A cultura empresarial do TikToK fora da China está a gerar desconforto entre os colaboradores da empresa fora da China e, em alguns casos, tem dado o mote para despedimentos. O tema já tinha sido abordado por alguns órgãos de comunicação social. Ganhou destaque depois de uma reportagem do Financial Times, onde se relata que nos últimos meses o escritório de Londres da plataforma da ByteDance sofreu uma "debandada" tal, que a equipa ficou reduzida a metade.

Entre quem saiu por vontade própria e quem saiu por decisão da empresa, na base das cerca de duas dezenas de saídas dos últimos meses parece estar uma diferença de entendimento em relação àquilo que um profissional dedicado deve fazer e ao número de horas que precisa de trabalhar para afirmar esse valor.

"Há pessoas a sair todas as semanas. É como um jogo - todas as segundas-feiras perguntamos quem foi despedido, quem se demitiu", admitiu um colaborador da empresa ao jornal britânico.

O FT falou com uma dezena de colaboradores, atuais e antigos, do TikTok no Reino Unido, segundo os quais as saídas em massa começaram após o lançamento da TikTok Shop no Reino Unido, em outubro do ano passado, uma plataforma de comércio eletrónico com emissão de conteúdos em direto.

Os empregados em Londres queixam-se de ser pressionados a alinhar as suas atividades com o horário de trabalho na China, o que com frequência resulta em dias de trabalho com mais de 12 horas. Também se queixam de ter de fazer relatórios de reuniões logo a seguir às videoconferências, mesmo quando estes meetings já decorrem fora do seu horário normal de trabalho.

Até há pouco tempo as empresas chinesas cultivavam uma política de trabalho 996. Trabalhar seis dias por semana, das 9h às 21h. No ano passado, a justiça declarou esta prática ilegal. Em outubro do ano passado a ByteDance alterou as suas regras internas para estar em linha com a decisão e proibiu os colaboradores na China de trabalharem depois das 19h.

Aparentemente, isso não trouxe grandes alterações às práticas da empresa no resto do mundo. Um artigo do Insider no mês passado citava antigos empregados em São Francisco e Nova Iorque a queixarem-se também da frequência com que tinham de trabalhar até tarde, para conseguir acompanhar o horário de trabalho na China e em Londres. Há poucos dias, uma colaboradora do TikTok em Singapura confirmou a mesma situação, explicando que trabalha frequentemente fora de horas para conseguir responder aos pedidos dos colegas noutras geografias.

Como apurou o FT, junto dos colaboradores de Londres, a empresa é clara na sua comunicação com os empregados, relativamente ao que entende por um elevado nível de compromisso. Partilha fotos de colaboradores a trabalhar durante a noite, com esse tipo de menção e tem punido quem tira dias para descanso. Quem reclama e goza folgas, quando regressa pode encontrar o acesso às contas de trabalho bloqueado, ou ser despromovido, refere o artigo.

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