O fim definitivo das operações da Virgin Orbit parece cada vez mais certo, mas ainda há (alguma) esperança. Nas últimas semanas a empresa controlada pelo grupo de Richard Branson tentou refinanciar-se, depois de falhar a sua primeira missão realizada a partir do Reino Unido. Não conseguiu e acabou por avançar esta semana com um pedido de insolvência, para tentar preservar o mais possível os ativos da empresa dos credores, enquanto faz uma derradeira tentativa de encontrar um comprador.
O fim iminente da empresa foi precipitado pelo falhanço da última missão realizada em janeiro. Muito aguardada por ser a primeira realizada a partir de um porto especial do Reino Unido, acabou por fracassar por causa de uma anomalia no LauncherOne, que impediu o foguetão de alcançar a órbita desejada e lançar os nove satélites que transportava.
Depois deste episódio, a empresa quis voltar ao mercado para obter mais financiamento mas, como refere a BBC, citando o antigo presidente da companhia Will Whitehorn, a coincidência do momento com a falência do Silicon Valley Bank não foi feliz e acabou por diminuir as hipóteses de sucesso da operação.
O mesmo responsável acredita, no entanto, que o percurso da Virgin Orbit até aqui é uma mais-valia, para que a empresa ainda vá a tempo de salvar a operação montada até aqui, sublinhando o interesse do mercado nesta indústria e lembrando que a Virgin já colocou no espaço dezenas de satélites (33, segundo a companhia).
Veja as imagens do voo de Richard Branson na Virgin Orbit
Outros analistas consultados pela BBC são menos otimistas. Há vários casos de empresas que, meses depois de declarar falência, voltam ao mercado com outros donos e com uma bagagem de dívida mais leve. Há poucos exemplos no sector espacial, intensivo em investimento e onde há dezenas de empresas a desenvolver veículos e sistemas de lançamento de satélites. Entre essas empresas, a Virgin carrega o peso de duas missões falhadas (em seis) e de não ter chegado a conseguir obter a cadência de lançamentos desejada (um por mês), que ajudaria a diluir custos de operação.
Dan Hart, CEO da empresa, confirmou a decisão da Virgin sublinhando que "apesar de termos feito grandes esforços para fazer face à nossa posição financeira e assegurar um financiamento adicional, devemos, em última análise, fazer o que é melhor para o negócio". Também se mostrou otimista em relação à capacidade da empresa para nas próximas semanas encontrar um comprador, graças à tecnologia de ponta desenvolvida e lançada nos últimos anos, que “será muito apelativa para os compradores”.
A declaração de falência da Virgin Orbit foi entregue esta terça-feira, 4 de abril. A declaração de falência foi acompanhada do anúncio de um reforço de capital da Virgin Investments, do mesmo grupo, no valor de 31,6 milhões de dólares, para suportar o processo.
A Virgin Orbit nasceu em 2017, quando foi separada da empresa de turismo espacial do mesmo grupo, a Virgin Galatic, e continua a ser controlada pelo Virgin Group (75%). Dados de setembro do ano passado indicavam que a empresa tinha uma dívida de 153,5 milhões de dólares e ativos de 243 milhões de dólares, segundo a Reuters.
Nas últimas semanas a companhia já tinha confirmado o despedimento de 675 dos 750 colaboradores, numa operação que terá custado 15 milhões de dólares, depois de anunciar a suspensão da maior parte das atividades, para poupar recursos financeiros até encontrar uma solução para voltar à atividade normal.
Segundo a BBC, Richard Branson e o grupo Virgin já terão investido mais de 1.000 milhões de dólares no negócio espacial, tanto na vertente de lançamento de satélites, como no desenvolvimento de veículos reutilizáveis para levar turistas ao espaço - um sistema já testado pelo próprio Branson. A Virgin Galatic segue a sua aventura espacial e a preparação de viagens que vão custar a cada passageiro 250 mil dólares.
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