Pode parecer algo de ficção cientifica os automóveis circularem sem condutor, ou pelo menos, sem a sua intervenção. Mas estes veículos já são uma realidade, não para as pessoas comprarem, mas para usufruírem de serviços de mobilidade autónoma, os chamados robotaxis. Muitas notícias chegam sobretudo dos Estados Unidos, onde estão a ser realizados testes em cidades como São Francisco ou Austin.
A imagem atual dos veículos autónomos ainda não é ideal. O bloqueio das estradas às ambulâncias, o desrespeito pelos sinais de trânsito e claro, os incidentes esporádicos fazem o público olhar de lado, sobretudo nas localidades da Califórnia, Arizona e Texas, nos Estados Unidos, onde os testes continuam a se intensificar.
Veja na galeria imagens do Cruise Origin, veículo de nível 5 de condução autónoma:
Para ultrapassar os receios ligados à condução autónoma, foi criada recentemente uma associação nos Estados Unidos, a Autonomous Vehicle Industry Association (AVIA) com representação de empresas como a Cruise, Waymo, Zoox, Motional e outras ligadas ao sector. Segundo o The Verge, a associação está a divulgar o documento TRUST Principles, um plano para lidar com o negativismo em torno do tema. A ideia é informar e divulgar os bons princípios da condução autónoma.
Até agora, apenas nos Estados Unidos e China estão a ser aprovadas pelos reguladores as licenças para serviços experimentais nas estradas públicas. Empresas como a Lyft, Cruise e Waymo têm expandindo as suas zonas de testes nos Estados Unidos, mas com constante polémicas de incidentes associadas.
O facto é que ainda existe alguma incerteza por parte das pessoas na hora de decidir circular num veículo autónomo. E há mesmo um estudo que indica que a tecnologia está a amadurecer a bom ritmo, mas ainda lhe falta um pouco para ser adotado pelas massas. Em causa estão indicadores como a resposta dos sistemas de condução autónomo, revelando que ainda não é hora de os humanos saírem completamente do volante.
A inteligência artificial vai certamente dar um enorme empurrão a esta tecnologia, ajudando a melhorar a segurança e a evitar acidentes. Os sensores avançados e algoritmos de IA vão transformar a forma como os veículos detetam e evitam os obstáculos. Estão previstas várias inovações de IA nos automóveis, incluindo a ajuda a pessoas com deficiência ou mesmo otimizar os consumos dos veículos.
As fabricantes de automóveis estão a transformar alguns dos seus modelos elétricos para que possam no futuro, em próximas versões, assumir um certo nível de autonomia. O modelo atualmente mais conhecido e atualizado é o IONIQ 5 Robotáxi, construído pela Hyundai e a Motional. Também se espera que a Tesla apresente o seu robotaxi, que segundo Elon Musk será revelado em agosto. Fabricantes que entraram agora no negócio dos automóveis elétricos, como a Huawei e a Xiaomi também poderão lançar veículos autónomos nos próximos anos, para referir apenas alguns exemplos.
O IONIQ 5, que recentemente passou com distinção no “exame da carta de condução”, tem sido utilizado pela Lyft. Já a frota da Waymo, empresa da família da Google, é totalmente composta pelos modelos Jaguar I-PACEs. Do lado da Cruise, que pertence à General Motors, os veículos utilizados são o G3 Cruise AV, baseados no Chevrolet Bolt.
Veja na galeria imagens do robotaxi Hyundai IONIQ 5 de nível 4:
De notar que estas três conhecidas fabricantes estão a testar veículos autónomos de nível 4. A Cruise já revelou o Cruise Origin capaz de operar em níveis 4 e 5, segundo a escala criada pela Society of Automotive Engineers (SAE) responsável por criar a normalização global. Para ter uma ideia, os modelos da Tesla que utilizam o Autopilot são classificados como o nível 2.
Mas afinal, como são classificados os veículos autónomos? Existem seis níveis da escala da SAE, começando no zero para os modelos que não têm qualquer autonomia, mas ainda assim têm funcionalidades eletrónicas que assistem o condutor. E a escala vai até ao nível 5, para veículos que nem volante ou acelerador têm.
