A Inteligência Artificial, e em especial a IA generativa, já tinha sido o tema mais "quente" de 2023, tornando-se em simultâneo um companheiro de trabalho e uma ameaça ao emprego, e em 2024 continuou a acelerar, dominando a atenção das empresas tecnológicas e estendendo efeitos - positivos e negativos - um pouco por toda a economia e sociedade, tornando-se verdadeiramente incontornável. Também foi assim nas notícias de tecnologia, e em mais de 4.800 artigos que publicámos no SAPO TEK a Inteligência Artificial foi um dos temas chave.
Dos LLMs às soluções empresariais, passando pelos computadores e telemóveis, este foi um ano de "tudo com a IA e a IA com tudo", dominando investimentos, consumo de capacidade computacional e energia, assim como tempo de todos os que procuram usar a tecnologia para melhorar a produtividade pessoal e das empresas, aumentar a competitividade e manter-se na "crista da onda" da inovação. Muitas vezes em desrespeito face a outras áreas que merecem também atenção, e investimento.
Nesta revista do ano de 2024 preparada pela equipa do SAPO TEK, a IA tem naturalmente um grande espaço de destaque, mas não deixamos de olhar para todos os temas que marcaram a atualidade e definiram tendências, algumas das quais se estendem por 2025. São as notícias, entrevistas, reportagens e análises que dominaram a nossa atenção em 2024 e que são aqui escalpelizadas pela equipa, da regulação na Europa à entrada de um novo operador de comunicações que afinal não está a fazer mexer o mercado, passando pelos grandes negócios nas tecnologias e a valorização astronómica da NVIDIA.
Mas há também novos "ventos" que vêm dos Estados Unidos com a reeleição de Donald Trump e a subida ao "poder" de Elon Musk na administração dos EUA, a subida da Bitcoin e os efeitos negativos dos ciberataques na economia e até na capacidade de influenciar a democracia, com a manipulação de eleições. O espaço cada vez mais perto, robots mais inteligentes e uma tendência para a recuperação de um design e estilo "retro", também nas consolas, fazem parte dos tópicos que abordámos nesta revista do ano e que convidamos a conhecer neste artigo.
Em 2025 o SAPO TEK assinala 25 anos de vida, com muitas histórias para contar, e esperamos continuar a contar com a sua companhia nesta paixão diária de acompanhar a atualidade e as tendências da tecnologia.
Boa leitura!
A aceleração da Inteligência Artificial e a "agentificação" da tecnologia
Ninguém se arrisca a prever qual o impacto da Inteligência Artificial, e da IA generativa, nos próximos anos, e o ritmo de evolução de novas funcionalidades, assim como o crescimento das capacidades dos grandes modelos de linguagem (LLM - Large Language Models) é exponencial e difícil de acompanhar. Depois do lançamento do ChatGPT em novembro de 2022 a corrida para a apresentação de novos LLM acelerou, assim como a evolução em termos de capacidade (tokens) e de novas funcionalidades, e o poder de raciocinar e resolver problemas complexos. Fala-se de uma "superinteligência" e Sam Altman deixa mesmo essa visão do futuro num post publicado hoje no seu blog, onde antecipa os progressos num "futuro glorioso" que pode acelerar a descoberta científica e
Os primeiros grandes modelos de IA generativa multimodais (com a possibilidade de interpretarem texto, áudio, imagens e vídeo), começaram a aparecer ainda no final de 2023, ao mesmo tempo que se adicionava capacidade de desempenho com mais tokens e parâmetros. O Gemini da Google foi apresentado em dezembro de 2023 e não parou de evoluir, contando já com a versão 2.0 "vitaminada", com melhor desempenho e menor latência, enquanto o GPT da OpenAI segue para versão o3 e o modelo Sora para criação de vídeo ficou disponível para os utilizadores premium.
