No verão do ano passado, o Center for Countering Digital Hate dos Estados Unidos apresentou um relatório onde concluía que a X (a redes social antes conhecida como Twitter) tem vindo a adotar práticas permissivas à disseminação de discursos de ódio. Elon Musk, dono da plataforma, não gostou da acusação e moveu um processo contra a organização, que acusou de estar a tentar denegrir a imagem da rede social e a lesá-la em milhões de dólares de publicidade perdida, por causa das acusações.

A resposta da justiça chegou agora, com o juiz que apreciou o caso num Tribunal de São Francisco a inviabilizar o mérito das acusações da empresa contra a ONG e a considerar que o novo dono da X só ordenou o processo judicial contra o CCDH porque não gostou das críticas.

"A X Corp interpôs este processo para punir o CCDH pelas publicações que criticaram a X Corp e talvez para dissuadir outros que possam querer fazer críticas idênticas", escreveu o juiz na sentença divulgada pela Reuters. "É impossível ler a queixa e não concluir que a X Corp está muito mais preocupada com o discurso do CCDH do que com os seus métodos de recolha de dados".

No processo, a X acusa o Centro de violar o seu contrato de utilizador de 2019, para obter dados na plataforma, que manipulou para criar relatórios falsos que apresentam a rede social como um espaço aberto aos discursos de ódio, extremismo e desinformação. A acusação diz ainda que a campanha do CCDH foi orquestrada para afugentar os anunciantes e causar milhões de dólares em prejuízos à empresa.

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No processo contra o CCDH estava também envolvida a European Climate Foundation, que Musk acusava de conspirar com o CCDH para obter dados da plataforma de forma ilegal. O juiz considerou as acusações infundadas.

A X já disse que vai recorrer da decisão. Imran Ahmed, CEO do CCDH, também já comentou a decisão, para dizer que esta confirma o direito da organização para pedir responsabilidades às decisões que as empresas tomam por trás dos panos.

Antes de comprar o Twitter, Musk disse várias vezes que queria fazer da rede social uma plataforma de promoção da liberdade de expressão, um direito que o próprio sempre defendeu, mas que alguns episódios nos últimos anos parecem pôr em dúvida.
Já à frente da rede social, Musk reduziu ao mínimo as equipas responsáveis pela verificação de conteúdos e combate à desinformação e isso tem-lhe valido muitas críticas e alguns problemas com diferentes reguladores.