A Ericsson vai ter de responder na justiça russa pelo corte no fornecimento de equipamentos de rede à Tele2, operadora de telecomunicações local. A empresa confirmou esta sexta-feira à Reuters que vai avançar com um processo judicial contra a fabricante sueca.

A Tele2 alega que a Ericsson deixou de cumprir obrigações contratuais relacionadas com o fornecimento de equipamentos e quer que a empresa seja responsabilizada por isso, garantindo que o processo avança após oito meses de negociações para tentar resolver a questão, que não permitiram chegar a uma solução. O tribunal arbitral de Moscovo irá analisar o caso.

Numa declaração enviada à Reuters a operadora revela: "iniciámos um processo contra a Ericsson Corporation e a Satel TVK, devido à recusa das empresas em cumprir as suas obrigações de fornecimento de equipamento. A maior parte do equipamento não entregue refere-se a encomendas feitas muito antes de serem impostas sanções". A Satel é uma empresa russa que distribui equipamento da Ericsson junto dos operadores russos.

A Ericsson admite que já teve conhecimento da ação judicial através da imprensa russa, mas diz que, para já, não pode comentar o assunto.

A Ericsson tinha anunciado a saída da Rússia para abril passado, indicando que ia desfazer-se da equipa de 400 colaboradores que mantinha no país. Em setembro vieram a público notícias indicando que a empresa não tinha cumprido a promessa e continuava em atividade na Rússia.

A Ericsson comentou a polémica na altura, admitindo que continuava a fornecer software e apoio técnico aos clientes da Rússia, mas garantindo que não vendia equipamentos de rede na Rússia desde o dia 24 de fevereiro, altura em que a Rússia invadiu a Ucrânia.

Centenas ou milhares de empresas deixaram de operar na Rússia desde o início do conflito. Em muitos casos o país tem tentado contornar as sanções com a oferta de empresas locais, ou fornecida por empresas de países sem uma posição clara contra a Rússia, caso dos tablets e smartphones da chinesa Huawei que têm aumentando vendas no país.

As telecomunicações são uma área crítica e as alternativas para um operador que assenta a sua infraestrutura de rede nas soluções e equipamentos de uma determinada marca devem ser poucas ou mesmo nenhumas, em alguns aspetos.