Veja exemplos de imagens criadas com o Sora
Este foi também um ano de "arrumar a casa" e disponibilizar diferentes níveis de acesso e desempenho dos modelos de IA, com utilizadores "pagantes" a garantirem acesso a mais funcionalidades e versões com melhor desempenho, capacidade de memorizar interações e usar uma "cadeia de pensamento" para resolver problemas mais complexos. Aparentemente ainda não está a gerar a rentabilidade desejada, pelo menos na OpenAI, mas o caminho passará certamente por ai.
A tendência para desenvolver modelos mais pequenos, os SLM - Small Language Models, que são mais direcionados a algumas áreas específicas, e para a "agentificação" da tecnologia, com a criação de agentes que têm tarefas definidas e podem realizá-las de forma autónoma, fazem parte também dos desenvolvimentos de 2024 que vão continuar a crescer em 2025, uma área onde a Microsoft está a apostar dentro do Copilot.
Os investimentos que estão por trás dos desenvolvimentos nos grandes modelos são enormes, e estão a concentrar grande parte do financiamento das Big Tech, e também dos fundos para as startups. O mesmo se passa nas empresas, onde o foco dos orçamentos de TI passa muitas vezes pela Inteligência Artificial, com a IDC a indicar que o uso da inteligência artificial generativa pelas empresas cresceu para 75% em 2024.
Na Europa a estratégia é para tentar garantir um espaço no desenvolvimento da inovação dentro da União Europeia e foram recentemente anunciados "fábricas" de inteligência artificial em 7 localizações para duplicar a capacidade de computação. Em Portugal foi anunciado também o investimento num LLM português, o AMÁLIA, que no primeiro trimestre de 2025 já deverá estar em testes beta e que pretende salvaguardar a identidade cultural, histórica e a soberania nacional de Portugal. A ideia é que sejam aproveitados investimentos anteriores, como os que foram feitos em supercomputação e no Arquivo.pt, e nos dois consórcios portugueses de IA apoiados pelo PRR que estão agora a assinalar dois anos.
Mas nem tudo é positivo e multiplicam-se os alertas para o consumo de energia que a capacidade de computação dos modelos que está a pôr em causa metas de sustentabilidade e a obrigar ao investimento em novos datacenters com forte oposição dos ambientalistas. A confiança, ou a falta dela, na segurança e privacidade, o medo do desenvolvimento de uma Inteligência Artificial sem controle, ou com considerações éticas desajustadas, e de perda de empregos prevalecem também na opinião dos utilizadores, apesar da constatação das vantagens. Para já não é um entrave ao desenvolvimento da tecnologia, nem à progressão das empresas, mas o AI Act europeu que já entrou em vigor, pode ainda vir a desempenhar um papel na regulação, com mais efeitos do que os de compromissos assumidos pelas grandes tecnológicas para uma IA segura.
Computadores e smartphones são mais inteligentes e equipados com chips de IA
Uma das tendências nos computadores e smartphones em 2024 foi a introdução de novos chips que incluem um NPU, ou seja, um processador neural. Estes permitem que os equipamentos processem inteligência artificial localmente, sem a necessidade de ligação à cloud. Nos computadores portáteis, as máquinas suportadas por Copilot até tiveram direito à criação de um novo botão dedicado, o primeiro desde a introdução da tecla Windows.
O uso de IA nos computadores tem muito potencial, sobretudo na ajuda dos utilizadores a mexer nas definições do Windows 11 através de prompts simples. E ao longo do ano foram sendo lançados diversos modelos, de diferentes fabricantes onde a IA deu uma ajuda no gaming, mas também na produtividade.
A verdadeira revolução da IA nos portáteis começou em maio, quando a Microsoft revelou a integração dos novos processadores Snapdragon X Elite da Qualcomm, baseados em arquitetura ARM, para criar uma nova categoria de PC, o Copilot+. Uma das funcionalidades mais polémicas, que tem vindo a ser adiada sucessivamente, é o Recall, a capacidade de a IA gravar automaticamente num histórico tudo o que faz no PC.