Conheça ao detalhe cada nível de condução autónoma segundo a SAE
Nível 0: sem qualquer automação de condução
Os automóveis modernos já têm algumas das funcionalidades tecnológicas que se enquadram no contexto do nível zero. Algumas funcionalidades eletrónicas como o controlo eletrónico de estabilidade (ESC na sigla inglesa) ou o assistente de travagem de emergência (AEB) dão uma ajuda ao condutor em cercas situações.
Trata-se, portanto, de um sistema totalmente não automatizado, dando controlo completo ao condutor. Fazem ainda parte deste grupo, sistemas de apoio à condução como o cruise control, o ABS e controlo de tração, entre outros.
Nível 1: assistente ao condutor
Neste grupo pode encontrar alguns sistemas de apoio à condução que intervêm no veículo, nomeadamente na aceleração e travagem, assim como na direção do automóvel. O condutor mantém a responsabilidade de prestar atenção a outros veículos e estar sempre atento quando deve travar. Pode encontrar sistemas que mantêm o veículo na sua via, “prendendo” o volante quando tenta mudar de faixa sem fazer o pisca.
O sistema de cruise control adaptativo, ou seja, que ajusta a velocidade mediante a distância do carro da frente, permitindo ao condutor levantar o pé temporariamente dos pedais. Mas o condutor pode sempre interferir e tem sempre a decisão absoluta do controlo do automóvel.
Nível 2: automação parcial de condução
Os sistemas de apoio à condução são bem mais sofisticados, sendo capazes de detetar informação gerada em redor do veículo e dessa forma incorporar na condução. Ainda assim, este sistema requer toda a atenção do condutor para supervisionar a condução e assumir o controlo sempre que necessário. Neste nível, o automóvel consegue combinar as dinâmicas longitudinais com laterais, ajustando a condução nas faixas com o controlo da velocidade.
Existe ainda uma espécie de nível 2+, para automóveis que têm ainda mais sistemas de assistência inteligentes ao condutor, que trabalham de forma interconectada para aumentar a segurança dos passageiros. De notar que apesar do veículo conseguir “conduzir” sozinho, tudo o que acontece é da inteira responsabilidade dos condutores, que devem monitorizar tudo. Os sistemas até obrigam o condutor a tocar no volante regularmente para confirmar que está atento.
Nível 3: automatização condicional
A partir do nível 3 entra-se naquilo que é considerada a “semi-autonomia”, ou seja, os automóveis já conseguem assumir o controlo em situações mais específicas, realizando algumas tarefas sem a intervenção do condutor. O estacionamento automático ou a capacidade de conduzir em vias com muito trânsito. Mas mais uma vez, o condutor continua a ser necessário para intervir sempre que necessário.
Neste nível está garantido que o veículo assume o volante ao condutor, que deixa de ter de monitorizar constantemente o sistema. Fica assim liberto para outras pequenas atividades, com alguma limitação, tais como mexer no telemóvel, ver filmes ou participar em chamadas de vídeo. Mas dormir está fora da equação. O sistema envia alertas ao condutor sempre que necessita da sua intervenção.
De notar que a Alemanha já criou os requisitos para este tipo de automatização desde 2017. A Mercedes-Benz foi a primeira fabricante a obter a aprovação para lançar automóveis de passageiros com nível 3. Apenas podem circular até 60 km/h, o que facilita em situações de elevado tráfego.
Nível 4: Automatização de elevado nível
O quarto nível permite ao automóvel assumir o controlo de todas as principais componentes da condução. Este consegue conduzir de forma autónoma, mas em percursos pré-definidos. Este é o nível dos robotaxis que estão a ser testados nos Estados Unidos, assim como na China e Coreia do Sul, sem recurso a um condutor.
Ainda assim, caso os veículos saiam do seu percurso definido é preciso o condutor intervir, caso contrário, o sistema de segurança imobiliza o veículo. Neste nível, os condutores podem mesmo ver filmes ou dormir. E o veículo consegue conduzir sem ter ocupantes a bordo.
Nível 5: Automatização total
Este nível máximo acrescenta o fator do veículo conseguir conduzir de forma totalmente autónoma, sem qualquer rota predefinida ou intervenção do condutor quando este se desvia do circuito. O automóvel pode conduzir em qualquer circunstância de tráfego e qualquer condição. De notar que estes veículos nem sequer têm volantes ou pedais de acelerador, eliminando por completo a necessidade do condutor, que passa a ser apenas passageiro.
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