Por José Paiva (*)

Em Portugal, a utilização de Outsourcing de Recursos de Tecnologias de Informação (TI) é bastante elevada.

Tal deve-se à natural necessidade de flexibilidade por parte das empresas na gestão das equipas tecnológicas ao nível de disponibilidades, competências e custos. Outro factor causal aqui é a legislação laboral, pouco sensível à especificidade de um setor tão dinâmico como as TI. Outro ainda a necessidade dos responsáveis de TI nas empresas ultrapassarem barreiras orçamentais de headcount (contratação) de forma engenhosa, garantindo os profissionais TI de que necessitam sem um ‘aumento dos quadros’.

A grande frequência de utilização de Outsourcing TI leva a que, na maior partes dos casos, praticamente não exista distinção entre os recursos ‘internos’ (contratados) e os ‘externos’ (Outsourcing TI), demonstrando que na realidade o que importa não é tanto como se ‘obtém’ os recursos, mas o papel que estes desempenham no funcionamento das organizações. Em muitos casos, o Outsourcing TI é até usado como um processo de ‘recrutamento alternativo’, em que um recurso cedido por uma empresa externa é ‘internalizado’ ao fim de algum tempo a trabalhar na empresa cliente (o chamado Staff2Hire).

Num momento em que a retoma da economia é ainda incerta, e muitas empresas estão ainda inseguras em retomar a contratação de profissionais de TI para os seus quadros, o Outsourcing de TI apresenta-se como uma excelente ferramenta para aumentar os recursos TI disponíveis sem compromissos de longo prazo, visto constituir uma despesa que pode ser cancelada num curto prazo de tempo, se tal for necessário (ou ser ‘internalizada’, como referido acima).

Embora as empresas tendam, tradicionalmente, a usar fornecedores de Outsourcing TI locais (i.e., nacionais), num contexto de progressiva globalização do trabalho tecnológico, em que o trabalho remoto eliminou a maioria das barreiras para se aceder a outras fontes de talento TI, faz todo o sentido apostar na diversificação dos fornecedores de Outsourcing de TI além-fronteiras, numa perspectiva global.

Com efeito, com o enorme aumento de competição pelos recursos TI em Portugal por parte de empresa estrangeiras (com o consequente aumento da escassez e dos salários), é sensato que as empresas nacionais considerem seriamente recorrerem a Outsourcing TI de outros países, numa lógica de trabalho remoto além-fronteiras, para aumentar o leque de escolhas e conseguir otimizar o binómio qualidade-custo.

Existe também aqui uma enorme oportunidade para as empresas de Outsourcing TI nacionais fornecerem os seus serviços a empresas de outros países, nomeadamente aqueles com economias de maior valor.

Como muita da economia Portuguesa, as atividades de Outsourcing TI (tanto de clientes como de fornecedores) devem abraçar a realidade da globalização do trabalho tecnológico.

(*) CEO @ Landing.Jobs