Veja na galeria alguns modelos de portáteis com IA:
As principais marcas entraram no barco, com a Acer a lançar os novos modelos empresariais; A Asus a refrescar algumas das suas linhas com IA, incluindo a Zenbook e a de gaming Zephyrus; Também a Microsoft lançou os seus primeiros Surface baseados em Copilot+; A HP e a Lenovo foram algumas outras “early adopters” do Copilot+.
Nos smartphones a bitola foi semelhante. Neste caso a IA pretende oferecer tarefas bem mais práticas, tais como apagar elementos nas fotografias, otimizar a energia para poupar bateria e outros recursos de produtividade, como traduções em tempo real, transcrição e resumo de páginas web ou apoio à escrita de textos. Uma lista ainda "limitada" mas que vai continuar a evoluir e a chegar a mais línguas.
A Samsung e a Google têm sido das fabricantes mais ativas na adoção de funções de IA nos seus equipamentos, e também com a adaptação das ferramentas ao português de Portugal, em que a Samsung investiu com uma equipa dedicada ao Galaxy AI a comunicar na língua europeia. Os Samsung Galaxy S24 e os dobráveis Galaxy Z Fold e Z Flip, assim como os Google Pixel 9 estão na linha da frente numa corrida onde todas as marcas querem ganhar.
O iPhone 16, ou melhor, o iOS 18, prometia a introdução do Apple Intelligence, mas infelizmente a Europa ficou de fora, para já, devido às questões legislativas. O sistema operativo promete uma Siri mais proactiva e outras funcionalidades de IA, que do outro lado da barricada, ou melhor dizendo, o Android, já oferecem.
Veja na galeria alguns smartphones otimizados com IA:
A Oppo não quer ficar atrás, sobretudo os modelos Reno12 e o recente Find X8 Pro. Seguiram-se a Asus com o ROG Phone 9 e o Redmagic 10 Pro a elevar a IA ao domínio do gaming portátil. A introdução no mercado dos novos processadores da Qualcomm, o Snapdragon 8 Elite e o MediaTek Dimensity 9400 ajudaram as fabricantes a vitaminar os seus novos equipamentos com IA.
De um modo geral, a inteligência nos smartphones passa também pela atualização dos seus assistentes. O Google Assistent foi trocado pelo Gemini e o Siri também vai ganhou “superpoderes” de IA. Os sistemas operativos dos smartphones prometem ser cada vez mais inteligentes, com a IA integrada.
Robots humanoides saltam da ficção científica para a realidade
Os robots humanoides estão a transformar o futuro em várias indústrias, destacando-se pela flexibilidade e eficiência. Projetados para se assemelharem a humanos, são equipados com câmaras, sensores e inteligência artificial, permitindo-lhes imitar movimentos, expressões e interações humanas. Alguns modelos avançados adaptam-se em tempo real ao ambiente e até simulam emoções.
A evolução do sector é impulsionada por grandes investimentos e projetos inovadores como Tesla Optimus e GR00T da Nvidia. Esta última prepara o lançamento do Jetson Thor, um computador compacto para robots humanoides. Avaliado em 1,8 mil milhões de dólares em 2023, o mercado poderá atingir 13 mil milhões até 2028.
Neste vídeo, o Optimus "sai para passear"
Já aplicados no mundo real, os humanoides têm impacto em áreas como a da hospitalidade, como o Kime, que serve snacks em Espanha, e na educação, onde robots como NAO e Pepper ensinam programação. No sector da saúde, monitorizam pacientes, enquanto na indústria e logística otimizam armazéns e fábricas.
Há outros exemplos notáveis incluem o robot elétrico Tiangong, o CUE da Toyota, que bateu recordes de lançamentos no basquetebol, o Digit ou o Atlas, ou mesmo modelos como os da linha de montagem da BMW.
