O movimento já tinha sido antecipado e pretende ajudar a recuperar a marca Honor, uma sub marca da Huawei para smartphones de baixo custo direcionada a um segmento mais jovem. A empresa chinesa quer assim separar os dois negócios, evitando o contágio das sanções que foram impostas pela administração Trump e que impedem a Huawei de ter acesso a tecnologia de empresas norte americanas.
O grupo está sob sanções que bloqueiam o acesso a tecnologia norte-americana, incluindo componentes e programas essenciais para o fabrico e operacionalidade dos telemóveis, incluindo ‘chips’, semicondutores ou os serviços da Google. Ontem a Huawei conseguiu um sinal positivo, com a garantia de que a Qualcomm poderá vender-lhe alguns chips.
O anúncio oficial da Huawei Technologies não inclui detalhes financeiros, dando apenas a confirmação de que a empresa não terá mais participação na Honor, assim que o negócio for consumado. “A mudança foi feita para garantir a sobrevivência” da Honor, afirma a Huawei em comunicado.
A Honor foi fundada em 2013 e é uma das marcas de telemóveis mais vendidas do mundo mas nos últimos meses tem perdido mercado devido à pressão das sanções dos EUA e a limitação do acesso a serviços da Google. Em Portugal passou a ter presença direta em 2019.
A Reuters tinha avançado que a venda iria permitir à Huawei um encaixe de 100 mil milhões de iuanes, qualquer coisa como 12,7 mil milhões de euros. A compra será feita por um consórcio do qual faz parte um dos principais distribuidores desta linha de dispositivos móveis do grupo chinês, a Digital China, e à Shenzhen Zhixin New Information Technology Co, uma empresa de tecnologia que pertence ao governo da cidade de Shenzhen, no sul do país, onde a Huawei tem sede.
A transação visa a venda da marca, toda a área de investigação, desenvolvimento e gestão da cadeia logística. Os 7.000 funcionários da unidade deverão manter-se na empresa e o objetivo será dispersar o capital da empresa num prazo de três anos, pelo menos pelo que avançava a Reuters, citando fontes próximas ao processo.
A Huawei tem garantido que vai manter a sua marca de telemóveis principal, com o mesmo nome do grupo. Ainda na semana passada a marca lançou em Portugal o novo Mate 40 Pro, o seu topo de gama que tem sido elogiado pela qualidade do hardware, acompanhado com vários acessórios. A empresa está também a trazer para a Europa o seu ecossistema de equipamentos inteligentes, desenvolvidos por parceiros.
A aposta da Huawei em marca própria é recente, depois de ter começado nesta indústria a desenvolver equipamentos OEM, para outras marcas. Criada em 1987 por Ren Zhengfei, com um financiamento de 3.500 dólares num modelo de startup, a Huawei cresceu de forma exponencial e tornou-se rapidamente uma gigante que abrange as áreas de infraestrutura de telecomunicações, soluções empresariais e dispositivos móveis, com grande peso dos smartphones.
A ambição era também grande, e em 2018 a empresa afirmava a sua intenção de chegar a número 1 do mercado de smartphones no mundo, o que já alcançou mas de forma breve, até porque nunca conseguiu entrar no mercado dos Estados Unidos que sempre colocaram barreiras aos seus equipamentos, apesar de terem acolhido a tecnologia de telecomunicações. Mas é precisamente no desenvolvimento das infraestruturas de redes, e no 5G, que a administração Trump tem centrado o seu ataque à Huawei, bloqueando o uso da tecnologia no mercado norte americano e pressionando os parceiros em todo o mundo para fazerem o mesmo, incluindo Portugal nessa rota.
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