos a exclusão digital, comparativamente com o período homólogo. Este indicador passou de 22% em 2017 para 13% em 2023, como revelam os dados dos estudos da Década Digital, e há progressos a registar na evolução das competências digitais básicas, com 55% da população entre os 16 e os 74 anos a possuir pelo menos este nível de literacia.
Na internet, 92,2% dos utilizadores trocaram mensagens instantâneas (via WhatsApp, Messenger, etc.), 87,5% enviaram ou receberam e-mails, 85,3% fizeram pesquisas sobre produtos ou serviços, 82,4% telefonaram ou fizeram chamadas de vídeo, 79,7% leram notícias e 79,3% utilizaram em redes sociais.
O uso de redes sociais está acima da média europeia, segundo dados do Eurostat, e Facebook, X (Twitter), Instagram, Snapchat ou TikTok são a redes sociais onde perto de 70% dos portugueses criaram perfis, publicaram fotos e vídeos, interagiram com outras publicações e trocaram mensagens.
Nas empresas apenas 66% têm presença na internet, mas há uma preferência pelo domínio .PT, escolhido por 75% das organizações. No total estão registados 1.840.613 domínios em .pt, dos quais 455.580 estão ativos, e em janeiro deste ano foram batidos recordes de novos registos.
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