Espreite na galeria alguns dos robots humanoides que “andam” por aí
Embora os desafios incluam custos elevados e aceitação social, é um facto que os robots humanoides já não são ficção científica, mas sim uma realidade que molda indústrias e redefine o papel da tecnologia na sociedade.
Missões, descobertas e planos espaciais que marcaram 2024
Entre os vários “episódios” que marcaram o ano espacial há um bastante “peculiar” que obrigou os astronautas Darry Wilmore e Sunita Williams a ficarem na Estação Espacial Internacional oito meses, em vez dos 10 dias inicialmente planeados.
Lançada a 5 de junho, a Starliner atracou no dia seguinte no módulo Harmony da ISS. Aquela que seria a missão de estreia da Starliner com pessoas a bordo deveria ter regressado pouco mais de uma semana depois, mas os problemas com os propulsores de controlo de reação da nave espacial e a descoberta de pequenas fugas de hélio levaram a NASA a impedir a viagem de volta nas condições planeadas inicialmente.
A cápsula da Boeing foi acompanhada, mas voltou sozinha, em setembro. Entretanto a missão da SpaceX que vai trazer astronautas presos no Espaço já chegou à ISS. Já Darry Wilmore e Sunita Williams só regerssam efetivamente em fevereiro deste ano.
E por falar em Estação Espacial Internacional, o seu fim está cada vez mais próximo, mas vai continuar a ser importante manter os humanos em órbita baixa, de modo a garantir avanços científicos e tecnológicos fundamentais, tanto para explorar o espaço profundo como para beneficiar a vida na Terra.
É por isso que os planos da NASA para manter humanos no espaço após a reforma desta morada espacial já apontam diretamente para Marte. Mas antes há o regresso à Lua, com o conjunto de missões Artemis, que atrasaram ligeiramente. É por isso que a o estratégia da NASA para ir do satélite natural ao planeta vermelho foi atualizada e tem novidades.
No campo das descobertas, houve muitas ajudas de protagonistas como o James Webb, o velhinho Hubble ou o Very Large Telescope, entre outros equipamentos, como a indicação de que os anéis de Saturno podem ser mais antigos do que se pensava, a existência de Monstros Vermelhos que obriga a repensar a formação das galáxias após Big Bang e o registo da primeira imagem de grande plano de uma estrela fora da Via Láctea. Destaque igualmente para as conquistas conseguidas com “mão” de investigadores portugueses como uma espécie de “fotografia congelada” do nascimento do Sistema solar, ou a descoberta de um planeta na órbita da estrela individual mais perto do Sol.
Também ficámos a saber que há uma linha que separa a SpaceX de ambições maiores, neste caso é uma estrada no Texas, isto quando a empresa de Elon Musk para o Espaço já consegue agarrar o foguetão mais poderoso de sempre até à data com “pauzinhos”.
Em mais um teste à nave Starship, o objetivo da SpaceX era recuperar o foguetão Super Heavy através de uma torre de lançamento com braços. A operação representou um marco na engenharia espacial, além de ter resultado em imagens impressionantes.
Veja o vídeo do momento da recuperação
Por cá, Ricardo Conde, presidente da Agência Espacial Portuguesa, em entrevista ao SAPO TEK fez o balanço do alcançado por Portugal, destacando a duplicação do número de empresas ligadas ao Espaço nos últimos cinco anos, assim como a atração de talento e investimento internacional e falou da ambição do país para “voos maiores”. Isto depois da ilha de Santa Maria ter sido a proposta escolhida para o local de aterragem do primeiro voo do Space Rider, o novo veículo orbital reutilizável da ESA.
Dos quatro cantos do Universo, com o planeta Terra incluído, houve - como sempre - imagens deslumbrantes que pode recordar na galeria que deixamos abaixo.
É o chamado terminar em beleza.
