A “toque” da Comissão Europeia começam a definir-se datas e acertar-se o passo para a materialização do 5G, algo que deve (começar a) acontecer em redor de 2020. Já há compromissos sobre libertação de espectro de radiofrequências e acordo para a atualização das regras de telecomunicações que, além disso, vão definir tempos e condições de licenciamento do espectro para os operadores.
O objetivo é abrir caminho para a implementação das redes móveis de próxima geração.
As promessas do 5G são significativas: velocidades que podem chegar aos 20Gbps, mobilidade até 500 quilómetros por hora, latências próximas de um milissegundo e a possibilidade de ter um milhão de dispositivos ligados por Km².
Condições que darão resposta a diferentes áreas num cenário cheio das “siglas” mais tecnológicos, como IoT, IA, M2M, RV ou 4K, envolvendo carros autónomos, robots e robótica, saúde, segurança, entretenimento e outros serviços ou áreas que necessitem de rapidez de conectividade.
As previsões apontam para que o 5G represente mais de 30% do total das ligações móveis na Europa em 2025, com 214 milhões de utilizadores. Em redor da tecnologia serão criados 2,5 milhões de novos postos de trabalho e gerados 130 mil milhões de euros de negócio. Mas antes disso, vai ser necessário investimento por parte das operadoras de telecomunicações. E muito.
Testes “on the road”, mas tecnologia ainda demora
As redes 5G têm vindo a ser testadas em todo o mundo, em Portugal inclusive. Enquanto o país aguarda que o corredor para carros autónomos avance até Espanha, a Altice é uma das mais recentes protagonistas, com uma experiência conduzida tendo por base um router Huawei pré comercial e uma antena ativa. A operadora já tinha realizado outros testes, mas este foi apresentado como de “5G mesmo”.
A Vodafone também já protagonizou algumas demonstrações e, recentemente, inaugurou o 5G Hub, um laboratório aberto que conta com a parceria da Ericsson e que se destina ao desenvolvimento de produtos e serviços 5G.
Entretanto, a NOS mostrou, pela primeira vez, a sua visão e estratégia para a tecnologia e para o desenvolvimento de serviços, tanto para o mercado de consumo, como industrial, em parceria com a Nokia. O evento serviu para apresentar alguns use cases de serviços que só a partir do final de 2019 começarão a surgir. Realidade realidade, provavelmente, apenas em 2025.
As três operadoras parecem concordar quanto ao tempo que ainda vai demorar ao 5G a instalar-se no mercado. A “sintonia” é justificada também pelas estratégias das fabricantes na produção de equipamentos. Primeiro deverão surgir terminais para o mercado empresarial, como o router desenvolvido pela Huawei, usado nos testes da Altice, que segundo afirmou Chris Lu, responsável pela empresa em Portugal, deverá estar disponível para comercialização muito em breve. Smartphones 5G “em 2020, provavelmente, já teremos alguns protótipos funcionais”, acrescentou.
Mas 2019 também pode ser uma hipótese, dependendo do que se estiver a falar em concreto. Outras fabricantes de equipamentos, como a LG, Sony, HTC, Asus, Xiaomi ou ZTE, apontam para tal "prazo".
Para que os utilizadores possam desfrutar de toda a velocidade do 5G, vai no entanto ser necessário que as operadoras correspondam com a instalação de infraestruturas adequadas, que assegurem a cobertura de sinal. Tal como imposto pela UE, a Anacom já definiu a libertação da faixa dos 700 MHz para a tecnologia, algo que irá acontecer entre o último trimestre de 2019 e o final do segundo trimestre de 2020.
Também ainda falta a atribuição do espectro. Em dezembro do ano passado, os ministros europeus das telecomunicações afirmaram estar relutantes em aceitar as regras definidas pela União Europeia para os leilões , que podem chegar a vários mil milhões de euros para os Estados-membros. Em Setembro de 2016, Bruxelas propôs alterar a actual legislação para tornar o processo mais fácil e menos demorado de modo a que as autoridades nacionais pudessem avançar com o leilão por 25 anos.
A preocupação sobre as regras do leilão foi partilhada pelo CEO da Altice Portugal, esta quarta-feira. Alexandre Fonseca considera que o leilão de espectro 5G não pode ser visto como uma ferramenta de financiamento. “Estamos a pagar mais por regulação quando temos menos receitas, por isso não podemos cair na tentação de olhar para um leilão de 5G de frequências como uma forma de financiar a regulação, como uma forma de financiar estados”. O responsável da Altice Portugal defende que o leilão deverá ser feito de uma forma diferente, "mais inclusiva, pondo os operadores dentro da discussão”.
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