Entrada da DIGI no mercado português e a promessa de "revolução" que ainda não se concretizou
Com o leilão do 5G e a atribuição de frequências a seis empresas ficou aberta a porta à entrada de novos operadores no mercado português de telecomunicações, 30 anos depois do lançamento da ZON, atualmente NOS. Da Dense Air nada se sabe mas a DIGI (que na altura do leilão se designava Dixarobil) lançou os serviços a 4 de novembro concretizando as promessas de preço baixo e sem fidelização. Pelo meio também tomou conta da Nowo, que esteve quase dois anos em processo de negociação para ser comprada pela Vodafone Portugal, uma operação chumbada pela Autoridade da Concorrência.
Não faltaram alertas de que a entrada de um novo operador colocava em causa a sustentabilidade do sector, e a capacidade de investimento das empresas, avisos que também vieram de fora, num âmbito mais geral, com o relatório Draghi, que apontava para a necessidade de reduzir o número de empresas. Em Portugal, com a entrada da DIGI, a MEO, NOS e Vodafone optaram por não mudar estratégias de preços e de fidelização, avançando com as suas marcas low cost a concorrer diretamente com a empresa de origem romena, com preços mais baixos e oferta da TV. Uma escolha que a presidente da Anacom comparou com a jogada de xadrez em que se ataca com o peão e se protege a rainha.
O certo é que logo no início de janeiro as marcas low cost Amigo, Uzo e Woo voltaram a subir os preços, que tinham baixado em novembro. São mais baratas do que as marcas principais mas mais caras do que a DIGI, o que parece indicar que a ameaça da concorrência afinal é menor do que se antecipava.
Do Spectrum à espera da Switch 2: O gaming em 2024
Depois de um excelente 2023 em termos de jogos de sucesso, o início do ano foi negro para a indústria. A vaga de despedimentos das grandes empresas começou logo em janeiro pela Microsoft que dispensou 1.900 funcionários da Xbox. E seguiram-se mais 650 depois do verão, depois do encerramento de estúdios. A crise afetou a Sony que dispensou 900 trabalhadores, a Riot Games 350 funcionários e a Electronic Arts também 650 pessoas. Estes foram alguns dos maiores exemplos dos despedimentos do sector.
Apesar do manto negro, o ano que terminou também foi bastante profícuo no que diz respeito a novos lançamentos de videojogos e no Steam, os lançamentos de PC bateram recordes. O melhor jogo do ano foi entregue a Astro Bot, pelo menos segundo o júri do The Game Awards, uma espécie de Óscares dos videojogos, mas nos prémios britânicos BAFTA, foi Baldur’s Gate III o grande vencedor, embora tenha sido lançado no ano anterior.
Veja imagens do Astro Bot:
Quem está de parabéns é a PlayStation, que em dezembro comemorou 30 anos do lançamento da primeira consola da Sony no Japão. Já Call of Duty: Black Ops 6 voltou a bater recordes, provando que mesmo estando disponível “gratuitamente” no Game Pass continua a ser uma máquina de faturação.
Se muitos jogadores estão com olhos postos nas novidades, também há muitos fãs de gaming que mantêm o gosto pelo passado. O retro provou estar mais na moda do que nunca com o lançamento do The Spectrum, uma réplica perfeita do Sinclair 48K, que o SAPO TEK teve oportunidade de testar. Trata-se de um misto entre o saudosismo dos mais velhos e a descoberta dos mais jovens de uma geração de jogos muito importante da indústria.
Veja imagens do The Spectrum:
Outras consolas retro foram também apresentadas, tais como a Atari Gamestation Portable, que traz as experiências clássicas da Atari para um formato portátil atual. O Anbernic RG34XX recupera o Game Boy Advance original, num formato com ecrã maior e a possibilidade de emular os jogos da clássica da Nintendo. O Game Boy original também foi reavivado por Palmer Luckey, o criador original do headset Oculus Rift e agora aposta na indústria de drones de guerra, fundou a ModRetro Chromatic para criar réplicas da consola icónica da Nintendo.
Os olhos já estão colocados no futuro e espera-se que a Nintendo revele em março a sua próxima consola. Não se confirma o nome de Switch 2, mas será retrocompatível com os jogos da consola anterior. Há patentes sobre um sistema de upscaling de imagem com machine learning e a sua motherboard já circula pelo Reddit.
Estratégias para proteger jovens da exposição precoce à tecnologia
O uso de telemóveis, apps e redes sociais por crianças e jovens está no centro de debates globais sobre tecnologia e saúde mental. Países como Austrália, Espanha e Portugal têm adotado medidas para limitar a exposição precoce à tecnologia.
Na Austrália, a proibição do uso de redes sociais por menores de 16 anos gerou controvérsias, mas reflete uma abordagem rigorosa para proteger os jovens. Espanha, por sua vez, planeia regulamentações amplas, incluindo a recomendação de zero exposição para menores de três anos e restrição ao uso de smartphones com internet até os 16 anos.
Em Portugal, estão em avaliação medidas como a proibição de telemóveis nos 1.º e 2.º ciclos, com possíveis ampliações baseadas em evidências científicas. Um estudo do Observatório da Saúde Psicológica e do Bem-Estar destaca que mais de metade dos estudantes portugueses passam ao menos quatro horas diárias em frente a ecrãs, com impactos na saúde física e mental, como aumento de ansiedade e distúrbios do sono.
Por todo o lado, a discussão foca-se na necessidade de equilíbrio: proteger os jovens dos riscos sem os privar da aprendizagem necessária para o futuro digital. Entre as medidas “na mesa” há rótulos em dispositivos, incentivo a métodos de ensino analógicos e campanhas para sensibilizar famílias. O debate avança rumo a um consenso internacional sobre o uso responsável da tecnologia.
O cibercrime e os esquemas fraudulentos alimentados por IA
Em dezembro, os Estados Unidos admitiram que diferentes agências da secretaria do Tesouro tinham sido vítimas de um ciberataque por hackers chineses. Foram roubados documentos não classificados ligados às sanções económicas. Mas este foi um dos últimos exemplos de como os ataques continuaram em crescimento durante 2024.
Em ano de eleições, a Meta reportou uma falha de segurança que afetou cerca de 29 milhões de contas a nível mundial, das quais três milhões pertenciam a utilizadores da União Europeia. Como consequência, Bruxelas multou a dona do Facebook em 251 milhões de euros por um incumprimento na proteção de dados pessoais. O TikTok também está em investigação por indícios de interferência externa nas eleições presidenciais da Roménia. A rede social já se pronunciou, afirmando que protege a integridade das eleições em mais de 150 países.
Ainda no que diz respeito a eleições, neste caso as presidenciais dos Estados Unidos, segundo dados da Cloudflare não foram observadas disrupções às campanhas ou os websites dos governos locais com origem em ciberataques. Ainda assim houve 6 mil milhões de tentativas de ataque por DDoS.
Uma das notícias mais bizarras, mas ao mesmo tempo chocantes do ano diz respeito à explosão de pagers e walkie-talkies do Hezbollah, provocando 12 mortes, incluindo duas crianças e cerca de 2.800 feridos. Este foi considerado um ataque de Israel altamente sofisticado e coordenado contra as forças terroristas libanesas. A explicação de como os equipamentos foram manipulados e ativados para explodirem chegou mais tarde.
Em Portugal, o ataque mais notório foi aos serviços de autenticação, incluindo a plataforma Chave Móvel Digital, websites da AMA e ePortugal que estiveram em baixo, vítimas de ramsomware. Foi necessário quase uma semana para recuperar e a urgência de fazer um ajuste direto para garantir a integridade da plataforma.
No mais recente relatório, Bruxelas diz que 41,1% dos incidentes de cibersegurança foram causados por ataques de DDoS. Em Portugal, o Governo aprovou dois diplomas na área da cibersegurança, incluindo a transposição da diretiva NIS2, assim como a criação de um novo regime jurídico de cibersegurança no país.
Os motores de busca tiveram um aumento de ataques, servindo muitas vezes como porta de entrada nos serviços baseados em cloud. Mas a inteligência artificial tem ajudado os hackers a explorar vulnerabilidades, além das novas técnicas de engenharia social. Estas, juntamente com as ferramentas de ransomware as a service, vão ser uma tendência em crescimento em 2025, que segundo a Check Point haverá ataques cada vez mais sofisticados.
As burlas e os esquemas nos ataques às pessoas continuaram a fazer manchete em 2024. Segundo dados da PSP, os esquemas “Olá pai, Olá Mãe", Pagamentos por MB Way e Falso CEO foram as principais incidências em Portugal.
Veja na galeria exemplos das burlas no WhatsApp:
As burlas estenderam-se a donos de animais de estimação perdidos e chamadas a dizer que ganhou valores em criptomoedas. Por cá, a utilização de inteligência artificial nas fraudes já se faz sentir, fazendo-se passar pela Polícia Judiciária. A PJ alerta mesmo para o uso de tecnologias de deepfake e programas de IA capazes de manipular voz e imagem que estão a ser utilizadas nas burlas no WhatsApp e CEO Fraud.
Bitcoin ultrapassou a barreira dos 100 mil dólares
Depois de anos de altos e baixos, 2024 foi uma espécie de ano de consagração para o Bitcoin, enquanto símbolo mais forte de uma nova economia assente em ativos digitais, que começa finalmente a descolar.
A mais popular das moedas digitais chegou a valer mais de 100 mil dólares no início de dezembro à boleia da reeleição de Donald Trump para a Casa Branca, que promete fazer dos Estados Unidos a “maior capital cripto do planeta e superpotência bitcoin no mundo”. Uma promessa que o sector apreciou e que rendeu muitos fundos à campanha republicana.
A expectativa de uma regulação menos apertada nesta área tem animado o mercado e faz antever um 2025 ainda mais quente, não só para a Bitcoin, mas para toda uma economia de ativos digitais que no ano passado também passaram a poder integrar fundos negociados em bolsa (ETFs). Esse foi outro marco para aproximar novos investidores de uma criptoeconomia que em 2025 há-de continuar a animar a atualidade.
À espera de Trump e de novos ventos
A mesma expectativa de mudanças no rumo da regulação americana com a chegada de Trump à Casa Branca está a agitar outras águas. As grandes tecnológicas depositam aí alguma confiança em menos escrutínio nos próximos anos.
O TikTok redobrou as esperanças de poder mudar a lei, que em 2024 determinou que a empresa teria de desligar os serviços no país até 19 de janeiro de 2025, se não mudasse de dono. Não mudou, mas Trump quer reavaliar a medida.
Será que a nova administração também vai influenciar o desfecho de um dos processos legais mais complexos que a Google já enfrentou na sua história? Em 2025 veremos, mas a companhia já não se livra de entrar no novo ano classificada pelo tribunal como um monopólio, que nos próximos meses conhece os remédios para corrigir a posição. Será mesmo preciso separar o Chrome do resto do negócio, ou vender o Android?
A impressionante caminhada da Nvidia & companhia das Big Tech
Para as empresas que investiram cedo em inteligência artificial e conseguiram criar com isso uma vantagem que a concorrência vai demorar tempo a replicar, 2024 foi um ano extraordinário. O valor das ações em bolsa de empresas como a Nvidia, a Microsoft (parceira por excelência da OpenAI), ou da Alphabet (dona da Google) não deixam dúvidas em relação a isto, mas a grande vencedora neste “campeonato” é mesmo a Nvidia.
A fabricante de chips e soluções de processamento para tarefas de IA fechou os primeiros três meses do ano com os lucros a crescerem mais de 600%, já a valer mais do que a dona da Google, e a meio do ano acabou mesmo por avançar com uma operação de stock split. A operação de desmultiplicação do valor das ações, que entre janeiro e julho já tinham valorizado quase 150%, serviu para lhes devolver um valor unitário acessível à negociação, já que por essa altura cada ação da Nvidia custava mais de 1200 dólares. Um ano antes valia menos de 400.
O hype à volta da empresa arrefeceu entretanto mas a tecnológica continua a segurar o lugar que a faz escalar de valor nos últimos dois anos e o mesmo se pode dizer da Microsoft, que já começou 2024 a recolher benefícios da parceria com a OpenAI e reforçou-os ainda mais ao longo do ano. A barreira dos 3 mil milhões foi alcançada logo em janeiro. A Nvidia fechou o ano a valer mais que a empresa liderada por Satya Nadella. À frente só tem a Apple, que chegou a ultrapassar, mas que voltou ao trono da mais valiosa antes do ano encerrar, aproximando-se até mais do que nunca de uma valorização de 4 mil milhões de dólares
Grandes negócios voltaram a animar mercado em 2024
Depois de anos menos animados a este nível, as fusões e aquisições voltaram a fazer mexer o mundo das telecomunicações e o sector tecnológico em 2024, com a Europa em grande destaque.
Só entre janeiro e junho, o volume de transações aplicado a operações de fusão ou aquisição na Europa foi o que mais cresceu em todo o globo. Atingiu os 255 mil milhões de dólares, mais 23% do que no mesmo período do ano passado, o que em termos absolutos representa mais 48 mil milhões de dólares em transações.
A compra da Vodafone Itália pela Swisscom, por 8,7 mil milhões de dólares, e a aquisição da Vodafone em Espanha pelo fundo de investimento britânico Zegona, por 5,3 mil milhões de dólares, foram duas das operações em grande destaque no período. Já no final do ano, a Vodafone viu aprovado outro grande negócio para a reestruturação do grupo, a fusão com a Three no Reino Unido, da qual nasce um operador com 27 milhões de clientes.
Na tecnologia, a Cisco comprou a Splunk por 28 mil milhões de dólares, a HPE comprou a Juniper Networks por 14 mil milhões de dólares e a Xerox comprou a Lexmark por 1,5 mil milhões, para citar apenas algumas das operações com mais de seis zeros que animaram 2024.
"Fuga de Talento": De malas feitas para emigrar
Por cá, o tema do emprego também esteve em destaque ao longo do ano. Falou-se mais do que nunca no talento que sai do país à procura de melhores condições financeiras, mas também à procura de oportunidades profissionais mais aliciantes em termos de desenvolvimento de carreira.
Isto verifica-se em várias áreas, mas uma das que tem mais peso é a da tecnologia, um sector onde o emprego continuou a crescer em 2024 mas mais devagar do que em anos anteriores.
Os números das principais universidades do país confirmam a tendência para sair de Portugal, em muitos casos para não voltar. Na ciência, as saídas são menos massivas mas também têm peso. Quem fica a trabalhar em Portugal sabe que ganhará menos se o empregador estiver em Portugal e se for mulher
O Reino Unido tem perdido menos interesse mas as saídas de talento português estão a dirigir-se cada vez mais para países e regiões dentro do espaço de livre circulação da Europa, com destaque para a Escandinávia e o Benelux. O Atlas da Emigração do ano passado revelou um aumento de 36,1% nas entradas na Noruega, 34,1% na Suécia, 33,1% nos Países Baixos e 29,6% na Suíça.
Alguns destes países juntam aos bons salários que têm para oferecer a quem vem de fora, políticas fiscais mais competitivas e medidas para atrair talento em áreas chave. Mesmo sem esse incentivo as diferenças no salário líquido de duas pessoas que ganhem o mesmo nos dois países são grandes, como mostra um exercício recente da associação Business Roundtable, através da iniciativa Comparar para Crescer.
O Governo tem prometido novas iniciativas que ajudem a fixar jovens em Portugal, mantendo o talento que é gerado localmente a contribuir para a economia e essa pode ser uma boa medida para 2025.
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